BandCamp - Música Independente!
Bandcamp!
Site do Vagner Pitta: Acervo de jazz: discos e fotos!
Site do Pitta
Siga-nos no twitter: dicas, vídeos, links gerais sobre música!!!
Twitter/Siga-nos!
Confira todos os links que indicamos no Farofa Moderna Links!
Best Albums
Facebook do Vagner Pitta
Grupo no Facebook
Last.Fm - Playlists de Vagner Pitta
last.fm - Playlists
Confira nosso acervo de vídeos!!!
Great Videos!
contato.vagnerpitta@hotmail.com
OBS: Produtores, músicos, escritores e outros que quiserem divulgar no Blog Farofa Moderna, consultem nossas políticas na página ABOUT US e contate-nos.
Para uma melhor visualização do blog, use o navegador Google Chrome/To better view the blog, use the Google Chrome browser

Welcome to Blog Farofa Moderna! Search bellow:

Highlights: ensaios, lançamentos, curiosidades, posts mais lidos e etc

Música Erudita!
Eric Dolphy
Eletronic+Jazz!
London Improvisers
Hamilton de Holanda
Mario Pavone
Lançamentos!
Max Roach!

Views since May/ 2010

Translate

O contrabaixista Dudu Lima e seu rebuscado lustre às pepitas mineiras!


MPB: "brazilian pop" para os gringos ou música popular brasileira para nós, estética que apesar de fazer uso do termo "popular" em sua denominação, está cada vez mais elitista e distante das massas populares. A maioria das pessoas  até conhecem quem são os grandes panteões da MPB: Tom Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque e Milton Nascimento -- pelo menos destes elas já "ouviram falar". Mas será que todas essas pessoas saberiam dizer quem são Tavinho Moura, Lô Borges, Beto Guedes, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Wagner Tiso, integrantes do inovador movimento do Clube da Esquina? Duvida-se, e muito, que saibam: mesmo que a música de Milton Nascimento já tenha projetado o Clube da Esquina para todo o Brasil e o resto do mundo, seus ecos ainda permanecem distantes na história recente da música brasileira. Mas isso não é novidade: sabemos que muitos dos nossos músicos inovadores, dentre os quais alguns deles ligados ao inovador reduto mineiro, conseguiram (e ainda conseguem) ter mais credibilidade e reconhecimento no exterior do que aqui, em sua própria terra. Além disso, é recorrente o fato de que a maioria dos brasileiros pseudo-aculturados -- leia-se jornalistas, produtores, alguns dos próprios músicos e   apreciadores que se dizem bons conhecedores de música --, embalados por uma mídia dominadora e retrógrada tende a aglutinar, inconsciente ou oportunamente, sempre sob os mesmo cancionistas populares e sob os cancioneiros mais tarimbados, revisitando-os desde sempre ou de época em época e celebrando incessantemente suas fórmulas manjadas --  até parece, por exemplo, que a Bossa Nova e a Tropicália foram as únicas (r)evoluções sintetizantes de toda a música brasileira moderna; e pior: até parece que sempre teremos de reviver seus rítmos e suas poéticas sem exigir que surjam inovações e/ou outras transformações e rupturas, sendo, aí, onde reside o grave problema da nossa estagnação. Quer dizer, mesmo as inovações do cult Clube da Esquina -- que a 35 anos evidenciou um estilo inédito de canção com uma nova harmonia musical e um novo lirismo melódico e poético e, portanto, foi outro dos grandes movimentos transformadores iniciados nos anos 60 -- ainda não são enfatizadas com a mesma ternura e grandeza que as inovações  desses movimentos históricos e paralelos: a boemia e o já manjado lirismo da Bossa Nova e a miscelânea politico-musical da polêmica Tropicália parecem ser tedenciosamente mais resenhados e revisitados. Aliás, reitero: não é que o Clube da Esquina seja de todo subestimado, mas, por ter sido um movimento de certa forma "underground" ou por não apresentar uma estrutura homogênea em suas bases -- como foi a Bossa Nova, basicamente um misto de samba e jazz --, ele é um cancioneiro que ainda não foi de todo analisado, estudado e, o mais importante, tradicionalizado e massificado às pessoas simples, à toda população -- e como já foi mencionado, a grande mídia ainda tende a resumí-lo em apenas Milton Nascimento, por ele ser um dos mais famosos cancionistas brasileiros em todo o mundo, haja vista que sua música é celebrada por ícones que vão desde o saxofonista de jazz Wayne Shorter à cantora pop Björk.  Mas a dívida que os músicos, a mídia e toda a cultura brasileira têm com o cancioneiro do Clube da Esquina ainda não é o maior dos exemplos de descaso. Exponencialmente pior, existe o fato de que as  inovações da nossa música instrumental parecem fadadas a um injusto e eterno ostracismo dentro da grande mídia: as descobertas e criações do já consagrado Hermeto Pascoal e sua "escola", cheia de músicos e compositores inovadores, são exemplos de transformações musicais subestimadas e sufocadas por uma exarcebada exposição de gêneros musicais nocivos ou sem identidade, sem propósitos e valores artísticos. Aliás, hoje em dia até mesmo a  MPB -- gênero musical onde se encaixa os próprios movimentos da Bossa Nova, do Clube da Esquina e da Tropicália e que, outrora, era o grande protagonista nos canais midiáticos -- parece ter sido escanteada e substituída por uma exposição desequilibrada de gêneros nocivos ou desprovidos de valores culturais e artísticos: os novos cantores da chamada Música Popular Brasileira já não têm o espaço necessário  para apresentar suas novidades, diante de uma exposição desenfreada de estéticas mascaradas e gêneros contraditórios como a música romântica com suas rimas pobres, o pagode romântico e engordurado com  versões equivocadas do R'n'B americano e desprovido de todo o requinte harmônico e melódico do samba, o axé (música prá-pular) que padroniza suas "divas" nos mesmos moldes das divas internacionais, o pop e rock internacional que são mais celebrados do que à nossa própria música e um tal de "funk carioca" que é uma das mais degradantes expressões culturais da nossa história -- é isso o que a grande mídia oferece à todas as pessoas, atingindo, claro, mais intensamente as desaculturadas. Por que os canais da nossa grande mídia, a exemplo de como fazem com Roberto Carlos e Ivete Sangalo, não apresentam programas especiais celebrando novos cancionistas como Guinga, a grandeza do Clube da Esquina ou as inovações de Hermeto Pascoal e Moacir Santos? Certamente, para qualquer um dos grandes diretores ou produtores por detrás das grandes emissoras essa idéia soaria como uma paranóia sem tamanho: seria inviável perder alguns pontos no Ibope para apresentar música de boa qualidade para pessoas desaculturadas -- até porque, ao promover sempre a mesmice, os próprios canais acabam sendo os verdadeiros responsáveis pelo desinteresse das massas em relação às correntes mais inovadoras da música e das artes em geral. Aliás é pouco provável que tais diretores e produtores -- assim como a maioria dos jornalistas e outros profissionais da mídia --, tenham algum conhecimento sobre os grandes artistas da nossa criativa música instrumental ou tenham alguma noção do valor artístico que estes representam. Se a genuína MPB já sofre tamanho descaso, a música instrumental, por sua vez, se transformou num tesouro cultural distante e equivocadamente segregado, tesouro esse que só os músicos, cantores e apreciadores mais aculturados e mais atenados parecem valorizar.


 Num país como o Brasil, onde a cultura musical de tradição oral é dominante e eminentemente popular, a música instrumental, por si só, acaba sendo tratada como um conjunto de signos sonoros de complexa decodificação. Ora, se considerarmos nosso instrumental desde os tempos do choro até os dias de hoje veremos que temos, sim, uma grande tradição nesta área, mas a falta de cultura e informação, sustentada pela ostentação comercial da grande mídia, faz com que as pessoas simples não conheçam a música puramente instrumental e, por consequência, não tenham nenhuma noção básica  em relação à sua instrumentação, às variadedades e variações rítmicas, ao arranjo e aos requintes melódico e harmônico; elas só entendem e consomem a música cantada, gêneros musicais tarimbados e reciclados temporariamente com elementos da música exportada. A história mostra, portanto, que o caminho mais curto para um músico de jazz ou da música instrumental brasileira se impor e criar seu público é fazer uso do cancioneiro popular, fazer uso do standard pop  para escolher um repertório de canções sofisticadas e atemporais e transformá-las na linguagem da música instrumental com todos seus arranjos e improvisos: o desafio, porém, reside em fazer uso do repertório alheio impondo uma identidade pópria e inédita. Pois bem: em se tratando de Clube da Esquina, o músico, arranjador e compositor mineiro Dudu Lima tem nos dado os mais recentes e brilhantes exemplos  de como é possível fazer uso de um cancioneiro regional para impor uma música instrumental inédita e esteticamente contemporânea. Fazendo uso de composições próprias, composições de amigos e colaboradores e das canções do inovador cancioneiro mineiro, o contrabaixista Dudu Lima, acompanhado por Ricardo Itaborahy (piano, teclados e escaleta) e Leandro Scio (bateria) -- regulares colaboradores que compõem o Dudu Lima Trio --, acaba de lançar o seu quinto CD, chamado “Dudu Lima - Cordas Mineiras”, projeto também documentado em DVD.






Além da assinatura do seu trio, Dudu conta com a participação especial de um dos maiores nomes da música brasileira -- já consagrado internacionalmente, inclusive, como um dos grandes músicos brasileiros --, o compositor, guitarrista, cantor e arranjador mineiro Toninho Horta , além das participações de músicos convidados tais como Chico Curzio, Fofinho Forever, Hermanes Abreu, Juarez Moreira, Luis Leite e Salim; Dudu, por sua vez, atua no contrabaixo acústico, elétrico e fretless e em toda totalidade dos arranjos e da direção musical. Mas é preciso salientar, sobretudo, que acima do oportunismo, das boas intenções ou da própria necessidade de formar um público, a identificação do contrabaixista com o Clube da Esquina é eminentemente de origem nativa e apego cultural: ou seja, é natural que, sendo nascido em Juiz de Fora, Dudu represente suas origens mineiras através da sua arte de compor e do seu talento de interpretar. Contudo, muito mais do que atuar na função de intérprete, ele compõe sua própria música e recria as canções alheias bem ao seu estilo próprio de arranjo, sem transfigurá-las. Especificamente enquanto instrumentista, ele enfatiza o contrabaixo como o principal instrumento solista dentro da banda, colocando-o no centro em todas as linhas de frente: é muito interessante, por exemplo, como ele atua no suporte harmônico usando o contrabaixo elétrico como se este fosse um violão ou um piano, isso sem contar seus solos que são, ao mesmo tempo, virtuosos e líricos. Dentre as técnicas musicais utilizadas pode-se observar o "tapping", técnica ampliada pelo legendário guitarrista americano Stanley Jordan, amigo e constante parceiro de Dudu Lima.




Antecedido pelo magnifico projeto Ouro de Minas, também documentado em CD e DVD, o "Cordas Mineiras" apresenta nove canções, todas na linguagem instrumental: desse total, três delas, Benito (com participação especial deToninho Horta), Alma e Mr. Jordan (em homenagem a Stanley Jordan), são assinadas por Dudu Lima; as outras seis são Amor de Índio (Beto Guedes/ Ronaldo Bastos), Vento de Maio (Lô Borges/ Marcio Borges), Céu de Minas (Luiz Leite), Luar do Caçador (Chico Curzio), Baião Barroco (Juarez Moreira) e Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos). Já em Ouro de Minas, Dudu Lima homenageou Fávio Venturini  e, principalmente, Milton Nascimento e João Bosco, os quais também participam como colaboradores:  de Venturini foi inclusa "Nascente"; de Bosco foram inclusas as canções  "Corsário", "Bala com Bala" e "O Ronco da Cuíca"; enquando de Nascimento foram inclusas "Um Cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco", "Fé Cega", "Faca Amolada" e "Cravo e Canela". Enfim, como se pode presenciar,  Dudu Lima, que já vinha de uma prolíficua carreira como contrabaixista, acaba por reafirmar seu talento nos meandros da composição e concretiza-se como um estudioso do inovador cancioneiro mineiro. Pois bem: o nosso desejo é que muitos álbuns e DVDS com belas composições próprias e/ou com belas releituras surjam. Como instrumentista, Dudu Lima já tocou com os mais diversos gênios da música brasileira e internacional: entre eles Stanley Jordan, Hermeto Pascoal, Jovino Santos Neto, Arthur Maia, Mauro Senise e Jean-Pierre Zanella.

2 comentários:

pituco disse...

oi vagner,

post bacanudo pacas...sou suspeito porque fâzão dessa galera toda, que me foi apresentada aos 12 anos, com o disco minas, do miltão...nossa é a estória de nossa música, assim como pixinguinha, baden, etc e tal.

me emociono muito, quando vejo esses resgates que compôem minha estória pessoal...rs

valeô
abraçsons

Vagner Pitta disse...

A música mineira é uma das mais lindas do mundo. Ainda tem muito espaço pra falar delas aqui no Farofa.

Valeu Pituco!

Outros Excelentes Sites Informativos (mais sites nas páginas de mídia e links)