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O prolífico Christian McBride: atualizando o passado, ditando o presente !

 
Conheço algumas pessoas – dentre elas colegas próximos – que só consideram gigantes os músicos do passado: simplesmente porque já há todo um legado em torno deles e se criou toda uma nostalgia e uma mitificação em torno dos seus talentos e das suas façanhas, de forma que até seus pecados e limitações são exaltados com descrições nostálgicas e poéticas. Essas pessoas não aceitam que músicos e compositores das últimas décadas, que já são legendários – como um Wynton Marsalis, por exemplo –, sejam considerados lendas vivas ou sejam postos no mesmo patamar de gênio que alguns músicos e compositores do passado – como Charles Mingus ou Miles Davis – são postos pela critica especializada. Ou seja, para essas pessoas um músico e compositor como Wynton Marsalis precisaria envelhecer, morrer, ter seu legado e suas história analisada afim de garantir um “peso histórico”, ser amplamente aceito pelo público jovem das gerações futuras como um “músico beatificado” para, enfim, ser considerado lenda ou mito com uma importância relevante na história do jazz tanto quanto Charles Mingus possui – é uma opinião até coerente e aceitável. No entanto, todos nós sabemos que até os mitos precisam, de tempos em tempos, de uma ajudinha do mercado para se manterem em voga: um exemplo disso são as recentes homenagens e os relançamentos do álbum histórico Kind of Blue, os quais vieram em 2009, ano do 50º aniversário do lançamento original, a fim de reafirmar a importância que esse trabalho de Miles teve dentro da história, bem como reafirmar o seu legado dentro do jazz contemporâneo – ou seja, até os mitos entram e saem da moda, podendo voltar aos holofotes de tempos em tempos. Mas também sabe-se que em toda a história da música sempre houve, de fato, casos raros de músicos e compositores vivos – alguns deles ainda jovens – que foram considerado gênios e lendas vivas em suas épocas: isso já aconteceu ou pelo viés do tradicionalismo ou pelo viés do vanguardismo. Eu, particularmente, não só aceito que haja músicos do presente que podem ser colocados no mesmo patamar de “gênio” que os músicos do passado, como também acredito que alguns já ultrapassam os mestres com feitos e façanhas gloriosos: e essa resenha destaca, sobretudo, alem do citado Wynton Marsalis – que ultrapassou trompetistas com sua completude e ultrapassou compositores com sua escrita erudita – o contrabaixista Christian McBride, principal e mais aclamado nome do contrabaixo da atualidade.


Se McBride encerrasse sua carreira hoje, aos 38 anos, ele já teria seu nome posto na história como um dos maiores contrabaixistas de todos os tempos. Com devoção confessa à mestres como o “pai” do funk James Brown e os contrabaixistas Ray Brown e Paul Chambers, Christian McBride surgiu, inclusive, através das mãos abençoadas de Wynton Marsalis quando ainda tinha 14 anos, na década de 80. Wynton, já em sua fase de precoce consagração aos 25 anos de idade, descobriu o jovem McBride em um workshop quando estava em turnê pela Philadélphia, em 1986, convidando-o para tocar em um projeto que ele estava desenvolvendo com a Academy of Music. Apenas alguns poucos anos, entre os direcionamentos de Wynton – que pregava um revival ao jazz acústico e às tradições como um novo ponto de partida para o jazz pós-fusion –, os estudos na High School of Performing Arts, a breve passagem pela Julliard School of Music e sua fase inicial como sideman dos mais variados músicos, foram suficientes para que Mcbride iniciasse a década de 90 já como a principal revelação do contrabaixo: em 1989, por exemplo, ele foi escolhido por Ghunter Schuller para executar a dificílima suíte de Mingus, intitulada Epitaph; e em 1992, ele foi considerado pela revista Rolling Stone como um dos principais músicos de jazz do ano. Mas isso estava acontecendo de forma precoce porque o próprio jovem McBride largara os estudos na Julliard School para tocar com os mais variados músicos do jazz e fora dele: talvez por considerar que, por já ter uma agenda extremamente cheia, a sua principal escola seria tocar com o maior número de músicos e bandas possíveis ao invés de ficar confinado em uma sala estudando conceitos musicais. Essa fase inicial da sua carreira é marcada pelas colaborações com os principais “Young Lions” da época, bem como com muitos músicos consagrados: a começar por Wynton Marsalis, o saxofonista Bobby Watson (que, ao lado do trompetista, foi quem mais lhe ajudou), o trompetista Roy Hargrove, o saxofonista Joshua Redman, a jazz singer Betty Carter (outra das suas entusiastas), os veteranos trompetista Freddie Hubbard e o saxofonista Benny Golson, até o guitarrista Pat Metheny, que o convidaria para integrar seu acústico Pat Metheny’s Special Quartet. 



Christian McBride & Ray Brown




















(Kind of Brown)


Mas se por um lado Christian McBride passou a ser o contrabaixista de jazz mais requisitado da sua geração, por outro lado essa resenha tem a função de mostrar a faceta mais pessoal e autoral da sua carreira, que já conta com 9 títulos originais. O primeiro trabalho solo do contrabaixista, o álbum Gettin' To It, foi lançado em 1995, logo após assinar um contrato com a gravadora Verve: trata-se de um trabalho na linha do neo-bop wyntoniano que contou com músicos da linhagem dos “young lions” : o pianista Cyrus Chestnut, o trompetista Roy Hargrove, o saxtenorista Joshua Redman e o baterista Lewis Nash. Essa predominância do neo-bop, uma tendência revivalista iniciada por Marsalis que consistia em resgatar o swing e atualizar as variações do bop, foi o ponto de partida para que McBride chegasse adotar uma estética mais eclética a partir do final dos anos 90 – ainda que sem deixar de celebrar a influência dos mestres –, afirmando-se , logo depois, como um dos expoentes do modern post-bop, uma das estéticas que caracterizam o jazz produzido nesses últimos anos. Em sua fase “young lion” McBride lançou mais dois albuns onde observa-se com nitidez uma atualização das formas acústicas do bebop, hard-bop e post-bop do passado: em Number Two Express, McBride usa e abusa da linguagem bop através de diferentes combinações entre músicos jovens e veteranos, onde participam os sax-altos Kenny Garrett e Gary Bartz, o vibrafonista Steve Nelson e os pianistas Chick Corea e Kenny Barron, o percussionista Minu Cinelu e o baterista Jack DeJohnette; já em Fingerpainting: The Music of Herbie Hancock, McBride atua em trio com o trompetista Nicholas Payton e o guitarrista Mark Whitfield para prestar uma homenagem acústica e sem bateria ao lendário pianista Herbie Hancock, músico que fez história no post-bop sessentista e no fusion setentista. Porém, os lançamentos de Cristian McBride a partir de 1998, assim como os da maioria dos chamados young lions, entraria nessa fase mais recente do modern post-bop, englobando influências diversas como o neo-soul, o jazz-funk, o fusion e o hip hop. Em A Family Affair e Sci-Fi, últimos álbuns lançados pela Verve (em 1998 e 2000, respectivamente), Christian McBride usa não só contrabaixo acústico como também o elétrico, mostra performances intrincadas onde fica evidente a admiração por contrabaixistas do fusion como Jaco Pastorius e Stanley Clarke e usa composições de James Brown, Stevie Wonder, Sting, dentre outros compositores do além-jazz.

Gettin' To It (Verve, 1995)
































Essa personalidade eclética, com um pé na tradição dos mestres e outro na ousadia de tocar das mais variadas formas, viria a acontecer não só porque Christian McBride estava aderindo à essa recente corrente do jazz contemporâneo onde já não existe um “ismo” ou uma estética dominante, mas, sobretudo, porque desde o início McBride se dispôs a tocar com os mais variados músicos e bandas, não fazendo juízo de valores, ainda que acertando nas escolhas entre os projetos mais comerciais e os mais intrincados. Do início dos anos 90 ao início dos anos 200, McBride já havia tocado com uma multidão de músicos e bandas que não se limitava apenas ao espectro do jazz: desde Freddie Hubbard, Joe Henderson, McCoy Tyner, Herbie Hancock, Pat Metheny, Diana Krall, Roy Haynes, Chick Corea, Wynton Marsalis, Joshua Redman, Ray Brown's , John Clayton, até com músicos do hip-hop, pop e neo-soul, tais como The Roots[1], Kathleen Battle, Carly Simon, Sting, Bruce Hornsby, James Brown e Chris Botti. Entre 2001, em um outro exemplo de versatilidade, McBride lançou um projeto com o pianista Uri Caine chamado "The Philadelphia Experiment”, projeto que reuniu um trio inusual de músicos da Philadélphia com diferentes estilos – Uri Caine (pianista e tecladista mais caracterizado pelo modern creative), Ahmir "Questlove" Thompson (baterista com fluência no funk e hip hop) e o próprio McBride (com seu neo-bop e modern post-bop) –, o que resultou no disco homônimo lançado pela gravadora Ropeadope nesse mesmo ano (posteriormente, com o sucesso desse projeto, a gravadora lançaria os semelhantes The Detroit Experiment e The Harlem Experiment, com músicos com técnicas distintas de Detroid e de Nova Iorque, respectivamente).


(Live at Tonic)

Os três últimos álbuns e projetos de McBride são, sem dúvida, o sumo da sua faceta pessoal, que caracterizou sua carreira nesse início de século 21 e, por consequência, contribui para definir as roupagens do neo-bop e modern post-bop nesses últimos anos. Em 2002 ele fundou sua Christian McBride Band, um quarteto com o saxofonista Ron Blake, o pianista e tecladista Geoffrey Keezer, e o baterista Terreon Gully (quem esteve na edição de 2008 do Festival Tudo é Jazz de Ouro Preto pôde conferir a atuação da banda): com essa banda, então, ele lançou pela Warner, em 2003, o interessante Vertical Vision, que também teve a atuação do ilustre guitarrista do m-base David Gilmore, como convidado . Em 2005 ele voltou a gravadora Ropeadope para solicitar uma astuta gravação de um show ao vivo no extinto e, até então excelente, clube nova-iorquino Tonic (que fecharia as portas em 2007): o álbum Live at Tonic, lançado em 2006, contém três discos de longas performances improvisativas e viscerais, onde os estilos neo-bop, o fusion, o funk e o hip hop, bem como os timbres dos instrumentos acústicos e os timbres dos psicodélicos, se unem num resumo que caracteriza perfeitamente as fusões que estão acontecendo no jazz americano dos últimos anos e do início do século 21 – trata-se de um projeto de três noites no clube Tonic com seu já habitual quarteto (com Geoffrey Keezer, Ron Blake e Terren Gully) mais uma leva de convidados que inclui o pianista Jason Moran, a violinista Jenny Scheinman, o guitarrista Charlie Hunter e o músico de hip hop DJ Logic. Já em seu trabalho mais recente, Kind of Brown (Mack Avenue, 2009), McBride apresenta um outro quarteto, dessa vez denominado Inside Straight, com o qual parafraseia o título do álbum Kind of Blue, de Miles Davis, para prestar uma talhada homenagem ao mestre do contrabaixo Ray Brown, com quem tocou no projeto Superbass (documentado em dois discos lançados pela Telarc, um em 1996 e outro em 2001). Nas palavras do crítico Michael G. Nastos para o All Music Guide, a roupagem "straight-ahead" do álbum Kind of Brown, que mostra, junto à McBride, as atuações do jovem vibrafonista Warren Wolf , do saxofonista Steve Wilson, do pianista Eric Reed e do baterista Carl Allen, lembra os excelentes trabalhos do vibrafonista Bobby Hutcherson em parceria com saxofonista Harold Land registrados pela Blue Note na década de 70; mas é preciso lembrar que, se a intenção de McBride foi mesmo produzir um tributo alusivo ao seu mestre, é possível que ele também tenha se inspirado na gravação de Ray Brown com o vibrafonista Milt Jackson na edição de 1977 do Montreaux Jazz Festival (no DVD da serie Norman Granz’ Montreaux Festical), os quais se apresentaram com uma banda monstruosa, no dia 13 de Julho de 77, tendo atuações fantásticas de Clark Terry no trompete e flugelhorn, Monty Alexander no piano, Eddie "Lockjaw" Davis no sax tenor e Jimmie Smith na bateria. Assim, concluindo, não é preciso nenhum esforço para entender que Christian McBride, enfim, chega à segunda década do século 21 – como um dos maiores expoentes do jazz contemporâneo e como o principal contrabaixista da sua geração – atualizando o passado e ditando o presente: os discos Live at Tonic (2006) e Kind of Brown (2009) são alguns dos principais lançamentos a caracterizar o jazz genuinamente americano dos últimos anos.

Clique nas imagens para saber mais sobre Christian McBride: ou para comprar, ouvir e baixar seus discos. Na Comunidade Farofa Moderna do Orkut, o excelente disco Live At Tonic está disponível para download. Entre e baixe-o!


2 comentários:

Érico Cordeiro disse...

Mestre Pitta,
belíssimo tratado sobre a vida e a arte do grande McBride - sem duvida um dos músicos das novas gerações que ombreia-se, com facilidade, com os maiores nomes do instrumento!
O Kind Of Brown é absurdo!!!!
E hoje pela manhã eu assistia ao dvd do Sting (um acústico gravado na Itália), com uma banda all-star que inclui os brasileiros Jacques Morelembaun e Marcos Suzano e o McBride arrebenta!
Valeu mesmo, meu caro!!!

Vagner Pitta disse...

Poxa Érico: Morelembaum e McBride com Sting? Acústico ainda?

...fiquei curioso, confesso

deve ser baum pakas!!! rs

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