Gênios do jazz na década 2000-2010: O baterista John Hollenbeck e sua rica composição minimalista!!!

Seguindo aqui com nossa retrospectiva, uma série de posts sobre os principais músicos – e seus respectivos melhores álbuns – da década de 2000, eu vos apresento o grande baterista e excelente compositor americano John Hollenbeck, um dos criadores mais originais e inovadores do jazz contemporâneo! Expoente do reduto da Downtown nova-iorquina (reduto underground de Manhattan) e líder de dois dos combos mais interessantes dos últimos anos, o The Claudia Quintet (com o qual trabalha um jazz camerístico, baseado no minimalismo) e o Large Ensemble (com o qual reiventa o formato 'big band', fazento uso de inspirações em diversos gêneros musicais pós-modernos), John Hollenbeck vem trabalhando um estilo próprio de composição que é quase um amálgama instrumental de toda a música pós-moderna, só que com a gênese e o foco no jazz e na improvisação livre – ou seja, há a preocupação de fazer uma música que se possa chamar de jazz e que, por consequência, possa ditar os rumos deste gênero, mas, aí, a contemporaneidade é expressada através da adição de vários elementos de outros gêneros musicais tais como klezmer music (música judaica), música erudita de vanguarda (atonalismo e música serial dos anos 50 e 60), música minimalisma (uma estética pós anos 70, ainda tida como um sub-gênero da música erudita contemporânea), a art rock e o post-rock (estéticas ligadas ao rock vanguardista, com ascendência instrumental), a world music até rítmos afros como o funk e o raggae ou quaisquer outros elementos que possam ser trazidos para dentro do plano contemporâneo do jazz.

 The Claudia Quintet - Armitage Shanks (2010)

Dessa forma, pode-se dizer que John Hollenbeck é um dos expoentes do modern creative (umas das vertentes atuais do jazz), um estilo de composição que faz o uso de colagens diversas, usando recortes de vários outros gêneros e subgêneros musicais prezando-se mais pela composição escrita e condicionando o improviso como apenas um dos vários recursos a serem usados dentro dos arranjos. Por vezes figurando no topo dos rankings de melhores da toda poderosa revista Downbeat e indicado duas vezes ao prêmio Grammy – através dos álbuns A Blessing (2005) e Eternal Interlude (2009), ambos com sua “big band” Large Ensemble –, John Hollenbeck possui, enfim, uma refinada inteligência para trabalhar várias combinações de rítmos e de timbres dos instrumentos, além de um intrincada e elaborada escrita composicional. Dentre suas inspirações estão compositores de gênero musicais diversos tais como Bob Broockmeyer (jazz), Brian Eno (ambient music, art rock e no wave), Ligeti (vanguarda erudita, a partir dos anos 60) e John Adams (compositor de música erudita contemporânea atrelado ao minimalismo). Independentemente se o cara gosta de jazz ou não, tendo ouvidos apurados para as aventuras da música contemporânea, qualquer um dos discos de John Hollenbeck lhe poderá fazer bem!!!

Foreign One - Eternal Interlude - John Hollenbeck Large Ensemble (2009)