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Entrevista - Melissa Walker & Christian McBride: a conexão entre músico e cantor e o desafio de "jazzificar" o pop moderno!

Entrevista: Vagner Pitta & Luís Delcides
Fotos: Mila Maluhy & Luís Delcides


Seguindo com mais uma das entrevistas que realizamos com os músicos presentes na 3ª edição de Brigestone Music Festival, ocorrida de 19 à 22 de Maio de 2010, apresento-vos as respostas da cantora canadense Melissa Walker e do seu marido, o já legendário contrabaixista norte-americano Christian McBride. Melissa, na condição de cantora benquista pela crítica, e McBride, como um dos contrabaixistas mais requisitados das últimas décadas, nos falaram sobre o porquê de ser tão comum o fato dos músicos e cantores de jazz abastecer seus repertórios de canções da música pop, haja vista que o show daquela noite não seria pautado apenas por standards antepassados, mas por canções do pop moderno, entre elas, por exemplo, “Don't Give Up”, de Peter Grabriel (um dos cérebros da banda de pop e rock progressivo Gênesis, antes de seguir carreira solo) –- isso, segundo eles, é um dos elementos inerentes à própria tradição e cultura do jazz. Além disso, o casal também explicitou suas impressões sobre a música e o povo brasileiro, bem como falaram de algumas das suas influências –- Melissa até nos adiantou que cantaria “Flor de Lis” de Djavan, o que ocorreu, de fato, sem a pegada do nosso samba, mas com graça e requinte. Na verdade, a entrevista beirou a um bate papo descontraído, apesar de ter sido realizada num período apertado, de mais ou menos vinte minutos. Christian e Melissa foram super simpáticos e víamos que eles se sentiam a vontade conosco ali nos estofados do camarim. Melhor assim.

Após apresentações formais, Christian não deixou de notabilizar a presença do gaitista Gregoire Maret junto à sua banda naquela noite, já que a formação do seu quinteto, o Inside Straight, não pôde estar presente com ele dessa vez aqui no Brasil. Ele disse: “Você conhece esse cara? Esse cara toca Charlie Parker na harmônica como ninguem”! Tímido, o gaitista apenas deu um sorriso modesto e acompanhou a entrevista quase todo tempo calado. E de fato, a presença de Maret no show foi um adendo mais do que especial: algumas pessoas com as quais conversei lá no evento, e outras com as quais troquei mensagens no Twitter acharam que sua performance superou até mesmo a presença da cantora, Melissa Walker – quando, na verdade, seus solos deveriam ser apenas um complemento. A cada solo efusivo – com vôos que pareciam querer romper os limites do pequeno instrumento – a platéia presenteava Maret com aplausos mais do que calorosos.

O companheiro jornalista Luis Delcides, também presente na entrevista, havia sido o contato pela produção do Bridgestone naquele mesmo dia para fazer toda uma correria atrás de um contrabaixo elétrico de confiança que atendesse às recomendações de McBride. Atuante no segmento de Assessoria de Imprensa, Delcides explicou ao contrabaixista como funcionou a “correria”: uma busca em sua agenda, contatos via telefone, e-mail, Twitter e Facebook com alguns dos maiores contrabaixistas paulistanos, entre eles Bruno Migotto, Nino Nascimento e Arismar do Espírito Santo. Por fim, o legendário Arismar foi quem emprestou seu experimentadíssimo instrumento ao contrabaixista americano. McBride, por sua vez, agradeceu Delcides e elogiou todo o empenho da produção.


Segue, abaixo, a entrevista:

Qual são as impressões e expectativas de vocês em relação ao publico brasileiro? É a primeira vez que vocês vem ao Brasil?

Melissa Walker: É minha segunda vez. Chris já veio ao Brasil três vezes. Na verdade, aqui em São Paulo é primeira vez. A primeira vez que vim ao Brasil foi em 98, através do consulado americano. As pessoas aqui são muito alegres e gentis. Na época que fiz turnê aqui, era a época do campeonato mundial de futebol – Copa do Mundo que o Brasil ganhou --, e fiquei impressionada com a festa gigantesca que presenciei aqui, pois parece maior que qualquer festa que já presenciei nos EUA. Passei por Vitoria, Rio de Janeiro e Amazonas. Mas nessa época eu ainda não conhecia e não era casada com Chris (risos).

É sabido que, além de líder de banda, você tem muita experiência em acompanhar cantoras e cantores. Qual a diferença entre acompanhar cantores e tocar música puramente instrumental?

Christian McBride: São muitas. Acompanhar cantores exige grande sensibilidade e dinâmica. Mas o que eu tento fazer é trazer pra atualidade a tradição dos grandes contrabaixistas -- como Ray Brown, por exemplo --, que escutavam os cantores e os considerava como parte da banda, como se fosse mais um instrumento, mais uma voz da banda do que algo à parte dela -- por essa prática, aliás, Ray Brown foi um dos mais requisitados contrabaixistas da história. Percebo que em algum momento da história da música essa conexão forte entre cantores e a banda passou a inexistir ou já não existe de forma tão integrada como era antes, pois hoje em dia ou os músicos se colocam à parte ou o cantor se coloca distante da banda, como algo superior. Não tem sentido isso, não sei como isso foi acontecer...

Na década de 1980 e 1990 presenciamos uma geração de jovens que tiveram como ênfase estudar as tradições do jazz.Você é um dos principais contrabaixistas das últimas décadas e tem lançado interessantes discos de vertente contemporânea. Quais as tendências do jazz neste inicio de século?

Christian McBride: Não acho que dê pra segmentar, agora, todas as tendências do jazz – é uma tarefa para depois. E também, as tendências variam de lugar pra lugar. Mesmo nos EUA não há uma tendência dominante: New York, San Francisco, Chicago, New Orleans... -- nesses lugares há um grande público de jazz e as tendências variam conforme a cultura de cada região. Há tendências que surgem em outros países também. No Brasil mesmo há um público considerável de jazz. A bossa nova foi uma das grandes tendências nos anos 60, por exemplo. Todo músico de jazz passou a ser influenciado pela bossa nova.

Vocês gostam da música brasileira? Gostam de algum músico brasileiro em especial?

Melissa Walker: Sim gostamos muito da música brasileira. Gostamos de Ivan Lins, Milton Nascimento, Djavan e muitos outros...Christian tocou com Ivan Lins há dois anos atrás e também tocou com Tom Tobim dois meses antes dele falecer. Eu, particularmente, adoro a música de Djavan. Lembro quando ele estourou, quando o sucesso dele chegou na América: foi um grande impacto para mim; achei uma música linda, de um lirismo impressionante.

Gregoire Maret: Eu acho impressionante o lirismo da música brasileira. Como eu toco harmônica, um instrumento lírico, esse é um dos fatores que mais me inspiram...

Christian McBride: Wow, man, Tom Jobim! Lembro desse show com Tom Jobim. Foi um show no Carneggie Hall com vários músicos em homenagem ao 50 anos de aniversário da Verve Records. O contrabaixista convidado era Charlie Haden, que não pôde estar presente em todas as faixas. Pat Metheny, então, me convidou para uma curta substituição. Dois meses depois ele faleceu: foi um grande choque. (partes desse shows foram compilados no excelente disco Carnegie Hall Salutes The Jazz Masters: Verve 50th Anniversary)


Seus repertórios contém temas da música “pop”. Há uma tendência dos cantores e músicos de jazz atualizar o repertório do jazz inserindo temas de outros gêneros? Por quê?

Melissa Walker: Acontece que o jazz sempre foi popular. Os cantores e músicos de jazz escreviam para a Brodway e muitos temas de cantores e compositores populares também viraram standards do jazz. E até hoje essa conexão não acabou. Ella Fitzgerald é pra mim um grande exemplo: ela cantou inúmeras canções populares que não foram escritas por músicos de jazz – de Beatles à Tom Jobim.

Então, pop é só uma questão de rótulo? Assim como os músicos de jazz usavam temas populares de Cole Porter e Irving Berlin, é natural vermos temas do pop contemporâneo no jazz?

Christian McBride: Sim...veja... Cole Porter, Frank Sinatra, Stevie Wonder, Irving Berlin, Harold Arlen, Beatles, Sting, Peter Gabriel...todos foram ou são “pop”. Assim, como os músicos de antigamente, temos nossas referências na música popular atual e a usamos, traduzimos para nossa linguagem...

Melissa Walker: Na verdade, sabemos que desde o início o jazz também se baseava através de elementos populares que não são do jazz, propriamente dito, mas que foram traduzidos para nossa linguagem. E fazer isso não é fácil: isso sempre será um desafio.

O seu ultimo disco, Kind Of Brown, é uma paráfrase do Kind of Blue de Miles Davis ou uma homenagem ao contrabaixista Ray Brown?

Christian McBride: Ao contrario do que alguns críticos estão dizendo, meu ultimo álbum não faz uma homenagem exclusiva ao Ray Brown, nem à James Brown e nem parafraseia o Kind of Blue do Miles Davis: não foram essas as intenções. Mas lógico que Ray Brown é uma referência importante: não só pra mim, mas para todos os contrabaixistas. No meu caso, Ray Brown foi pra mim mais do que uma grande influencia, foi um mestre, um amigo pessoal com o qual toquei e convivi (no projeto Super Bass, principamente, com o também contrabaixista John Clayton).

Curiosidades: para quem quiser saber mais sobre a biografia, discografia e ouvir faixas da cantora Melissa Walker e do contrabaixista Christian McBride, clique nas imagens e acesse seus respectivos sites. Acesse também resenha em português, aqui do Farofa Moderna, sobre os excelentes lançamentos de McBride.


Um comentário:

Roberto Cuzco disse...

Interessante entrevista. O blog está cada vez mais legal, com novidades muito legais mesmo.

Quanto a idéia deles de transformar temas do pop em jazz, acho totalmente coerente. Mas isso só fica realmente jazz em mãos de musicos que realmente prezam por um expectro jazzistico autentico.

Se der um desses temas do Sting nas mãos de músicos smoothy, acho que o resultado fica ainda pior que o pop

Abs. Roberto Cuzco.

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