Olá galera! Sejam bem vindos a mais um episódio do Podcast do Blog Farofa Moderna! Neste programa (lançado originalmente no Portal MTV em 25/03/2010) resolvi "pintar o sete" saindo um pouco fora do âmbito instrumental para abordar alguns grandes nomes da música popular brasileira. Evitei abordar grandes medalhões da MPB como Caetano Veloso, Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil, João Gilberto e etc, pois estes ainda são bem acessíveis na mídia. Mas, sem deixar de citar nomes importantes de ontem e de hoje -- como Elis Regina, Tom Zé e Marisa Monte, por exemplo --, procurei partir de momentos inusitados da história da nossa canção -- como o samba-rock dos anos 60 -- e, depois, abordar cantores originais e um tanto desconhecidos pela galera mais jovem de hoje em dia: como Jackson do Pandeiro, Wilson Simonal e Alceu Valença, por exemplo. E os mais puristas poderão dizer: se o blog é de jazz, música improvisada, música instrumental e tal, por que o Vagner produziu um podcast sobre MPB? Como sabemos que no mundo musical alguns gêneros se conectam, se influênciam ou se justapõe, a resposta é simples: assim como o jazz surgiu inspirado pelas manifestações marginais do afro-americano e sempre existiram aqueles músicos que fazem releituras das canções populares americanas, a música instrumental genuinamente brasileira é eminentemente influenciada pela música popular, ou seja, pelos ritmos impressos nas canções populares e regionais: o samba do sudeste, os ritmos do forró nordestino -- como o coco, o baião, o frevo e etc --, a bossa nova e o samba-rock carioca e etc. Aliás, é lamentável que a maioria dos cantores e as cantoras de hoje em dia não tenham a sensibilidade aguçada para o arranjo instrumental que artistas como Wilson Simonal e Elis Regina tinham.
O que vocês ouvirão neste podcast é um mix da música popular brasileira com artistas de vários cantos do nosso Brasil: no início do programa vocês ouvirão Wilson Simonal e Jorge Ben Jor, dois ícones do sambalanço carioca, levada que também ficou chamada de samba-rock; depois vem o coco nordestino do Jackson do Pandeiro: chamado de "O Rei do Ritmo", Jackson nos mostra, em duas faixas, o ritmo do coco nordestino na faixa "17 na Corrente" e uma espécie de "samba meio nordestino" na faixa "O Desordeiro", faixa essa que foi gravada no disco "A alegria da Casa", disco gravado já quando Jackson morava no Rio de Janeiro.
O que é legal sacar em Wilson Simonal e Jorge Bem Jor são as letras nonsenses, as letras engraçadas, a malandragem dos caras...bem como a instrumentação, a orquestração, as big bands que os caras usavam pra embalar suas canções em levada de samba-rock. Já em Jackson do Pandeiro, é legal observar como que suas letras também eram engraçadas, contando causos e estórias tipicamente brasileiros, assim como também é legal observar como que suas músicas são muito bem ritmadas: não é a toa, aliás, que Jackson é reverenciado como o "Rei do Ritmo".
Depois vocês escutarão dois exemplos da Tropicália, movimento social e musical que eclodiu na década de 70: a faixa "Retrato 3x4" de Alceu Valença e "A Babá" de Tom Zé, são exemplos de músicas contemporâneas da década de 70, com uma roupagem bem abrangente de ritmos brasileiros, mas que já dispensava a influencia eminente da bossa-nova, o que levou a música brasileira pra caminhos nunca dantes explorados. A poesia concreta, a psicodelia oriunda do rock e as sonoridades vanguardistas em misturas com os diversos rítmos do nosso folclore foram as principais influencias dos tropicalistas. E é preciso lembrar: socialmente falando, o tropicalismo foi o principal meio de expressão popular contra a Ditadura Militar.
O quarto bloco eu dedico a três das minhas cantoras favoritas: a lindíssima Elis Regina, considerada por muitos como a maior cantora da MPB de todos os tempos; Marisa Monte, a qual considero como a maior cantora da MPB da atualidade e a baiana Rosa Passos, cantora que não é muito conhecida aqui no Brasil e que mora atualmente nos EUA, mas que já lançou discos preciosos tanto no circuito do jazz nos EUA como também da MPB no Brasil.
O quinto e ultimo bloco dedico à dois cantores paulistanos que são muito importantes dentro da música popular brasileira: o compositor Luiz Tatit e a intérprete Mônica Salmaso. Luiz Tatit, ao lado de Arrigo Barnabé, é o ícone maior de um movimento underground dos anos 80 chamado de Vanguarda Paulistana: era uma música que explorava a "palavra falada" dentro da canção e que também fazia uso de sonoridades vanguardistas, dissonâncias dodecafônicas, métrica poéticas anormais, dentre outras anormalidades musicais. Já a Mônica Salmaso é, assim como Marisa Monte, uma cantora mais nova: grande intérprete dos clássicos, ela imprime uma marca bem particular com uma voz marcante e com uma instrumentação quase sempre acústica; ela preza muito pela música instrumental em suas interpretações, chamando sempre os maiores músicos da Música Instrumental Brasileira pra compor sua banda de apoio.
Por fim, encerro o programa com um pedaço da faixa Stone Flower, um instrumental de Tom Jobim, e também com uma faixa do mineiro Milton Nascimento: Tom Jobim e Milton Nascimento são considerados dois dos maiores inovadores da harmonia da música brasileira e merecem, portanto, eventuais programas à parte pra cada um deles.
Por fim, encerro o programa com um pedaço da faixa Stone Flower, um instrumental de Tom Jobim, e também com uma faixa do mineiro Milton Nascimento: Tom Jobim e Milton Nascimento são considerados dois dos maiores inovadores da harmonia da música brasileira e merecem, portanto, eventuais programas à parte pra cada um deles.
2 comentários:
Foi uma volta aos tempos de criança ouvir muitas canções aqui desse podcast, assim como referências a músicos excepcionais.Jackson do Pandeiro numa de suas canções dizia: "... o diabo quando não vem manda o secretário/eu não vou nessa canoa que eu não sou otário...."
País Tropical um grande sucesso, hoje antológica, a inesquecível Elis Regina e a "novata" e super afinada Marisa Monte.Tom Jobim e Milton dois gigantes de nossa música.
Isso é um post scriptum. Mônica Salmaso extraiu de minha lembrança musical Marlui Miranda.
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