O pianista Jason Moran é, definitivamente, um músico que iniciou sua carreira já como um ícone da sua geração sem precisar passar por uma extensa transição de músico revelação à músico expoente, ou seja, ele já nasceu estrela entre as estrelas. Isso porque, além dele estar sempre entre os primeiros nos tops das revistas Downbeat e JazzTimes, seus discos, tanto em piano solo quanto em trio, são considerados a prata de todo esse sumo de grandes pianistas que o jazz contemporâneo -- mais propriamente o jazz da última década -- tem revelado. Não à toa, Moran foi, desde sempre, um sideman requisitadíssimo pelos mais requintados músicos veteranos, dentre eles o pianista Andrew Hill (antes de falecer), o contrabaixista Dave Holland e o saxtenorista Charles Lloyd. Mas para essa veneração tem-se uma explicação irrefutável: por causa do seu estilo pós-modernista, impressionista e incomporável -- estilo esse que foi construído em torno das influênicias de pianistas exóticos do bebop, post-bop e free jazz tais como Thelonious Monk, Jaki Byard, Andrew Hill e Muhal Richard Abrams, respectivamente --, Moran é considerado pelos críticos como um dos últimos grandes inovadores para o piano e para o jazz contemporâneo, ao lado de gigantes como os pianistas Matthew Shipp e Vijay Iyer -- e a comparação entre esses três jovens-mestres não é gratuita, haja vista eles saíram juntos na capa da revista Downbeat em Julho de 2008.
Após um hiato de quatro anos sem gravar, desde o álbum Modernistic (2006), Moran acabou de lançar o álbum 'TEN', uma homenagem aos dez anos de atuação junto ao seu aclamado piano-trio, banda que ele nomeou de Bandwagon. Esse novo album, considerado um dos dez melhores de 2010 pela NPR e a maioria dos grandes holofotes especializados, antecedeu à premiação e foi gravado em homenagem aos 10 anos de carreira da sua banda Bandwagon, o seu piano-trio fixo formado com ele ao piano, com Tarus Mateen no contrabaixo e Nasheet Waits na bateria. Com um repertório bem diversificado, o álbum reafirma o estilo incomparável de Moran: além das composições dos próprios membros do trio, há temas um tanto díspares entre si: do lendário Thelonious Monk (Crepuscule With Nellie), do legendário maestro Leonard Berstein (Big Stuff) e do compositor vanguardista americano Colon Nancarrow (Study Nº 6), o que contribui para para a abordagem impressionista e caracterizada entre as estéticas do post-bop e o 'modern creative'. Não bastasse toda a bajulação em torno do seu novo projeto -- um reconhecimento justo, lógico --, o pianista também acaba de ser condecorado com uma nomeação para o prêmio McArthur Fellows, de 2010, por sua contribuição para o desenvolvimento do jazz nesses últimos anos. Dada a revalorização que o jazz vem agaranhando na mídia e na sociedade americana após um processo de renascimento que aconteceu lá atrás nos anos 80, a grande instituição conhecida como McArthur Foundation tem, gloriosamente, reconhecido a contribuição dos novos músicos de jazz para a cultura e as artes da américa: antes de Moran, por exemplo, músicos ousados e inovadores como o compositor Anthony Braxton, o multiinstrumentista Ken Vandermark, a violinista Regina Carter e o altoísta Miguel Zenon já haviam sido consagrados com o prêmio -- ele inclue a distinção entre os grandes nomes das artes e ciência, uma bolsa em dinheiro no valor de U$ 500 mil dólares e uma lista de eventos e workshops, tudo isso para incentivar a difusão e a criatividade do premiado. Conhecido por sua sensibilidade em criar sobre elementos do pós-modernismo musical tais como funk, hip hop, pop e rock, Jason Moran, de 35 anos, já se consagra em definitivo entre os ícones do jazz contemporâneo a serem eternizados no futuro. Abaixo deixo a faixa Gangsterism Over 10 Years, uma composição do próprio Moran: ouçam-na! Também deixo um link para o show de Jason Moran no famoso night club de Nova Iorque, o Village Vanguard: o show foi gravado ao vivo e está sendo transmitido de grátis pela NPR (National Public Radio), a rádio pública americana. Ouçam!
Um comentário:
I reviewed Moran's album Ten and it is amazing. I suggest that everyone listen to this album as I also had the chance to interview Jason Moran.
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