Albert Ayler |
numa noite de fim
de semana
a gordura da cidade
prolifera-se e emana
das ruas em polvorosa e luz
(há flashes e buzinas
na cidade de duas faces
há inúmeras pontas de bitucas acesas
nos becos e bares
há muita fumaça de máquina
e fumaça humana
há lixo e ratos nas ruas e lares
há o jazz com açúcar brigando com o pop-adoçante dos garotos púberes
nos clubes...)
e ela esconde um ser sujo no aspecto
mas límpido no espírito
(in)quieto
são quase meia-noite-e-meia
e o sujeito de meia
shortes
Ornette Coleman |
fere os ouvidos dos amantes
nos cômodos
ao redor
ele entra em frenesi
em seu cômodo caro
do prédio barato
em que mora
um local repleto de espíritos promíscuos
e os ecos e cheiros da gordura
fogem
ao som do seu saxofone torto
de melodiosidade mutante
acabamento fosco
e negro
e a harmonia é seca
e crua
como a harmonia entre os homens e deuses
de então
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