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Mc Guru e DJ Premier do Gang Starr: precursores do jazz-rap
Sobre a fusão entre jazz e rap (uma das expressões da cultura hip hop) eu falei recentemente num post sobre Branford Marsalis e seu grupo Buckshot LeFonque (clique na Tag "Branford Marsalis no final do post para acessar o conteúdo). Neste podcast (apresentado no Portal MTV em meados de 2009), além do Buckshot LeFonque, eu englobo outros grupos do final dos anos 80 e início dos anos 90 que trabalharam com esta fusão. Assim como o jazz e várias outras culturas, a cultura hip hop surgiu marginalizada. O rap mesmo surgiu em meados dos anos 70 com a explosão populacional nos subúrbios de Nova Iorque, para onde os negros do sul dos EUA, os afro-latinos e caribenhos migraram e imigraram -- sendo os jamaicanos os principais influenciadores. No bairro do Bronx, NY, se formaram as primeiras gangues de ruas (street gangs), grupos que dominavam as ruas e brigavam entre si para dominar territórios. E foi nesse ambiente de crime, drogas, de população negra oprimida pelo desemprego que nasceu a cultura hip hop: muitos dos jovens moradores dos bairros do subúrbio passaram a se expressar contra o sistema pixando nos muros (surgindo daí o grafitti) e, como lazer, fechavam as ruas ou usavam seus apartamentos ou prédios abandonados para curtirem funk, música jamaicana e música latina: daí surgiram DJ's ( disc jokey) que eram os caras responsáveis por trocar os discos enquanto a galera dançavam. Mas logo surgiram as idéias do scratch, remixes e também os MC's que agitavam a festa com rimas e danças de break.
Gil-Scott Heron's debut, 1970
Apesar do rap ter-se formado um estilo independente, através do protesto e da poesia marginal afro-americana embalada por recursos tecnológicos como os toca-discos em ritmo de funk, ele nunca esteve totalmente distante do jazz propriamente dito -- aliás, pode-se dizer que, ao menos no início, o jazz foi até um dos elementos primordiais desta expressão. Inclusive, no início da década de 70, um dos primeiros e principais artistas que ficaria conhecido como precursor do rap também era um grande músico de jazz: trata-se de Gil-Scott Heron, um fanático por James Brown. Inicialmente pianista, Gil-Scott Heron foi um dos moradores do Bronx, o berço da cultura hip hop, e um grande entusiasta do spoken word (palavra falada), técnica que ele mesmo transverteu para o rhythm'n'poetry (rap), um estilo mais contemporâneo e urbano: através da poesia de protesto (cantada ou falada) com um fundo ritimado por batidas de funk e levadas de jazz, Heron expressou sua indignação e lutou em prol dos direitos civis dos negros, enaltecendo a cultura afro-americana, criticando o consumismo, a cultura pop, os vícios impostos pelos meios de comunicação e muitos outros problemas sociais, principalmente aqueles relacionados aos negros, somando-se junto a Malcom-X e Martin Luther King como uma das vozes mais influentes da época. Gil-Scott Heron gravou uma série de influentes discos pelo selo Arista, tendo participações de vários grandes músicos do Jazz como o contrabaixista Ron Carter, o pianista Brian Jackson, o flautista Hubert Laws, o baterista Bernard Pretty Purdie (um dos precursores do acid jazz), entre outros. Gil-Scott Heron faleceu recentemente em 27 de Maio de 2011, deixando um importante legado à cultura afro-americana. Para quem deseja pesquisar outros precursores do rap, a veia musical da cultura hip hop, há ainda o grupo californiano The Watts Prophets e o nova-iorquino The Last Poets, ambos contemporâneos de Gil-Scott Heron e com a mesma verve jazzy, soul e funky.
Plastic Pattern People - Small Talk at 125th and Lenox - Gil-Scott Heron
Greg Osby
Já na década de 80 o hip hop passou a ser uma cultura com bases sólidas, uma ideologia e um estilo de vida que se distanciava cada vez mais de ser apenas ligada ao fato da pobreza e marginalidade dos negros de Nova Iorque. O estilo passou a ser apreciado pela classe média branca e importando para vários lugares do mundo como Europa, Brasil e Japão. DJs e cantores ligados ao hip hop assinaram contratos milionários, elevando o rap como a mais nova e lucrativa expressão da pop music. Os jovens que curtiam o rap já não eram apenas os negros e latinos do subúrbio, mas muitos jovens negros e brancos universitários de classe média. Inclusive os músicos de jazz da década de 80, a maioria universitários de grandes instituições, sofreram grande influência do Rap. É esse aspecto que apresento neste podcast: aqui eu mostro rappers que curtiam jazz e jazzistas que curtiam Rap. Esses rappers e jazzistas foram pioneiros do estilo jazz-rap que surgiu no final da década de 80 e teve sucesso até meado dos anos 90, tais como: os rappers MC Guru, Dj Premier e Dj Logic; e os músicos de jazz Branford Marsalis (sax tenor), Steve Coleman (sax alto), Greg Osby (sax alto), Roy Hargrove (trompete), entre muitos outros.
O podcast começa com o grupo inglês US3: um remix por cima da música Cantloup Island, composta pelo pianista Herbie Hancock - essa faixa esta no disco Hand on the Torch (Blue Note, 1993). Em seguida vem um rap muito bacana do grupo Gang Starr, formado por uma parceria entre o Dj Premier e o Mc Guru - a faixa é "Jazz Music" que esta no disco No More Mr Nice Guy (EMI Records, 1990). No segundo bloco começo a apresentar os músicos de jazz que usaram os rimos do rap: primeiro o sax-alto Greg Osby na faixa "Mr Freeman" do disco Black Book (Blue Note, 1995) e depois o clarinetista Don Byron junto com o rapper Sadiq na faixa Tuskegee Experiment, uma faixa mais jazzy com poesia falada (spoken poetry ou spoken word). Já no terceiro e último bloco apresento o saxtenorista Branford Marsalis, fundador do excelente grupo de jazz-rap chamado Buckshot LeFonque: neste bloco encerro o programa com a faixa Jungle Grove que está mais no estilo drum'n'bass e, depois, toco a faixa Samba Hop, um samba misturado com jazz e rap muito interessante - ambas as faixas estão no disco Music Evolution (Columbia, 1997). Boa viagem aí com o jazz-rap!!!
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