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Gênios do jazz na década 2000-2010: O guitarrista Kurt Rosenwinkel e seu post-bop de som reverberante, único!!!



O guitarrista Kurt Rosenwinkel, nascido em 1970, é um dos grandes e mais originais músicos do jazz contemporâneo a emergir em meados da década de 90, no meio da trupe de músicos como Mark Turner, Brian Blade, Brad Mehldau, Jeff Ballard e Joshua Redman. Quem foi no Festival Tudo é Jazz de 2008, em Ouro Preto (MG), pôde conhecê-lo. Inicialmente, ele cogitou por caminhar sobre os trilhos traçados pelos célebres guitarristas Pat Metheny e John Scofield. Mais adiante, Kurt passou a buscar seu próprio estilo de improvisar e sua prórpia sonorização de guitarra, incorporando em seus improvisos doses tênues de distorções, reverb, delay, efeitos de sintetizadores, trêmolos, dentre outros efeitos... -- porém, cada um desses efeitos são aplicados em dosagens suaves e com uma especialidade muito bem elaborada, o que lhe permite ter uma sonoridade pós-moderna de guitarra semi-acústica que é considerada totalmente única e, ao mesmo tempo, antenada com a tradição dos grandes guitarristas do jazz acústico.  Não sendo um músico velocista ou tecnicamente virtuose, Kurt Rosenwinkel pode ser considerado um dos principais jazzistas que ajudaram a definir as roupagens do estilo contemporâneo do "modern post-bop",  construindo uma aclamada reputação não só pelo seu som levemente reverberante e único, mas também por suas composições que trazem um lirismo ímpar.

Em seu site ele explica, de forma abrangente, que seu estilo pessoal -- tanto enquanto guitarrista, como enquant compositor -- está ligado à diversos mestres da história do jazz como os guitarristas Grant Gree e Allan Holdswoth (um expoente do jazz-rock dos anos 70) , o compositor Duke Ellington e os pianistas Elmo Hope e Keith Jarrett:

Basically, I want a cross between Allan Holdsworth and Grant Green, in a sense, but I also want the chordal approach of Keith Jarrett; that pianistic quality of creating harmonic space even as you’re soloing. Of course, Holdsworth does that too with single-note lines, but the integration of chords and melody is something that I really hear in my head now. And Keith is a master of that, as is Bud Powell or Elmo Hope. So you might say that I’m trying to combine aspects of Allan Holdsworth, Grant Green, Keith Jarrett, Bud Powell, and Elmo Hope on the guitar. And I’m making progress little by little in incremental steps. First there’s visualization and then there’s manifestation. And along the way you have to take chances and stay true to your intuition.”


No início da carreira, seu padrinho musical foi ninguém menos que o legendário vibrafonista Gary Button, reitor da Berklee School of Music, onde estudou. Logo após a fase de estudos o jovem guitarrista passa a ser um dos músicos mais requisitados do jazz americano, chegando a tocar tanto com veteranos como o saxofonista Joe Henderson e o baterista Paul Motian, bem  como com a maioria dos novos músicos que viriam ditar a estética do Jazz contemporâneo (Mehldau, Joshua Redman, Mark Turner, Aaaron Goldberg, e muitos outros). Além das muitas colaborações como sideman, Kurt começou sua carreira solo em 1996 através do selo Fresh Sound New Talent com o disco East Coast Love Affair, lançando logo em seguida o álbum Intuit pelo selo Criss Cross, uma das gravadoras que tem sido um dos grandes celeiros de novos músicos para o jazz das últimas décadas. As melodiosas, criativas e bem harmonizadas composições dessa fase inicial lhe valeram um prêmio de compositor na National Endowment for the Arts, a maior financiadora das artes nos EUA. Em 2000, já com sucesso garantido, acontece sua grande contratação pela Verve: é aí que ele lança o maravilhoso álbum The Next Step (Verve Recods 2001), talvez o álbum mais interessante da sua carreira até agora e , talvez, aquele que foi o responsável por mostrar sua originalidade com mais clareza. A partir daí, Kurt Rosenwinkel alçou um vôo que lhe transformou no principal guitarrista do jazz contemporâneo: um músico de sonoridade própria que combina simplicidade melódica com um requinte harmônico fora de série.  Rosenwinkel pode ser considerado, atualmente, o principal e mais influente guitarrista do jazz contemporâneo deste início de século: citando dois exemplos, dá pra sentir vestígios da sua sonoridade em músicos mais jovens como o guitarrista Mike Moreno e o pianista Aaron Parks, duas das principais revelações do jazz nos últimos anos. Além do álbum The Next Step, outros álbuns seus interessantes são Deep Song (verve Records, 2005) e Standard Trio: Reflections (WOMMUSIC, 2009), este último seu primeiro álbum baseado exclusicamente na poética dos tradicionais standards do jazz. Em 2011, Rosenwinkel lançou o álbum Our Secret World  em parceria com a Orquestra de Jazz Matosinhos, de Portugal. Fora do jazz, é preciso lembrar ainda que Rosenwinkel empreendeu uma bem sucedida parceria com o rapper Q-Tip: fica aí uma dica pros jazzófilos interessados em hip hop procurarem! Abaixo, um disco que todos deveriam ter!!!


              Faixa: Zhivago - Album: The Next Step (2001). Músicos: Kurt Rosenwinkel (guitarra, piano), Mark Turner (saxofone tenor), Ben Street (baixo), Jeff Ballard (bateria). 


Um comentário:

Daniel disse...

Não conhecia. Curto muito guitarristas de jazz. Vou procurar pra baixar e ouvir.

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