O The Vandermark Five é um dos mais importantes quintetos do jazz contemporâneo. Trata-se de um quinteto liderado pelo multiinstrumentista e compositor Ken Vandermark, um dos reavivadores da escola jazzística de Chicago. Para quem ainda não sabe, 'combo' é um termo que denomina pequenas bandas e grupos de jazz formados por dois ou mais músicos, tendo um limite que chega à mais ou menos 9 integrantes: são nada mais do que duos, trios, quartetos, quintetos, sextetos...octeto e noneto, limitando-se aí, já que um número elevado de instrumentistas em um grupo já poderia caracterizar uma big band ou, como dizem atualmente, um coletivo. Além disso, desde os primódios, a maioria dos combos costumam ser mencionados com os nomes dos líderes: podemos mencionar, por exemplo, combos importantes como o Gerry Mulligan/Chet Baker Quartet, Dave Brubeck Quartet , Miles Davis Quintet, Oscar Peterson Trio ou Wynton Marsalis Septet, dentre tantos outros combos que caracterizaram épocas, estilos e inovações. E o The Vandermark 5 (ou The Vandermark Five) é um dos combos mais instigantes e inovadores do jazz contemporâneo. Apesar de Ken Vandermark ser produtor, curador de concertos e líder de inúmeros projetos importantes, foi através deste quinteto que ele alcançou grande notoriedade e se projetou como um dos mais importantes músicos do jazz norte-americano: tanto que, em meados da década de 90, ele foi condecorado como um MacArthur Fellowship (condecoração dada a gênios e revelações das artes e ciências nos EUA) e foi proclamado pela revista americana Downbeat como um dos mais importantes músicos para o futuro do Jazz. (Leia a entrevista com Ken Vandermark realizada por Rubens Akira em 2006)
O estilo de composição e arranjo de Ken Vandermark é baseado em arranjos escritos e na livre improvisação, com fortes influências do núcleo AACM. Em 1996 ele forma este seu quinteto com o saxofonista-alto Mars Williams, o trombonista e guitarrista Jeb Bishop, o contrabaixista Kent Kessler e o baterista Tim Mulvenna; depois, em 2001, o saxofonista-alto Dave Rempis substituiu Mars Williams e, mais recentemente, o violoncelista Tim Daisy substituiu Jeb Bishop. Trata-se, portanto, de um quinteto de configuração inusual, com o qual Ken Vandermark usa e abusa de várias influências, partindo do Free Jazz - que é a sua essência - ele faz uso de várias adjacências em suas colagens: a Livre Improvisação Européia, o swing característico do Hard Bop e Post-Bop, elementos do barulhento Noise japonês, o Funk americano, as distorções psicodélicas, o minimalismo, até elementos da música erudita de vanguarda, além de também explorar o contemporâneo post-rock. O interessante, então, é a forma como Vandermark junta todos esses elementos em colagens magníficas, ou seja, em arranjos bem elaborados, sem fugir da proposta da espontaneidade e imprevisibilidade - lembrando que a maioria das suas composições e arranjos são escritos à mão, o que o caracteriza como um músico de grande tino composicional.
Faixas e discos indicados:
STHLM (do disco Simpatico de 1999)
Telefon (do disco Elements of Style de 2004)
Fever Dream (do disco Target or Flag de 1998)
Full Deck (do disco Simpatico de 1999)
Further from the Truth (do disco Beat Reader de 2008)
Outside Ticket (do disco Elements of Style de 2004)
Knock Yourself Out (do disco Elements of Style de 2004)
Sucker Punch (do disco Target or Flag de 1999)
3 comentários:
Mais um lindo podcast, empolgante em sua essência, vigoro e robusto em técnica e exuberante nas váriações, mais uma vez parabéns ao Farofa Moderna por no proporcionar o melhor que a humanidade consegue produzir.
Thor
muito obrigado por sua opinião Agenor!
o Farofa Moderna tem a preocupação de mostrar os sons mais inusitados e o que tem de atual no jazz
obrigado por sua presença! Abraços!
Vandermark é imperdível. Obrigatório para os amantes não só de Jazz, mas de toda boa Música.
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