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The Claudia Quintet e o universo lúdico de John Hollenbeck: improvisação e minimalismo.

O que você diria se algum amigo lhe apresentasse um CD com uma música estranhamente inusitada e, no encarte, você constatasse que a banda, constituída de músicos homens, chama-se The Jéssica Septet ou, ainda, The Andressa Quartet? Independente do conteúdo musical, você ficaria curioso e, no mínimo, perguntaria ao amigo se algum dos membros, provavelmente o líder, havia nomeado o grupo fazendo alguma menção honrrosa ou alguma homenagem à namorada, à esposa ou à alguma das suas ex-mulheres amadas. Pois bem, o Claudia Quintet, capitaneado pelo baterista John Hollenbeck, é uma das principais bandas progressivas do universo do jazz contemporâneo: e, além de Hollenbeck, o grupo constitui-se de honoráveis marmanjos como o contrabaixista Drew Gress (sideman regular do tenorista Ravi Coltrane), o vibrafonista Matt Moran, o acordeonista Ted Reichman  e o saxofonista Chris Speed, que também usa clarinete em determinadas composições. Constituído desses excelentes músicos do jazz norte-americano atual -- e, infelizmente, totalmente desconhecidos aqui em solo brasileiro --,  o Claudia Quintet recebe esse nome inusitado por causa de uma jovem chamada Claudia que, em meados dos anos 90, foi assistir à uma "gig" de John Hollenbeck com o trio Refuseniks (outro nome estranho que exige uma explicação), grupo que ele constituía com o contrabaixista Reuben Radding e com o acordeonista Taid Reichman. Naquela ocasião, durante o intervalo da banda, a cativante menina Claudia foi conversar com o John Hollenbeck e seu trio, enfatizando ter gostado do som que ouvira em instantes atrás e indagando sobre a possibilidade dela poder assistir sempre aquela apresentação. No entanto, quando o grupo se despediu para voltar ao segundo bloco da apresentação,  Radding cochichou  para Hollenbeck: "Cara, confie em mim...ela nunca mais vai voltar..." E, realmente, a impressão e intuição que o contrabaixista teve -- sobre o triste fato de alguém querer apreciar a arte e, por um motivo ou outro, não poder fazê-lo -- acabou se confirmando: Claudia nunca mais apareceu naquela "gig", deixando apenas suas palavras e sua imagen na cabeça dos músicos. Hollenbeck, o mais simpatizado com a moça, sempre tentava imaginar, com seus amigos, o que teria acontecido com Claudia:  "Teria ela se mudado para Nova Jérsey? Teria se apegado à música mais comercial? Estaria trabalhando obstinadamente? Estaria ela estudando em alguma universidade? Ou teria casado com algum empresário?" Difícil saber seu paradeiro e o porquê dela não ter voltado. Em 1997, após a saída de Radding do trio, Hollenbeck e Reichman formaria, então, esse quinteto chamado The Claudia Quintet. Segundo o próprio baterista, as razões para a escolha de Claudia, um nome feminino, foram as seguintes: homenagear o contrabaixista Reuben Radding e todo o trabalho já realizado com o trio Refuseniks; impor uma qualidade e atmosfera femininas ao som da banda; evitar que seu próprio nome fosse usado para denominar a banda (o que não impediu que, eventualmente, os holofotes especializados viessem a chamá-la de John Hollenbeck Claudia's Quintet);  e, principalmente, atrelar o inusual nome à uma música nova e inusitada, impondo uma sonoridade que não fosse tão comum nos meandros do jazz, mas que se inspirasse em certos elementos da música camerística contemporânea, comum no universo erudito. E mais: se até célebres navios são nomeados com nomes de mulheres, não haveria nenhum problema se uma banda de jazz fosse chamada de Claudia Quintet.


Pois bem, o grupo deu certo: ano a ano o Claudia Quintet veio impondo sua sonoridade, já ultrapassou a marca dos dez anos de idade e já conta com cinco álbuns lançados, sendo quatro deles lançados pela interessante gravadora Cuneiform. Eu, inclusive, já tinha lido alguma coisa sobre o Claudia, mas, ocupado com outras audições, não cheguei a dar a devida importância ao grupo -- dispondo de tão pouco tempo e envolto de tanta coisa boa pra ouvir, há sempre o risco de ouvir mais alguma outra coisa que possa não ser bom, né mesmo?  Contudo, os visitantes mais entusiasmados do Farofa Moderna sabem que este blog sempre procurou divulgar novas audições, impondo riscos e perigos deliciosos aos amantes da aventura: procurando pelos lançamentos jazzísticos mais recentes, atentei-me para o último lançamento do Claudia, Royal Toast (Cuneiform, 2010), e coloquei-o no slide de lançamentos do mês de Agosto, aqui no blog -- quem sempre entra aqui para ver as novidades deve ter percebido e, quem sabe, até procurado para ouvir. Em minhas mãos acaba de chegar este, o recente Royal Toast (onde o quinteto é acrescido com a participação do proeminente tecladista Gary Versace ao piano), mais o homônimo The Claudia Quintet (Blueshift, 2002) e o  For (2007, Cuneiform). O conteúdo dos álbuns não engana: trata-se de uma música para ouvidos atentos, para ouvintes que gostam de reservar uma ou duas horas do seu cotidiano para ouvir atentamente o que um músico, uma banda ou uma orquestra tem a dizer com todos seus conjuntos de elementos estéticos. E podem confiar: com o  Claudia Quintet, o baterista John Hollenbeck --  já nomeado duas vezes ao Grammy através do seu Large Ensemble -- trabalha toda uma concepção de texturas sonoras, dando vasão à sua imagética composição jazzística baseada em elementos da música erudita moderna e do avant-garde.



Em um quinteto onde a formação, por si só, já é inusual -- com sax e clarineta, acordeon, contrabaixo, bateria e vibrafone --, o estilo exótico de arranjo  de Hollenbeck, bem como sua apurada escrita composicional, segue se tornando cada vez mais ousado, no sentido de sempre procurar por pulsações rítmicas diferentes e combinações timbrísticas variavelmente inusitadas que expressem um determinado exotismo melódico e harmônico em cada composição. Com um frescor que advém das melodias do post-rock, com o uso tênue dos elementos da livre improsisação e com uma forte identificação na chamada música minimalista -- estética muito comum na música de compositores eruditos americanos, tais como Louis Andrienssen, Steve Reich, Philip Glass e John Adams -- a estruturada composição de John Hollenbeck tem agaranhado críticas muito positivas nos vários holofotes da mídia especializada: sua música pode agradar tanto os ouvintes do jazz quanto os ouvintes mais rígidos da música erudita contemporânea. Mas, entusiasdamente reitero: ao contrário de algumas pedantes composições minimalistas -- já que o uso da repetição obstinada de figuras e frases é um dos elementos dessa estética musical -- John Hollenbeck nos oferece uma música inusitadamente bela, lúdica e equilibrada, enfatizando a improvisação e a busca pelas variedades de combinações timbrísticas como as características principais dentro seu arranjo elaborado -- aliás, ele mesmo, com sua bateria, acrescenta  muito dos improvisos, efeitos espontâneos e da atmosfera nostálgica patentes na sonoridade do grupo. Enfim, para os amantes da estética eclética do "modern creative"  que já gostavam de bandas progressistas como a The Vandermark Five, por exemplo, o The Claudia Quintet pode ser mais uma excelente pedida: em comparação com a banda do saxofonista Ken Vandermark -- que também faz uso da composição escrita para abrigar os elementos do post-bop, da livre improvisação, do funk e do rock  -- a banda de John Hollenbeck é mais intimista, sutil e delicada em seus traços, mas altamente criativa e instigante. Abaixo vos deixo duas faixas: Rug Boy (do disco For, de 2007) e Kemerag (do disco Royal Toast, de 2010). Boa Audição!

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