Mikhail Aalperin - piano, escaleta
Arkady Shilkloper - trompa, flugelhorn e etc
Sergey Starostin - vocal, clarinete e etc
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É impressionante como o Jazz, o eterno pregador da liberdade da improvisação, levou, nessas últimas décadas, um surto de criatividade para a maioria dos artistas de música criativa e experimental ao redor do mundo. Aliás, para resumir, eu diria que o Jazz é visto e entendido por muitos como um sinônimo genérico e quase-único para denominar todo e qualquer estilo de música improvisada, o que não é coerente nem do ponto de vista da rotulagem mercadológica nem sob o ponto de vista idiomático e cultural. Bom, a verdade é que através de Ornette Coleman, Cecil Taylor, Yusef Lateef e Pharoah Sanders, o Jazz passou a ser amplamente receptivo, no sentido de que várias outras músicas, várias outras técnicas e várias outras culturas (muitas delas étnicas, inclusive) foram sendo acopladas, foram sendo fundidas: Cecil Taylor expandiu a atonalidade, Ornette criou uma revolução no seu clássico Free Jazz ao impor uma proposta com dois quartetos improvisando livremente, Yusef Lateef inseriu instrumentos e características da música oriental no jazz , John Coltrane e Pharoah Sanders não só expandiram a idéia como a elevaram para um caracter místico- espiritual. Ou seja, naquela época, na década de 60, as técnicas da vanguarda européia (originalmente da música erudita contemporânea) e as sonoridades exóticas da chamada World Music, influenciaram o Jazz nos EUA e esse, uma vez que já estava configurado como uma estética de vanguada, passou a influenciar, posteriormente, as culturas dos próprios territórios de onde vieram as primeiras características que o mudara inicialmente. Porém, o Jazz - já configurado como vanguarda e sob o viés da liberdade improvisativa - exerceu uma influência ainda maior sobre a música, as técnicas e as escolas dos territórios europeus, apesar de que experiências com outros elementos como a eletrônica e o noise culminaram em transformações tão radicais que, pelas impressões, podia se ver e ouvir que eram quase destituídas de autenticidade e características jazzísticas, já que esses músicos, por não serem americanos e, lógicamente, não terem o sentimento de preservar a cultura do Jazz e suas tradições, acabaram por inventar novos idiomas de música improvisada, seguindo apenas as idéias de liberdade impostas por Ornette Coleman, o que também fez com que esses mesmos músicos abolissem o rigor formal da música erudita, os quais tinham aprendido nas universidades e conservatórios. Por esse exame até podemos dizer que o motivo pelo qual muitos músicos e críticos ainda rotulam errôneamente essas novas estéticas como sendo estilos de Jazz, é não só pelo fato delas terem surgido da idéia de Livre Improvisação de Ornette Coleman, mas também para agaranhar a mesma elegância, a mesma sofisticação e a mesma reputação com a qual o Jazz se impôs como música criativa e como arte do homem moderno. Daí surge a dúvida histórica: a Música Improvisada Européia é Jazz, Música Erudita Contemporânea ou é um novo idioma da pós-modernidade que originou desses anteriores?
Arkady Shilkloper - trompa, flugelhorn e etc
Sergey Starostin - vocal, clarinete e etc
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É impressionante como o Jazz, o eterno pregador da liberdade da improvisação, levou, nessas últimas décadas, um surto de criatividade para a maioria dos artistas de música criativa e experimental ao redor do mundo. Aliás, para resumir, eu diria que o Jazz é visto e entendido por muitos como um sinônimo genérico e quase-único para denominar todo e qualquer estilo de música improvisada, o que não é coerente nem do ponto de vista da rotulagem mercadológica nem sob o ponto de vista idiomático e cultural. Bom, a verdade é que através de Ornette Coleman, Cecil Taylor, Yusef Lateef e Pharoah Sanders, o Jazz passou a ser amplamente receptivo, no sentido de que várias outras músicas, várias outras técnicas e várias outras culturas (muitas delas étnicas, inclusive) foram sendo acopladas, foram sendo fundidas: Cecil Taylor expandiu a atonalidade, Ornette criou uma revolução no seu clássico Free Jazz ao impor uma proposta com dois quartetos improvisando livremente, Yusef Lateef inseriu instrumentos e características da música oriental no jazz , John Coltrane e Pharoah Sanders não só expandiram a idéia como a elevaram para um caracter místico- espiritual. Ou seja, naquela época, na década de 60, as técnicas da vanguarda européia (originalmente da música erudita contemporânea) e as sonoridades exóticas da chamada World Music, influenciaram o Jazz nos EUA e esse, uma vez que já estava configurado como uma estética de vanguada, passou a influenciar, posteriormente, as culturas dos próprios territórios de onde vieram as primeiras características que o mudara inicialmente. Porém, o Jazz - já configurado como vanguarda e sob o viés da liberdade improvisativa - exerceu uma influência ainda maior sobre a música, as técnicas e as escolas dos territórios europeus, apesar de que experiências com outros elementos como a eletrônica e o noise culminaram em transformações tão radicais que, pelas impressões, podia se ver e ouvir que eram quase destituídas de autenticidade e características jazzísticas, já que esses músicos, por não serem americanos e, lógicamente, não terem o sentimento de preservar a cultura do Jazz e suas tradições, acabaram por inventar novos idiomas de música improvisada, seguindo apenas as idéias de liberdade impostas por Ornette Coleman, o que também fez com que esses mesmos músicos abolissem o rigor formal da música erudita, os quais tinham aprendido nas universidades e conservatórios. Por esse exame até podemos dizer que o motivo pelo qual muitos músicos e críticos ainda rotulam errôneamente essas novas estéticas como sendo estilos de Jazz, é não só pelo fato delas terem surgido da idéia de Livre Improvisação de Ornette Coleman, mas também para agaranhar a mesma elegância, a mesma sofisticação e a mesma reputação com a qual o Jazz se impôs como música criativa e como arte do homem moderno. Daí surge a dúvida histórica: a Música Improvisada Européia é Jazz, Música Erudita Contemporânea ou é um novo idioma da pós-modernidade que originou desses anteriores?
Toda essa introdução é para nos fazer entender esses intercâmbios entre o Jazz americano e a Música Erudita de Vaguarda na Europa. Assim, nós também compreendemos um pouco das tendências e dos estilos da música criativa atual, apesar de que essa dúvida nunca nos permite saber qual é o foco estilístico das vanguardas. No entanto, pouco nos importa as estéticas quando presenciamos um grupo, uma banda ou um músico que, justamente por seu desapego às formalidades, cria e compõe formas de músicas tão enriquecedoras e tão elaboradas quanto às músicas criadas por artistas que partem de formaliddades e padrões. E é por esse e outros aspectos que o Moscow Art Trio é um dos grupos mais espetacular e mais criativo a surgir na década de 90.
O Moscow Art Trio surgiu das ambições do pianista ucraniano Mikhail Alperin, um músico com ascedência jazzística mas com idéias de abrir o leque para abranger outras músicas. A este pianista juntou-se o trompetista russo Arkady Shilkloper, músico que antes já tinha acumulado experiência no ramo da música erudita sendo membro do Bolshoi Theatre, do "Bolshoi Brass Quintet" e da Orquestra Filarmônica de Moscow. Com o colapso da antiga União Soviética em 1990, Arkady passou a ter mais liberdade de seguir suas ambições, desenvolvendo trabalhos independentes que abrageram atuações com músicos da música improvisada européia como Louis Sclavis e atuações com a grande Viena Art Ochestra. Em 1991 Mikhail e Arkady montaram um duo que logo foi acrescentado pelo vocalista e soprador Sergey Starostin, um músico russo fascinado pela música popular e pelo folclore de seu país. Assim, formou-se um dos maiores combos da nova música moderna: juntaram-se as influências, a fluência e conhecimento jazzístico de Mikhail Alperin, a sensibilidade e técnica erudita de Arkady Shilkloper e o gosto pelo folclore de Sergey Starostin. O projeto foi certeiro, obtendo um grande sucesso regado à interação de Jazz, Música Erudita e World Music, colocando o grupo nos altares da crítica especializada. Dentro das concepções do trio há o uso da livre improvisação, o uso do minimalismo, o uso do foclore, o uso das interações camerísticas da música erudita e, o que é tão interessante quanto honesto da parte do grupo é que ele procura mostrar que as derivações do jazz - como o swing, o blues, boogie-oogie, dentre outras - também se fazem presentes no processo de criação musical. Mas ainda não pára aí o leque de rítmos e sonoridades trabalhadas pelo grupo: eles, movidos pela diversidade cultural proporcionada pelas expansões políticas da ex URSS, também incorporaram muito da música moldaviana, tcheca, chinesa, búlgara e escandinávia. Hoje o grupo é um sucesso unânime tanto na Rússia como na Noruega ou em qualquer país da Europa. O Moscow Art Trio é um grupo experimentalista e versátil que soube criar uma nova estética de música partindo do Jazz, da Word Music, Música Erudita Contemporânea e do Avant-Garde Europeu, sem que para isso sufocasse as tradições com parafernálias eletrônicas ou com aquele aspecto serial e cerebral que, de tão exarcebados que são, acabam sendo um mero experimento sonoro, um mero barulho. Quando se fala em Moscow Art Trio, trata-se, ao contrário, do uso bem elaborado e requintado da experimentação, onde o sucesso só pode ser a boa música. Nesse caso, para nada serve a diferenciação, a rotulagem e classificação de estilos, pois trata-se de um combo inclassificável e dentro dos moldes da boa música pós-moderna. O Moscow Art Trio tem seus discos gravados pelo selo Jaro
Um comentário:
Excepcional,já fui a moscou é uma cidade que exala cultura.Eles são muito influenciados pela moderna musica classica
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