Éééé galéra, vivemos um tempo em que é mais fácil de produzir um mito que dure uma eternidade do que um bom artista que seja capaz de ser criativo apenas por alguns poucos anos. Recentemente, fomos surpreendidos com a notícia de que a polêmica cantora britânica Amy Winehouse havia falecido. Pronto! Produzia-se naquele momento mais um mito que -- vejam que previsível! -- faleceu aos 27 anos, a mesma idade com a qual uma leva de outros artistas do pop e rock faleceram e se tornaram "mitos supremos": Kurt Cobain (do Nirvana), Janis Joplin, Jimi Hendrix, Brian Jones (um dos fundadores dos Rolling Stones) e Jim Morrison (do The Doors), entre outros artistas, todos morreram com a mesma idade e em consequência ao uso de drogas. E falando-se em polêmica, não foram poucas as indagações que emanaram dos canais midiáticos (leia-se canais da TV, rádio, os grandes portais da internet, revistas e jornais) e alimentaram os burburinhos nas mesas dos bares e noutros ajuntamentos sociais: uma delas era "Teria Amy forçado uma overdose, se suicidado, com a real intenção de se tornar um mito da mesma forma e com a mesma idade que todos estes artistas?" -- o comprovado uso extensivo, intensivo e abusivo de drogas, pelo qual a cantora se submetia diariamente, só reforçava esta idéia de uma morte forçada ou até mesmo premeditada. Semanas atrás, tablóides ingleses publicaram a notícia sobre a necrópsia: os resultados toxicológicos da cantora deram negativo, alegando que só foi encontrado substâncias do álcool em seu organismo e, portanto, ela poderia ter morrido de abstinência ao invés e overdose. Ainda assim, o resultado levanta suspeitas, já que a necrópsia foi realizada no dia 25 de julho, dois dias depois que a cantora havia falecido: segundo especialistas, indícios de drogas mais pesadas como maconha, cocaína e ecstasy poderiam não estar mais no organismo passadas mais de 12 horas. Mesmo com o veredito dos jornais, os motivos da morte de Amy não estão claros.
Mas, enfim... tudo isso -- e outras suspeitas que rolaram na mídia -- todo mundo já está a par e, acredito, saturado de ouvir -- e é possível que nunca seja revelado o real motivo da sua morte, já que isso fortalece o mito e vende muita reportagem especulativa. E qual minha queixa contra tudo isso, que é algo que se tornou totalmente normal? Pois é: a queixa é realmente porque tudo isso se tornou totalmente normal -- e até clichê. A queixa é contra esse modus operandi imposto pelo showbusiness na era da globalização; é algo simples de entender, mas como a maioria das pessoas -- falo do cidadão comum, aquele desprovido de educação -- são ludibriadas pelo misticismo, fashionismo e modismos que a mídia cria a cada verão, apenas as pessoas mais cultas são capazes de aceitar como um fato que precisa mudar: ou seja, a queixa se diz ao fato de que atualmente a arte, propriamente dita, está sendo descaradamente depreciada pelo sensacionalismo midiático, pois preza-se mais vaidades, fashionismos, atitudes irreverentes, polêmicas, fofocas e outras picuinhas, e despreza-se o foco artístico, o talento, a estética, a sonoridade, a criatividade, a inovação, e outros valores que já foram considerados inerentes às artes. E aí, alguns podem rebater dizendo: "Ah, mas Amy Winehouse até que era uma artista de sonoridade original, se inspirava no jazz e na soul music, criou alguns dos mais originais hits da cultura pop contemporânea e tal...". Sim. Concordo que ela era uma cantora original, apesar de eu nunca ter sido fã dela. Mas este nunca foi o cerne que a maioria dos canais usava para vendê-la -- e digo "vendê-la" mesmo porque, realmente, músicos e cantores de hoje em dia não são encarados com a essência de um artista, mas como produtos comerciais (e em alguns casos até produtos comercialmente descartáveis), nos quais explora-se mais a imagem pessoal e deixa-se a estética musical refém de clichês e/ou em último plano. O cerne da carreira de Amy Winehouse foi a irreverência forçada, a nostalgia clichê e esdrúxula da autodestruição, e grande parte do sucesso que a mídia lhe proporcionou foi descaradamente obtido através de uma imagem marketeira construída à base de trejeitos, figurino exótico (várias tatuagens, cabeleira munida de um coque gigante e retrô e etc) e, pior!, sandices e desventuras: bebedeiras, crises conjugais, brigas e arruaças em nightclubs, sucessivas overdoses e o caralho a quatro! Música? Pfff! Recentemente, quando Amy veio ao Brasil, até saiu uma matéria na Revista Bravo -- com uma ilustração da cantora na capa, com título e subtítulo assim: "A cantora do nosso tempo - Amy Winehouse, que se apresenta no Brasil é uma artista brilhante (e os escândalos em que se envolvem só atrapalham a sua carreira)" -- na qual tentou-se dar a entender que a cantora tinha de ser analisada num âmbito mais sério, destacar mais seu tino musical -- como sempre deveria ser todas matérias sobre cantores e músicos --, mas, ainda, esta matéria parecia usar a polêmica como um chamativo e parecia usar a idade de 27 anos da cantora como um furo jornalístico, destacando que ela acabara de chegar na mesma idade que ícones do rock (como Janis Joplin, Jimmy Hendrix e Kurt Cobain e etc) morreram.
Mas peguem a maioria das biografias e matérias nas quais se falou de Amy Winehouse -- da Wikipédia às matérias escritas por pseudo-críticos em grandes jornais e revistas -- e vejam o quanto se falou de música: com certeza vocês constatarão que falou-se mais em polêmicas e picuinhas do que de música -- a música sempre foi um adendo pra se colocar no rodapé. Sem generalizar -- pois acredito que até nos canais mais nefastos há jornalistas bons e bem antenados, os quais nem sempre têm espaço e apoio para escrever aquilo que julga importante apresentar aos leitores --, o jornalismo musical brasileiro só fala de música de forma séria e responsável quando ele resolve resgatar obras de veteranos ou de lendas antepassadas que não só revolucionaram a música de alguma forma, mas estiveram sempre circulando nos meios da "high society": ainda hoje, por aqui, Miles Davis e Tom Jobim, por exemplo, são tratados como a última cereja no bolo -- quer dizer: para os jornalistas mais "avançados" as última cereja do bolo foi a Tropicália. Foi-se o tempo em que um crítico de música tinha o poder de criticar uma obra por falta de atributos artísticos e publicar isso em jornal ou revista: ou seja, o crítico, o produtor, o curador e etc, todos ficaram refém do capitalismo globalizado: se for ruim em termos de arte, mas for vendável em termos comerciais, fala-se bem, joga-se um glamour, dá-se uma empiriquitada com uma retórica sensacionalista, incita a curiosidade das pessoas comuns com fofocas e polêmicas a cria-se, então, um "astro", um "mito", a última cereja do bolo. Lamentamos? Mudamos esse cenário de probrismo? Ou deixemos tudo como está? Eis a questão...
Ella Fitzgerald & Norman Granz |
Mas é preciso ser sensato e fazer uma ressalva para a necessidade do artista impor sua imagem: eu não vejo nenhum problema no fato de cada artista "trabalhar" sua imagem e seu figurino ao seu próprio estilo, pois cada um veste-se como se sente bem e, tenho pra mim, nossa imagem, nossa identidade como um todo, é uma propriedade que jamais deve ser alienada, segregada ou tratada com preconceito. Mas o problema é quando a mídia -- ou o próprio artista -- trabalha sua imagem para ser superestimada e colocada acima da sua própria arte. É aquela coisa: fazer arte é algo complicado, dá trabalho...e tem de ter talento -- é mais fácil caprichar no figurino, "fazer uma média" como rebelde, irreverente, intelectual drogado, polêmico ou pagar de pacifista (se possível até adotar umas crianças subnutridas da África), parecer nerd, conceitual, ou seja, o marketing é tudo pro artista de hoje em dia e pra moçada que deseja ingressar no mundo artístico! Sacam? Até lembrei, agora, da sátira do filme de Bruno, personagem gay estrelado pelo genial comediante inglês Sacha Baron Cohen, que quer torna-se famoso à qualquer custo...
Caso tivesse sido sempre assim, Ella Fitzgerald -- uma simples, feia e rechonchuda senhora negra -- não teria feito tanto sucesso, não teria sido uma das maiores cantoras da história do jazz e uma das mais legendárias artistas de toda a história da música popular americana: aliás, convenhamos, se Ella tivesse de passar pelo julgamento midiático de hoje em dia, seria bem capaz que essa cultura do fashionismo e da vulgaridade execrasse seu talento e a jogasse na lata de lixo -- afinal, ela não tinha nenhum dote pra sensualidade, não era nenhuma "junkie" ensandecida, não exibia dezenas de tatuagens, não criava polêmicas e tampouco se vestia como "manda o figurino" de um artista pop. Nos idos anos 50, o célebre produtor Norman Granz, um homem de grande visão empreendedora, um magnata do jazz que empresariava muitos músicos daquela época (inclusive aquele que ele considerava o maior deles: Duke Ellington), viu que não havia como investir em Billie Holiday, pois esta estava reclusa por causa do seu vício avançado em drogas e, vejam só!, foi em Ella Fitzgerald -- já mulher quarentona e rechonchuda -- que ele viu a saída para suprir um suposto ônus no rol das grandes cantoras de jazz. Pois bem: Ella se tornou ainda mais elegante e fez ainda mais sucesso depois da sua juventude, foi a mais suprema das intérprete do American Songbook, cantou nos maiores palcos do mundo, teve uma carreira que durou seis décadas, vendeu milhões de discos, venceu 14 prêmios Grammy (!) e recebeu diversas condecorações da mídia e do governo americano. Envolto de tanto talento, Norman Granz teve até de exigir, nos contratos, que sua cantora recebesse tratamento especial e não sofresse as mazelas da segregação racial da época, que dominava as cidades e palcos por onde ela se apresentava nos EUA.
Mas, enfim: em termos artísticos e culturais, a mídia contemporânea, o meio artístico como um todo, padroniza, segrega e adota a repressão tanto quanto o fascismo, o racismo, as ditaduras e outras chagas ideológicas e regimes que já desgraçaram e ainda desgraçam a sociedade -- é um caso que nos faz refletir se não vivemos sob uma outra ditadura: a Ditadura da Mídia. Talvez surja uma espécie de galinha com dentes mais rápido do que uma mídia imparcial, diversificada e que dê ênfase para um rico conteúdo artístico, cultural e humanitário, uma mídia que coloque a arte acima da hipocrisia e mediocridade: até lá, a arte ficará refém desses e doutros engodos medíocres ou continuará sendo totalmente trocada pela cultura da polêmica e do espetáculo -- espetáculos esses, na maioria das vezes, de criatividade nula, esnobes e vulgares. O brasileiro já adotou a idéia de que político se não for corrupto não é político: por que não adotar definitivamente a idéia de que o que importa na arte não é a integridade dela, propriamente dita, mas o o espetáculo vulgar, o visual e extravagância do artista, suas vaidades, suas polêmicas...sua capacidade de provocar escândalos e circular na alta sociedade, né? Vemos pessoas dizendo: "Poxa, artistas como Duke Ellinton, Miles Davis, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Frank Zappa, Aretha Franklin, Michael Jackson, Tom Jobim, Eric Dolphy, Charles Mingus...e etc, já não fazem ou existem mais". Bobagem. Está cheio de artistas fantásticos, geniais, inovadores, só que o pré-requisito pra um artista tornar-se famoso deixou de ser a arte em si. Enquanto alguns são ludibriados pela cultura do espetáculo, cá nós ficamos a escutar artistas geniais do nosso tempo, sem se importar com fama e outros engodos: Steve Coleman, Wynton Marsalis, Brad Mehldau, Tim Berne, John Zorn, Esperanza Spalding, Marisa Monte, Guinga, Tom Zé, Hermeto Pascoal, Hamilton de Holanda, ...vixe, a lista é gigante!.Abaixo dois vídeos: Ella e Amy. Clique nas fotos para acessar a biografia das ambas as cantoras. E nem vamos entrar no âmbito das comparações, no mérito de quem tem mais talento e coisa e tal...Já basta alguns pseudo-especialistas comparar Madeleine Peyroux com Billie Holiday...
Caso tivesse sido sempre assim, Ella Fitzgerald -- uma simples, feia e rechonchuda senhora negra -- não teria feito tanto sucesso, não teria sido uma das maiores cantoras da história do jazz e uma das mais legendárias artistas de toda a história da música popular americana: aliás, convenhamos, se Ella tivesse de passar pelo julgamento midiático de hoje em dia, seria bem capaz que essa cultura do fashionismo e da vulgaridade execrasse seu talento e a jogasse na lata de lixo -- afinal, ela não tinha nenhum dote pra sensualidade, não era nenhuma "junkie" ensandecida, não exibia dezenas de tatuagens, não criava polêmicas e tampouco se vestia como "manda o figurino" de um artista pop. Nos idos anos 50, o célebre produtor Norman Granz, um homem de grande visão empreendedora, um magnata do jazz que empresariava muitos músicos daquela época (inclusive aquele que ele considerava o maior deles: Duke Ellington), viu que não havia como investir em Billie Holiday, pois esta estava reclusa por causa do seu vício avançado em drogas e, vejam só!, foi em Ella Fitzgerald -- já mulher quarentona e rechonchuda -- que ele viu a saída para suprir um suposto ônus no rol das grandes cantoras de jazz. Pois bem: Ella se tornou ainda mais elegante e fez ainda mais sucesso depois da sua juventude, foi a mais suprema das intérprete do American Songbook, cantou nos maiores palcos do mundo, teve uma carreira que durou seis décadas, vendeu milhões de discos, venceu 14 prêmios Grammy (!) e recebeu diversas condecorações da mídia e do governo americano. Envolto de tanto talento, Norman Granz teve até de exigir, nos contratos, que sua cantora recebesse tratamento especial e não sofresse as mazelas da segregação racial da época, que dominava as cidades e palcos por onde ela se apresentava nos EUA.
Mas, enfim: em termos artísticos e culturais, a mídia contemporânea, o meio artístico como um todo, padroniza, segrega e adota a repressão tanto quanto o fascismo, o racismo, as ditaduras e outras chagas ideológicas e regimes que já desgraçaram e ainda desgraçam a sociedade -- é um caso que nos faz refletir se não vivemos sob uma outra ditadura: a Ditadura da Mídia. Talvez surja uma espécie de galinha com dentes mais rápido do que uma mídia imparcial, diversificada e que dê ênfase para um rico conteúdo artístico, cultural e humanitário, uma mídia que coloque a arte acima da hipocrisia e mediocridade: até lá, a arte ficará refém desses e doutros engodos medíocres ou continuará sendo totalmente trocada pela cultura da polêmica e do espetáculo -- espetáculos esses, na maioria das vezes, de criatividade nula, esnobes e vulgares. O brasileiro já adotou a idéia de que político se não for corrupto não é político: por que não adotar definitivamente a idéia de que o que importa na arte não é a integridade dela, propriamente dita, mas o o espetáculo vulgar, o visual e extravagância do artista, suas vaidades, suas polêmicas...sua capacidade de provocar escândalos e circular na alta sociedade, né? Vemos pessoas dizendo: "Poxa, artistas como Duke Ellinton, Miles Davis, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Frank Zappa, Aretha Franklin, Michael Jackson, Tom Jobim, Eric Dolphy, Charles Mingus...e etc, já não fazem ou existem mais". Bobagem. Está cheio de artistas fantásticos, geniais, inovadores, só que o pré-requisito pra um artista tornar-se famoso deixou de ser a arte em si. Enquanto alguns são ludibriados pela cultura do espetáculo, cá nós ficamos a escutar artistas geniais do nosso tempo, sem se importar com fama e outros engodos: Steve Coleman, Wynton Marsalis, Brad Mehldau, Tim Berne, John Zorn, Esperanza Spalding, Marisa Monte, Guinga, Tom Zé, Hermeto Pascoal, Hamilton de Holanda, ...vixe, a lista é gigante!.Abaixo dois vídeos: Ella e Amy. Clique nas fotos para acessar a biografia das ambas as cantoras. E nem vamos entrar no âmbito das comparações, no mérito de quem tem mais talento e coisa e tal...Já basta alguns pseudo-especialistas comparar Madeleine Peyroux com Billie Holiday...
6 comentários:
Totalmente de acordo.Nada contra a imprensa tratar o artista como objeto midiático.Mas tem que haver uma contrapartida crítica e ilustrativa sobre a arte seja qual ela for.Senão estamos coisificando o artista, tranformando-o em mera forma de vender a mídia. Mto oportuno o post. Heitor Paiva
A citação à Ella foi algo muito legal. E gostei quando você disse sobre o fato de termos a impressão de que não se fazem artistas como antigamente. O problema é realmente o pré requisito para que um artista se torne conhecido. Também sou do tipo que não me interesso pelo oque o artista faz com sua vida privada, ainda mais se for descalabros. A não ser que seja uma biografia onde se conta os vários momentos da vida de um artista, momentos de elaboração da sua arte, momentos de superação e outros fatores que até servem de exemplo para nosso cotidiano. Foda-se os engodos e viva a música, a arte!
A mídia tem mais que usar o artista para lucrar mesmo. Ainda quero ver a Sandy posando na Playboy, e pelo oq tudo indica ela tá caminhando pra isso, pelo menos ja parou de cantar jazz e fez o comercial da cerveja Devassa
e eu quero ver é a Sandy devassa mesmo, deitada, em pé, fazendo pirueta nas folhas da playboy huashuáhuáhuá
fico aqui imaginando os caras que fabricam "Amys" pensando.... pô, acho que exageramos na dose (literalmene), agora precisamos achar outra Amy que encaixa nesse nicho de mercado
Parabéns! Ótima reflexão! Fantástico artigo para debater a relação entre música, moda, comportamento e mídia. Infelizmente, o poder do (áudio)visual tem se mostrado (na maioria das vezes) como fator preponderante para determinar quem pode se tornar um "astro" da música. Fico imaginando, se o Adorno estivesse vivo, o que ele iria dizer sobre tudo aquilo que nós ouvimos e, principalmente, vemos? haha
TERRORISMO!
A arte não pode ser prostituída para atender à uma classe de pessoas elitistas, que gerenciam sistemas de comunicação, eventos e shows!
Crítica de arte na mídia, é completamente inaceitável para os donos de veículos de comunicação!
A internet veio para quebrar este paradigma doente e dar a liberdade para as pessoas compartilharem a verdade sobre a condução cultural exercida pela mídia!
Este post ilustra muito bem esta realidade, mandou bem!
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