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Improvising with Numbers: 6 petardos com trios só de sopro, contrabaixo e bateria que você tem que incluir na sua coleção (antes de morrer)!

Sabemos que o cidadão brasileiro não gosta tanto de números e estatística quanto o cidadão americano, mas todos adoramos rankings e jogos -- principalmente naquela onda de "Os 10 melhores times de futebol do mundo", "Os 1001 discos que você tem que ouvir antes de morrer" e outras bobagens do tipo. Pois bem, "Improvising with Numbers" é uma nova série de posts onde eu, quando disponível de tempo, estarei apresentando um número -- variando de 2 a 10 -- de  álbuns, projetos e bandas interessantes, baseado em alguma temática específica. Começo a série, então, apresentando seis álbuns de trios com um sopro, um contrabaixo e uma bateria, um formato que ja é bem comum nos EUA, mas aqui em solo tupiniquim ainda soa estranho aos ouvidos menos experimentados, principalmente aos ouvidos dos neófitos. A maioria dos amantes de jazz sabem que o formato clássico de combo do jazz moderno -- que se instaurou com o bebop, a partir  de 1945 – é o quinteto com piano, trompete, saxofone, contrabaixo e bateria. Nos primórdios da modernidade do gênero, era inimaginável, para qualquer músico da época, a ausência do piano na banda, pois era ele o único instrumento capaz de dar aquela consistência sonora, aquela sustentação harmônica que embasava os improvisos dos solistas. Mas também sabemos que, em qualquer arte, são os formatos e as "regras" impostas pelas tradições quem viabilizam  as excessões e inovações impostas pelas vanguardas, e estas, por sua vez, acabam criando novos formatos e novas "regras", os quais também acabam ficando ultrapassados, sendo também tradicionalizados à medida em que o tempo passa e novas gerações de vanguardistas vão surgindo impondo outras inovações: ou seja, na verdade quero dizer que o bebop só foi o começo da modernização do jazz, um gênero músical onde os os artistas, os músicos, sempre sentiram a necessidade de inovar e de mostrar novas facetas e novos experimentos a cada álbum e a cada ano de suas carreiras. A primeira vez em que o uso do piano foi descartado aconteceu já entre 1952 e 53, quando o expoente do cool jazz e saxofonista barítono Gerry Mulligan formou, com o trompetista Chet Baker, um revolucionário e inusitado quarteto com sax barítono, trompete, contrabaixo e bateria. Essa nova formação trouxe uma nova sonoridade ao jazz da época, abrindo as portas para que outros novos e "estranhos" formatos de bandas sem piano surgissem. Foi a partir daí que em 1957 surgiu o trio "folk" do clarinetista Jimmy Giuffre com Jim Hall na guitarra  e Ralph Pena no contrabaixo, bem como, no mesmo ano, os trios sem piano e de sonoridade "strolling" do saxofonista Sonny Rollins (vide álbuns Way Out West e Freedom Suite, este de protesto social) e, entre 1958 e 1959, o legendário quarteto sem piano do saxofonista alto Ornette Coleman com o trompetista Don Cherry, o contrabaixista Charlie Haden e o baterista Ed Blackwell, banda essa que trouxe à tona o revolucionário estilo do free jazz. Com a falta do piano para dar a sustentação harmônica, esses grupos pareciam soar, muitas vezes, como se tivessem faltando algo, alguma consistência sonora...ou seja, pareciam soar, de certa forma, "vazios". Mas a intenção era, mesmo!, impor uma tessitura sonora mais crua e uma performance mais intuitiva e espontânea, onde os músicos teriam novos desafios técnicos: ou seja, junto com esta "rebeldia" de fugir dos padrões, das regras e dos formatos já impostos anteriormente vinha a responsabilidade de apresentar ao público uma nova opção sonora onde o desafio era trabalhar o timbre e a intensidade dos instrumentos afim de que a banda soasse cada vez mais melódica e apresentasse uma perfeita harmonia aos ouvidos de quem apreciava -- sem contar que o músico tinha de ter um esforço maior para ter os acordes na cabeça ou apenas improvisar livremente sobre a melodia, já que ele não poderia ouvir os acordes de um piano para basear seus improvisos. Neste post, lhes apresento, então, cinco exemplos no formato de trio com um sopro, um baixo e uma bateria, a começar pelo trabalho pioneiro de Sonny Rollins. Trata-se de uma compilação pessoal -- ou seja, não é um ranking definitivo de "clássicos" ou  "melhores": vocês mesmos, leitores, poderão encontrar outros álbuns deste formato --, mas são álbuns para nenhum jazzófilo botar defeito; aliás, são álbuns dignos de estarem na estante de qualquer colecionador.




 Way Out West é um álbum clássico de Sonny Rollins gravado em março de 1957 na Califórnia, no estúdio da Contemporary Records, etiqueta que foi muito representativa para o jazz do West Coast (área oeste dos EUA). O time é apenas três: Sonny Rollins ao sax tenor, o ativíssimo Ray Brown no contrabaixo e o legendário Shelly Manne na bateria -- sendo que nenhum dos três tinham tocado ou gravado juntos antes deste registro. Trata-se do primeiro trio só de sax, contrabaixo e bateria, e a inédita textura sonora produzida por esta banda foi chamada de "strolling". Para além da incrível sonoridade, o que é curioso neste álbum é a faceta de Sonny Rollins apresentar um trabalho descontraído, inusitadamente inspirado pelo ambiente do West Coast: tanto, que a faixa-título chama-se Way Out West (uma composição dele próprio) e ele fez questão de incluir standards de sucesso relacionados ao west coast jazz e à temática "velho oeste", tais como "I'm an Old Cowhand (From the Rio Grande)" ( de Johnny Mercer) e "There Is No Greater Love" ( de Isham Jones); além disso, a foto da capa -- tirada pelo célebre fotógrafo de jazz William Claxton, com o saxofonista num ambiente árido, vestido com chapéu da marca Stetson , coldre na cintura, e o saxofone em riste como se fosse uma pistola -- foi idéia do próprio Sonny Rollins para comemorar sua primeira viagem ao Oeste americano. Com este mesmo formato de trio, Sonny Rollins gravaria, nos meses seguintes, álbuns como A Night at the Village Vanguard (Blue Note, 1957) e The Freedom Suite (Riverside, 1958). Álbum pioneiro!


 Dave Liebman, que esteve recentemente se apresentando com o violonista brasileiro Guinga, no Centro Cultural São Paulo, é um gigante saxofonista oriundo do período post-bop do jazz. Passou pelo fusion ao tocar com Miles Davis e Chick Corea, realizou trabalhos ambientados na estética do avant-garde (tanto no estilo free-jazz como no estido erudito vanguardista) e também antenou-se com a estética neo-tradicionalista em alguns trabalhos dos anos 80 e 90. Neste álbum de 1988, Liebman se dedica totalmente ao sax soprano -- ele também toca sax tenor, mas prefere este, sendo um dos grandes saxsopranistas da história do jazz ao lado de mestres como Steve Lacy -- e é acompanhado pelo baixista Dave Holland e o baterista Jack DeJohnette -- já à época, um time de mestres, convenhamos. Todas as peças foram compostas por Liebman, sendo que All the Things That..." é um arranjo sobre o clássico standard "All the things you are". O título Trio + One refere-se à participação da esposa de Dave Liebman, a oboísta Caris Visentin , em algumas faixas como "Master of the Obvious" e a intrincada "While We're on the Subject". Trata-se de um disco, enfim, onde o trio reveza-se entre climas intimistas e passagens nervosas, entre improvisações na linguagem bop e outras na linguagem free, adicionando também um toque erudito à farofa. Lançado em 1988 pelo desconhecido selo Owl, atualmente este disco está fora do catálogo, mas alguns exemplares ainda pode ser encontrado no site da CD Universe -- o valor lá fora chega a uns 40 dólares, que, se importado, acaba chegando aos 80 reais: mas para colecionadores, vale a pena!


 Falando em free jazz, essas bandas cruas e compactas -- duos só com bateria e saxofone, bem como sax-trios sem pianos -- encontram uma seara fértil no territórios da música livre improvisada, sem amarras rítmicas, melódicas e harmônicas. Um dos gênios improvisadores que trabalham com este formato de trio é o saxofonista Ken Vandermark, como é o caso  deste excelente álbum "Ideas" (Not Two, 2005) -- aliás, difícil de encontrar um álbum ruim na discografia deste gajo! Dotado de uma sensibilidade musical que o coloca acima dos improvisadores que soam apenas ruidosos, e prolífico em projetos -- sendo capaz de dirigir uma dezenas deles, simultaneamente --, Vandermark atua com parcerias interessantes tanto em Chicago (EUA) como na Europa. A idéia de gravar "Ideas" surgiu, por exemplo, quando o saxofonista estava na Polônia realizando apresentações com seu trio DKV (Hamid Drake na bateria, Kent Kessler no contrabaixo e ele nos saxes), outro excelente trio que poderia estar aqui na compilação deste post, mas deixo a dica para os curiosos garimparem! Pois bem: na ocasião de um concerto do DKV, lá na Polônia, Vandermark encontra os irmãos Marcin Oles and Bartlomiej Brat Oles -- respectivamente contrabaixista e baterista, dois prolíficos músicos daquele país -- e, então, resolvem marcar uma data para entrar em estúdio. O álbum é rico em timbres e rítmos: KV usa sax tenor, barítono e clarineta; e os rítmos variam entre partes com walking bass e partes mais livres, bem como as dinâmicas variam entre partes ligeiras e fluídas e partes intimistas e esparssas, com uso resbucado do silêncio -- não trata-se, enfim, de um álbum barulhento de todo, mas é uma verdadeira troca de idéias, como bem diz o título. O baterista é foda!


Joshua Redman, filho do freejazzer Dewey Redman, um dos expoentes da geração neotradicionalista dos "young lions" nos anos 90 e um dos grandes jazzmen do jazz contemporâneo, tem ,cada vez mais, criado trabalhos coesos e originais, afim de esculpir sua identidade sonora própria. Em seus últimos discos Back East e Compass, dois petardos da estética do post-bop contemporâneo, ele trabalha com maestria essa faceta de apresentar somente sax, contrabaixo e bateria -- talvez inspirado pelo próprio Sonny Rollins e/ou por seus amigos do trio Fly. Com essa formação, Joshua não só trabalha as possibilidades de timbre  e intensidade dos instrumentos, mas trabalha também os mais diferentes grooves presentes no jazz contemporâneo. Como o jazz contemporâneo apresenta uma miscelânea de rítmos e sonoridades e é de certa forma eclético -- ou seja, não apresenta nenhuma convenção sonora que seja dominante ou que seja obrigação -- o desafio de Joshua Redman com esses trabalhos é mostrar que mesmo uma reduzida banda de sax, contrabaixo acústico e bateria -- onde não há nenhum recurso elétrico que possa produzir efeitos especiais -- pode soar dinâmica, apresentando rítmos e sonoridades diferentes e soando, portanto, contamporânea. O que é interessante também é que nesses discos, Back East e Compass, Joshua Redman convida vários dos melhores bateristas e contrabaixistas da atualidade, na intenção de, a cada faixa, apresentar trios as características diferentes desses contrabaixistas e bateristas, formando uma trinca de trios. Em Back East, por exemplo, Joshua Redman escalou os distintos contrabaixistas Larry Grenadier, Reuben Rogers e Christian McBride e os distintos bateristas Ali Jackson, Brian Blade e Eric Harland -- todos esses, contrabaixistas e bateristas dos mais fenomenais e requisitados do novo século 21. Abaixo deixo duas faixas do disco Back East: na primeira faixa Joshua Redman sola no sax tenor, na segunda faixa ele toca o sax soprano.


 Avishai Cohen, uma das grandes revelações do trompete no século XXI ( e cuidado para não ser confundido com o baixista e pianista de mesmo nome), vem de um rico patrimônio musical de Israel, seu país nativo. Sua irmã é a clarinetista Anat Cohen, o seu irmão é o saxtenorista Yuval Cohen e, juntos, eles formam uma das novas bandas progressivas do jazz contemporâneo, o 3 Cohens (a banda pôde ser vista aqui no grande Festival Tudo é Jazz de Ouro Preto, na edição de 2008). Os irmãos Cohen fazem parte do novo cenário de NY caracterizados por novos músicos como Jason Lidner, Omer Avital, Miguel Zénon, Kurt Rosenwinkel, dentre outros. Este é o primeiro disco do trompetista como líder. Nessa sua estréia, Avishai optou por um formato de trio com trompete, contrabaixo e bateria, sendo uma formação estimulante porque as sonoridades são acústicas e cruas, o que nos possibilita ouvir todo o talento do músico e toda as explorações à capacidade do trompetista. O baterista é Jeff Ballard (também membro das outras bandas de Avishai, Kurt Rosenwinkel e Brad Mehdau), um dos mais inventivos e interessantes bateristas da nova geração de músicos de NY. A primeira faixa "The Last" é uma das faixas que mostram uma ascendência ao neo-bop, com improvisos e diálogos que lembram os intricados solos do trompetista Wynton Marsalis e do baterista Jeff "Tain" Watts na década de 80. A mesma coisa acontece nas faixa "Idaho" e Gigin' (composição de Ornette Coleman), onde a participação do saxtenorista Joel Frahm, como convidado especial, nos chamam a atenção para uma transição entre o neo-bop e o free com diálogos e disputas de frases que lembram os intrincados solos da dupla Wynton/Branford Marsalis na faixa Hesitation ( do disco "Wynton Marsalis" de 1981) e a dupla Don Cherry e John Coltrane ( no disco Avant-Garde de 1960). Além dessas faixas, o trio faz uma bela versão de "Dear Lord" de John Coltrane e mostra um peculiar exercício em composso 5/4 na faixa "Olympus", essa com grande solo de Joel Frahm. O contrabaixista é John Sullivan que faz um solo brilhante na faixa Gigin'.


 De todos os trios de sax, contrabaixo e bateria da história do jazz, me arrisco a dizer que o trio Fly é um dos que tem mais requinte em conceito sonoro -- sem dúvida é  um dos principais combos do jazz contemporâneo, considerando que ele se encontra ativo desde o início dos anos 2000, tendo tido uma participação no Newport Festival de 2010. Constituído pelo saxtenorista Mark Turner, pelo baterista Jeff Ballard e pelo contrabaixista Larry Grenadier -- três dos principais nomes dos seus instrumentos da atualidade --, este é o álbum homônimo do trio, bem como seu debut. Ativos desde o final dos anos 90, os três músicos deram seus primeiros passos como uma banda quando eles participaram o álbum Originations (Stretch, 2000), de Chick Corea. Mark Turner, que havia sido contratado pela Savoy naquela data para gravar um álbum solo, resolveu colocar levar à gravadora a idéia de gravar um álbum com o trio, surgindo daí o álbum homônimo, lançado no mercado em 2004 numa edição de tiragem limitada. Ao contrário de outros trios do tipo, aqui parece que os três músicos foram feitos uns para os outros: com a sensibilidade melódica do sax de Mark Turner, a sensibilidade de condução harmônica do contrabaixo de Larry Grenadier e a polirritmia da bateria de Jeff Ballard -- que, aí, trabalha um conceito de bateria que une tanto aspectos dos tambores africanos como aspectos do jazz contemporâneo --, o trio jamais soa como se tivesse precisando de um piano para dar alguma sustentação harmônica. Com excessão da faixa Spanish Castle Magic, de Jimmy Hendrix, todas as outras foram compostas pelos próprios músicos, e são bem variadas em rítmos e melodias, com destaque para a lúdica "Child's Play (de Jeff Ballard) -- a qual soa mesmo como uma "brincadeira de criança" --, para a balada "State of the Union" (de Grenadier) e para a funkeada "JJ" (também de Grenadier). Para quem quiser conferir outro petardo do trio, em 2008 eles gravaram o álbum Sky and Country, seu segundo, nos estúdios da gravadora holandesa ECM, selo que se tornou uma verdadeira "grife" do avant-garde e do jazz contemporâneo.

Um comentário:

"Albums You'll Never Forget!" disse...

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