Minhas primeiras aventuras sonoras aconteceram ouvindo a Rádio Cultura FM de São Paulo, quando, recém chegado à adolescência e começando a aprender música na igreja e no conservatório, comecei a escutar os clássicos eruditos -- as óperas e a música do período clássico nunca me foram atrativos indispensáveis (não demorei pra descobrir que não gostava, por exemplo, das sumidades Verdi e Mozart), mas através de um daqueles walkmans japoneses e um daqueles rádios micro system de fita K7 eu ouvi e gravei inúmeras peças de Bach, Vivaldi, Beethoven, Debussy, Stravinsky, Sibélius, Shostakovitch e etc; e de todas as peças, uma das quais ainda ecoa na minha cabeça até hoje é o genial, divino e melodioso Concerto para Violino em Ré maior de Brahms, genial compositor romântico do final do século 19. Depois, já chegando à fase adulta, o jazz me pegou de sobressalto: ouvi, ouvi, ouvi e re-ouvi praticamente toda a galera do bebop, hard bop, alguma coisa do fusion e do free jazz e, consequentemente, a música erudita perdeu seu espaço dentro do meu rol de interesses. Com a chegada da conexão banda larga, vislumbrei a possibilidade de tentar descobrir o caminho evolutivo do jazz: criei este blog e, no decorrer dos anos e das pesquisas, acabei sendo certificado de que o próprio jazz, do início da sua modernidade até sua chegada ao status de avant-garde music, bebera grandes doses de influências das fontes da música erudita moderna -- isso, aliás, já me tinha ficado claro quando ouvi o álbum Out to Lunch, de Eric Dolphy. Desde então, além de continuar a explorar o jazz, voltei a ter uma incessante curiosidade e busca por novas audições no campo da música erudita, preferindo, quase sempre, a música moderna e contemporânea: ou seja, nos últimos anos além de voltar a ouvir ocasionalmente Bach, Vivald, Beethoven, Brahms, Debussy, Stravinsky, Sibélius, Shostakovitch e outros que já ouvia, minhas pesquisas auditivas pessoais começaram a se afunilar para tipos de músicas inovadoras, exóticas, chocantes, complexas ou estranhamente simples de compositores modernos e pós-modernos dos quais a mídia especializada brasileira ainda não se deu conta -- daí o motivo da minha recente empreitada em publicar posts sobre compositores como Frank Zappa, Alfred Schnittke, Luciano Berio e Elliot Carter. A Rádio Cultura (103,3 FM), por sua vez, não mudou muito sua identidade de programação -- mesmo com a chegada da internet, que foi capaz de trazer a todos um boom quase infinito de novas possibilidades, inclusive facilitando o acesso a novos repertórios. Contudo, o programa "O que há de novo", produzido e apresentado pelo jornalista e crítico musical João Marcos Coelho, deveria ser ouvido sempre por qualquer apreciador de musica contemporânea: indo ao ar sempre aos sábados (às 18 horas) e domingos (às 11 horas), o programa atualiza seus ouvintes com os novos lançamentos da música erudita moderna e contemporânea, incluindo algumas passagens ocasionais por empreitadas de músicos ousados que relêem os clássicos de maneira nada convencional, passagens por músicos de jazz que flertam com os aspectos da música erudita e outros músicos eruditos que trabalham com elementos do pop de forma criativa. Exemplos? Pois bem: no programa de Coelho, vocês poderão ouvir coisas como as experimentações do seminal Kronos Quartet, as composições de Thelonious Monk sendo interpretadas com novos arranjos por conjuntos de câmera contemporâneos, novos lançamentos de nomes pouco ou nada conhecidos por aqui como o compositor ucraniano Nikolai Kasputin, as últimas obras de célebres compositores contemporâneos como Górecki, Penderecki e Arvo Pärt e até empreitadas criativas de jazzistas como o trompetista Paolo Fresu e o pianista Brad Mehldau são algumas das abordagens. O link da Cultura FM já estava disposto na nossa página intitulada MÍDIA (vide topo do blog), mas eu ainda não tinha me dado conta de que existia os arquivos dos programas especiais disponíveis para serem acessados via internet a qualquer hora. Lá vai, então, o link que dá acesso às edições do programa "O que há de novo", de João Marcos Coelho. Acesse e boa viagem!
Rodrigo Amado: Two New Recordings
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By Stuart Broomer
Released just three weeks apart in October, two new recordings by Rodrigo
Amado represent an embarrassment not of riches but meanings a...
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