A edição pela Actuel e a reedição pela Le Jazz - Blasé, espetacular álbum de Archie Shepp pertencente ao raríssimo catálogo da Byg Actuel. Gravado em 1969, Blasé nos mostra uma reunião de músicos distintos de épocas e direções diferentes: o freejazzer sessentista Archie Shepp no sax tenor, que foi um dos pioneiros da primeira fase da revolução do Free Jazz; o contrabaixista Malachi Favors e trompetista Lester Bowie, fundadores do Art Ensemble of Chicago Lester, grupo inovador que mesclou Free Jazz com World Music na década de 70; a fantástica cantora Jeanne Lee - uma antidiva distante da linha do canto do jazz tradicional -, que na época estava em sua turnê pelo território europeu com o pianista Ran Blake; o baterista Philly Joe Jones, famoso baterista oriundo da escola Hard Bop e um dos integrantes do Primeiro Grande Quinteto de Miles Davis; e, por fim, o ainda jovem pianista Dave Burrell. Vale lembrar que, afora Jeanne Lee, este mesmo pessoal faz parte da turma que toca no disco Yasmina, A Black Woman, também lançado em 1969 pela BYG Actuel em nome de Shepp.
Além da edição original pela BYG/Actuel, Blasé já recebeu diversas reedições em diversos selos pequenos e alternativos como Get Back Records, e outras reedições através de logomarcas associadas ao próprio selo Actuel: como Affinity, Charly Records e Le Jazz e Sunspost. Mesmo sendo bastante reeditado, este não é um dos álbuns mais fáceis de se encontrar, principalmente em lojas de discos brasileiras, pois, até onde eu sei, estes selos não têm distribuidoras que, por aqui, fazem o trabalho de espalhar suas reedições . Para quem quiser obter o registro físico e palpável - já que se trata de um álbum que deveria estar na estante de todo colecionador jazzófilo - terá de pesquisar em "lojas on line" como a Amazon e o eBay, onde o preço convertido em R$ e somado à taxa de importação pode ser um tanto salgado .Blasé, é um álbum que traz um "quê" de lirismo francês, influência que recaiu sobre Shepp na época em que resolveu mudar-se para Paris. Gravado na França em 1969, o disco mescla partes em blues, canto e, por fim, improvisações livres: e todos esses elementos soam coerentes em sequência e/ou conjunto. O próprio Archie Shepp é um desses saxtenoristas do free jazz mais adepto à uma linhagem próxima ao "lirismo" de grandes saxtenoristas como Coleman Hawkings e John Coltrane, com o qual colaborou em seu "furioso" Ascencion e gravou o ao vivo New Thing at Newport, ambos de 1965. Download
3 comentários:
Nesta época, além de Shepp, Ayler também gravou o New Grass e foi criticado de forma negativa por Leroy Jones, que dizia que Ayler se perdera. E Cecil Taylor acusava Shepp de um proselitista do Jazz. A maioria dos músicos que gravaram pela BYG, da série da revista Actuel, teve problemas de direitos autorais e seu propietário também é dono da Charly, que tem muitos problemas de direitos autorais com artístas de Soul e Funk.
Porque, exatamente, Shepp e Ayler foram criticados?
Bem, não sei como pensa Amiri Baraka hoje, mas na época era extremamente radical, até seu selo independente se chamava Jihad. Ayler foi criticado por conta do disco New Grass, que tinham composições com formato da Soul music e Baraka achou que isso era um sinal de que Ayler estava abandonando seu foco musical, talvez pelo uso de drogas ou questões de mercado. Shepp foi criticado por Taylor talvez por divergencias pessoais e também gravou muitos discos por questões de contrato e mercadológicas. taylor entendeu que Shepp era um oportunista, que se aproveitou da situação, abandonou a causa ideológica de libertação do movimento musical.
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