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Masada em São Paulo: A Cusparada ao estilo "Klezmer a La Zorn"!!!

Existem algumas coisas negativas que acontecem em shows de jazz que não são exclusividade brasileira, mas aqui, num país onde as pessoas costumam ver Kenny G como um ícone do jazz -- e é por isso que colei aqui o álbum paródico Kenny G meets John Zorn, do poeta Kenneth Goldsmith e do compositor de música eletroacústica Jonathan Zorn --, essas coisas acontecem da forma mais fanfarrona e bizarra possível. Enfim..., esses shows de jazz e livre improvisação estão cheios de pessoas medíocres e esnobes que só vão para exibir seu status e sua aparência nerd, cool, geek, hype e indie, mas que nem sabe os nomes dos músicos que vão ouvir, quando mais o que é jazz  ou o que é improvisação livre, ou seja, estão naquele ambiente mais como um exercício de se manterem "descolados" e não como um amante da arte. Quer dizer..., nada contra as pessoas exibirem sua aparência cada um ao seu gosto, mas isso não faz delas humanos especiais, concordam? E também faço uma ressalva para aquelas pessoas que vão ao show justamente para entrar em contato com algo que ela não conhece -- isso já é uma busca ousada. O problema é que existem os medíocres. O problema é que, além de existirem os medíocres tímidos, também existem os medíocres espalhafatosos, a grande maioria dentro desta espécie de gente. Quem já leu um pouco das biografias de músicos de jazz já sabe quais os tratamentos que alguns músicos davam a determinados tipos de público. Miles Davis tocava virado de costas para o público branco racista e preconceituoso. Keith Jarrett é capaz de abandonar um concerto no ato se ele cismar que o piano não está legal ou que o público não está se comportando de forma educada. Agora, pergunto: e John Zorn, talvez o mais "subversivo" dos últimos grandes criadores musicais, o que é capaz de fazer se tiver algum descontentamento com o público? Bem...sigamos e veremos à frente:

John Zorn
Como eu dizia dos medíocres, um dos exercícios mais proveitosos -- apesar de nem tão aparentemente interessante -- que qualquer pessoa pode fazer de forma corriqueira, é observar os medíocres e tentar ser diferente deles. O medíocre é aquele tipo de idiota esnobe ainda mais idiota que o idiota natural -- aliás, convenhamos, cada um de nós necessita de um tanto de idiotice para se ter um contraste com a seriedade: e quando conseguimos ser idiotas com graça e elegância, então isso até pode chegar a ter alguns "quês" do nonsense, do humor, da ironia e do sarcasmo, algo que o medíocre não consegue. Falo isso porque neste Sabádo, dia 17 de Março de 2012, depois de passar a tarde tocando improvisação livre com alguns amigos, estive no show do grande compositor, experimentalista e saxofonista John Zorn no Cine Jóia (na Praça Carlos Gomes, na Liberdade) e presenciei alguns exemplos daquelas idiotices que fazem um medíocre.

John Zorn...bem...é um dos últimos grandes vanguardistas e criadores da arte da música que dispensam maiores apresentações -- vide os tantos álbuns, resenhas e biografias que existem na internet relacionados a ele --, mas para quem ainda nunca nem ouviu falar é o seguinte: advindo do free jazz (Ornette Coleman, Anthony Braxton e etc) e influenciado pela música erudita de vanguarda (Varése, Cage, Kagel  e etc), Zorn se tornou um dos maiores ícones da música pós-moderna ao lançar projetos (tributos, trilhas sonoras e álbuns temáticos) com colagens e misturas que começaram a englobar uma enorme gama de elementos estilísticos da música tradicional e moderna, tais como a  música judaica (klezmer music), o jazz tradicional, o free jazz, o noisecore (uma corrente underground mais comum na Europa e no Japão), a livre improvisação, a música eletrônica, o hardcore e o grindcore (estilos de "rock pesado", um atrelado ao punk e o outro ao rock experimental e gutural), a música erudita moderna, a música country, a surf music  e etc. Neste show -- sua segunda visita ao Brasil, encabeçada pelo Centro da Cultura Judaica -- Zorn veio apresentar apenas uma das inúmeras facetas que compõe sua universal personalidade: trata-se do Masada em sua formação acústica, um quarteto (com sax alto, trompete, contrabaixo e bateria) que mescla elementos jazzísticos (bebop, free jazz e etc) com klezmer (música judaica). Zorn, segundo a comunidade judaica, seria um artista experimental que não apenas expandiu os limites da música, mas revalorizou, dentro dessa expansão, a música e a liturgia judaicas.

Pois bem, aconteceu que, logo de início, já era visível alguma irritação em Zorn -- talvez por motivos relacionados às sua exigências para com a casa e a produção do evento, o que não vem ao caso neste post e é comum quando se trata de músicos estrangeiros que vêm tocar no Brasil.  Quando John Zorn (sax alto), Dave Douglas (trompete), Joey Baron (bateria) e Greg Cohen (contrabaixo) subiram no palco do Cine Jóia, o público ainda amargava num burburinho geral: uns falando de artes e música, outros se gabando por estar numa típica balada meio "out" para pseudo-intelectuais endinheirados, outros falando do amigo que não pôde ir e outros, talvez, comentando, ansiosos, como ia ser o show, se o músico ia tocar aquele tema de um determinado álbum e por aí vai... Aconteceu que o público não ficou e silêncio de imediato, como deveria. Aconteceu que, além do fato do público demorar para perceber que aquele era um tipo de música pra se ouvir em silêncio, alguns idiotas começaram manifestar de forma ainda mais enojante sua falta de preparo. Entre um tema e outro e nas pausas entre um improviso e outro haviam alguns idiotas gritando coisas como: íiirrrah, iahhuuuul, aaaai, uuuii e até um "vaaai, Curintia!", uma expressão popular relacionada ao nosso Glorioso Timão, o Corinthians. Talvez Zorn, que não conhece o quão "folião" pode ser um brasileiro que gosta de "fanqui carioca" e carnaval e assiste a Rede Globo, não percebesse que  tratava-se de manifestações de estranhamento e deboches de alguns aloprados à sua música, mas nós que estávamos curtindo a arte ali apresentada -- e éramos, felizmente, a maioria -- tínhamos certeza disso. Em contrapartida, dizíamos  coisas como: "Caralho, que cara sem noção!"..."Acho que ele pensa que está num show do Restart, Mister Catra ou da Ivete Sangalo"..."Não é possivel!". Mas não parou por aí: a mediocridade desses idiotinhas brasileiros não ficam só na falta de educação auditiva. De repente, John Zorn, ainda mais irritado, começou a repreender um cara que estava na primeira fileira do público tentando filmá-lo ou fotografá-lo -- e todos sabem que é um direito do artista exigir não ser fotografado, por questões legais mesmo. Repreendeu uma vez. Repreendeu a segunda vez. Na terceira vez, John Zorn lhe atirou uma cusparada e fez um gesto ríspido com a mão como quem queria dizer "Caia fora!", voltando, repentinamente, a soprar uns improvisos livres, guturais e triturantes dos mais viscerais que eu já presenciei! A cena do cuspe, talvez desagradável para o artista e constrangedora para algumas pessoas do público, foi fantástica!

Ao final do show, por duas vezes o público permaneceu maravilhado e batendo palmas, pedindo bis: e, apesar de visivelmente irritado com aquela meia duzia de aloprados, Zorn nos atendeu as duas vezes e mostrou sua gratidão para os que estavam ali para apreciar sua música. No caminho de volta do show -- e aí quero lembrar que eu e alguns amigos descíamos a pé para o Bar B (na Rua General Jardim, na República), onde iríamos ver a apresentação do excelente Otis Trio --, fomos comentando não apenas o quão gratificante tinha sido pagar R$ 100 reais pelo show, mas também fomos nos indagando sobre o que deveria ter irritado tanto o músico: uns desconfiava que era por causa dos gritinhos dos aloprados, outros disseram que era porque o idiota que começou a tirar fotos toda hora posicionava o infravermelho da câmera no rosto do artista...enfim..., ou pode ter sido tudo isso junto... No final da noite, fui convidado por um casal de amigos  para pousar em sua casa: lá, mexi  e remexi em sua coleção de discos de vinis e saquei logo Brahms e Rachmaninov para ouvirmos -- já que estávamos voltando da onda free improvisation, nada mais agradável do que ouvirmos algo erudito antes de dormir. Ao voltar pra casa e meditar em toda essa viagem -- ou essas viagens --, cheguei a conclusão que é isso mesmo: algumas pessoas precisam apenas de arte e boa música para nutrir a alma -- que seja Brahms ou Braxton, que seja livre improvisação ou uma canção de MPB --; enquanto outras, aquelas medíocres, precisam mesmo é de uma cusparada ao estilo "Klezmer a La Zorn" para acordar para arte. Enfim, apesar da visível irritação do artista, foi positivo ver que o público que foi ao show de Zorn com o Masada foi bem diversificado de "tribos": de roqueiros que admiram a faceta mais pesada (grindcore e hardcore) do mestre à senhores e madames desavisados que acharam que iam curtir algum tipo de jazz ambiente ou algum tipo de música judaica tradicional com músicos barbudos de chapéu e kipá; de jovens estudantes descolados bem ao estilos indie, nerd e hype a músicos, jornalistas, produtores e artistas. Para quem não foi ao show, ouça algumas das facetas de John Zorn através do nosso canal de Rádio, na seção RADIO & PODCAST disposta no topo do blog.

8 comentários:

Ana disse...

Desculpa falar, mas acho que você não sabe o significado da palavra medíocre.

Beijos

Wu MIng disse...

Eu estava a 1 metro do primeiro idiota que irritou profundamente o Zorn.

Acredito que ele ficou puto não por causa de algum suposto direito de imagem que estaria lhe sendo roubado, mas por que alguma luz da máquina devia estar lhe cegando.
Ele pediu uma vez e na segunda mandou o cara "Get the fuck out!" Deu para ouvir e ler nos seus lábios a expressão com bastante clareza.

Esse idiota por um desses infelizes destinos era conhecido de um amigo meu que estava no show e passou um bom tempo reclamando para o meu amigo que "a câmara nem tem flash", "eu liguei antes para perguntar se podia e me disseram que sim", enfim, um grandissísimo idiota que em vez de curtir o alto grau de música que rolava naquele palco estava mais preocupado em tirar fotinho vagabunda naquele maldito celular de merda dele.

Depois do primeiro medíocre, um outro ocupou o seu lugar e teria sido este a levar a cusparada, não o primeiro. Confesso que não vi o momento da cuspida zorniana mas ouvi depois relatos que ele teria mesmo recebido uma cusparada.

Enquanto isso, o primeiro medíocre gritava nos intervalos das músicas: "Vai cuspir na mãe!"
É mole?

Cara, tem horas que a única coisa sábia a fazer é ficar trancado dentro de casa por causa desses seres humanos esdrúxulos que empesteiam as salas de cinema e os teatros da cidade.

Mesmo assim, rolaram alguns momentos sublimes no Jóia com aqueles 4 monstros que estavam na nossa frente.

Mas que foi foda o comportamento que você descreveu no post, isso foi...

Carlinhos Mazzoni disse...

Belo texto man! Realmente grande parte do público brasileiro é um lixo!
Na verdade os dois primeiros avisos do Zorn foram para um cara e o segurança afastou na sequência. Aí veio um outro babaca em seguida e grudou a camera no retorno do Zorn...
Eu fui lá e dei um toque pro cara q tinham acabado de escurraçar outro 'camera fool' a pouco. Falei pra ele parar senão ia arrumar pra cabeça...
Mas o cara me desdenhou falando q o celular dele tava sem flash...
Eu só falei: o do cara tb tava, mas vc que sabe...
Ai depois de 1 minuto veio o escarro! HAHAHAH
Qnd acabou fui para o B tb! Pra manter o nível da noite... Dei até uma canja com o Otis. Quando o Flavinho (Tubarão) batera não pode fazer algum show, eu sempre faço de sub pra ele! Puta honra! Sou fã do Otis tb!
Ouvi falar que o Zorn é meio "de lua"... as vezes surta...
Esses caras gêniais não são muito normais mesmo, ainda mais no nível de xaropagem dele...
Abs
Carlinhos Mazzoni

Vagner Pitta disse...

Significado de Medíocre

adj. Que está entre o grande e o pequeno, o bom e o mau: obra medíocre.
S.m. Aquele que é medíocre, aquele que não tem grande valor intelectual.

Sinônimos de Medíocre

Sinônimo de medíocre: meão, mediano, remendão, trivial e vulgar

................................


medíocre
adj. 2 g.
1. Mediano; sofrível; meão; insignificante

Anônimo disse...

Fiquei absolutamente chocada com o que aconteceu no Cine Joia, em São Paulo.
Se existe uma cidade no Brasil que sempre julguei perfeita para receber shows deste calibre é Sampa. E se tenho opções, sempre a elejo. Amo SP!
Mas a estrutura oferecida pelo local do show (o Cine Joia é LINDO, mas completamente inadequado para o tipo de música em questão) e principalmente o PÚBLICO me encheu de vergonha.
Uma pena que um concerto tão excepcional tenha tido seu brilho abafado pela animosidade de uma platéia totalmente sem noção.
Tenho certeza que dentre as 400 (??) pessoas que lotaram o local, umas 50 sabiam exatamente o que estavam fazendo ali. O resto (resto mesmo! Chorume brabo!) era um (de)composto de "cenosos descolés" que foram fazer média Deus sabe com quem...
E olhe que o ingresso não foi dos mais baratos!
Uma tristeza diante de uma oportunidade impar.
Apesar de tudo, valeu MUITO a pena assistir a um gênio vivo em pleno processo de criação.
Foi uma experiência muito marcante.
Espero que um dia Zorn volte ao Brasil e que não demore. E que tenha a sorte de tocar para um público decente.

Tatiana Monteiro

Wu Ming disse...

Tatiana, vc resumiu bem: o local é muito bonito mas Masada não é o tipo de espetáculo para se assitir de pé e com o pescoço esticado para enxergar o palco...

Mas não tinha 400 pessoas no lugar, tina bem mais: umas 700, talvez até 800 pessoas.

Um terço, se muito, conhecia o trabalho do Masada, o resto foi de embalo.

Israel disse...

Eu tb estava a menos de um metro da situação, realmente foram duas pessoas que ficaram lá um bom tempo filmando-o, porém antes da dita cusparada o John Zorn ficou encarando o indivíduo com a filmadora um bom tempo enquanto solava frenéticamente e com expressão pra lá de furiosa.
Como o cara não se tocou..tomou uma cusparada...
Além disso ouvir um "Vai Curintia" no Bis foi de lascar....Mas ta Valendo o show foi devastador!

Anônimo disse...

Hi !

I have come into contact with Zorn a few times. So far, he has hit on my girlfriend, told the audience to cheer more (he made a surprise appearance), and yelled at me and some fellow cigarette smokers “to get off the fucking sidewalk” and get back to our designated smoking area in front of Webster Hall. Which brings me to my next point: Hadju should have made it clearer that the problem with John Zorn is that he is a royal asshole. His music is just icing on that cake.
Best.
Zak

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