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O 5º, de Michel Leme: improvisação, interatividade e indiferença em suas plenitudes !



Acaba de chegar ao mercado o quinto disco do guitarrista Michel Leme, não por acaso intitulado simplesmente . Para quem ainda não o conhece, o paulistano Michel Leme é um dos poucos guitarristas brasileiros adeptos à arte literal da improvisação no âmbito do “brazilian jazz” contemporâneo, além de também ser um dos músicos que traduz mais perfeitamente o significado do “músico independente” no Brasil: isso, aliás, é dito não só por sua música – que, apesar de beber das fontes da tradição brasileira, segue independente em suas linhas de composição e de improviso –, mas também por sua trajetória marcada por atitudes que esnobam os padrões impostos pelo mercado fonográfico. Na música e na personalidade de Michel Leme não há submissões – a não ser à seus próprios instintos; não há maquiagens, não há “pose”, fashionismos, engodos ou aquela gordura de glamour com a qual alguns músicos se lubrificam depois de um certo tempo de carreira. No seu estilo de improvisar e frasear também não há convencionalismos, frases pré-construídas ou progressões padronizadas de acordes: essa “liberdade” é, no mínimo, muito interessante em um guitarrista que se estabeleceu através das bases do rock e do “brazilian jazz”, estilo esse que sempre foi muito cadenciado nos ritmos do samba e na harmonia da bossa nova, por exemplo. Michel, ao contrário dos que regurgitam numa linha sempre tradicional, usa e abusa de ritmos tradicionais como samba e o cha-cha-chá (um ritmo latino) sem soar exarcebadamente suingante ou tradicional: suas frases são livres, contemporâneas e chegam a desconstruir, em certa dose ou em determinados momentos, o suingue dos temas.


Com a sonoridade crua e comprimida de sempre – característica já manjada em todos os álbuns de Michel –, o 5º parece chegar homonimamente para solidificar não só a discografia do guitarrista, mas um estilo único de tocar guitarra perante ao seleto público que gosta desse instrumento e da música instrumental no Brasil. Esse estilo foi construído através de tocar a música sem vícios ou estigmas, geralmente adquiridos com ensaios rigorosos ou com formalidades que engessam a criatividade: ou seja, o tema é apenas um pretexto para um improviso central que se torna livre e único a cada performance, já que não há arranjos pré-determinados e as músicas são, muitas vezes, compostas ou conhecidas durante as apresentações. Para um purista fã de jazz, essa atitude pode parecer desleixo, mas era tocando assim que Charlie Parker e Ornette Coleman criavam seus temas, impondo seus estilos únicos de fazer jazz, os quais ficaram conhecidos por estabelecerem o bebop e o free jazz, respectivamente. Além dessa característica “desleixada” de Michel Leme, a novidade do 5º está na formação da banda: trata-se de um quarteto com guitarra, baixo elétrico e duas baterias. Apesar de na Música Instrumental Brasileira não haverem tantos registros com instrumentos em dobro dentro de uma banda, a faceta de aumentar a massa sonora da banda, dobrando ou triplicando a quantidade de certos instrumentos, já é bem conhecida desde os primórdios do jazz moderno: Art Blakey, por exemplo, usou mais duas baterias (além da sua) no disco Drums Around the Corner (1958) e John Coltrane usou dois contrabaixos no disco Olé Coltrane (1961), além de também ter tocado com dois bateristas em sua última fase no free jazz. Dessa forma, Michel Leme mostra que o fator interatividade se torna um outro diferencial muito bem trabalhado no disco 5º: ou seja, o baterista da esquerda surge para preencher as frestas daquilo que seria um convencional trio guitarra-baixo-bateria, interagindo com a outra bateria à direita, enquanto a guitarra tenta soar mais forte e cheia, na intenção de não ser “engolida” por essa massa sonora percussiva; o baixo de Bruno Migotto, por sua vez, dispõe-se com a base harmônica e ajuda a definir a marcação e o suingue. Aliás, considerando que os bateristas Waguinho Vasconcelos e Bruno Tessele não se conheciam até a data da gravação, a interatividade, aí, ocorre quase que sem nenhuma prévia – todos tiveram de se ouvir bem, já que não houveram ensaios prévios a não ser apresentações fragmentadas aqui e acolá, onde os músicos passaram a conhecer os temas. Afora esses aspectos, é preciso ressaltar, também, o uso sutil de pedais de efeitos na guitarra de Michel, o que só ajudou a dar um toque especial em varios trechos dos temas e improvisos.


"Chica Hermosa" & "3 Notas"

Envolto num encarte ilustrado por uma bela aquarela, de autoria da artista plástica Cintia Crelier, o CD traz um material composto por quatro faixas extensas – “Deixem o Coltrane em Paz” (7:09), “Samba dos Excluídos” (9:31), Chica Hermosa (9:35) e Ananda Moy Ma (14:12) –, duas faixas curtas – “Aos Poucos” (5:56) e “3 Notas” (4:05) – e uma faixa bônus em vídeo MPEG chamada “Blues de Ocasião”, diferindo-se, portanto, de alguns lançamentos anteriores de Michel Leme, onde a maioria das faixas são curtas e não há bônus adicionais. Dessa forma, com faixas longas, Michel ganhou muito mais tempo para dinamizar suas músicas e expressar seus improvisos como solista principal na plenitude do seu estilo. Alguns destaques, por exemplo, são: “Deixem o Coltrane em Paz”, faixa onde há algumas frases em referência ao já citado mestre do sax tenor; “Samba dos excluídos (dedicada “para todos que fazem arte de forma sincera”), um samba-jazz que intercala acordes percutidos com linhas bem melódicas, desenvolvendo-se depois em improvisos quase que inteiramentes através de acordes cheios; “Chica Hermosa”, um tema desenvolvido no clima e ritmo do cha-cha-chá, com o qual o guitarrista gosta de expressar seu estilo canastrão e debochado; e “3 Notas”, tema ligeiro com uma pegada meio bop, quase que inteiramente improvisado (dedicado aos fãs internautas). Por fim, o disco termina com a mais extensa das faixas: Ananda Moy Ma (dedicado “aos que buscam a verdade acima das religiões”), é uma faixa cheia de dinâmica –  improviso e melodia, forte e piano, por exemplo – dedicada à santa indiana de mesmo nome, de quem Michel emprestou a frase “eu sou tudo o que você achar que sou” para endossar sua indiferença às críticas daqueles que se fecham sob o fórceps do mainstream. Gravado no segundo semestre de 2009, em São Paulo, no Auditório EM&T e no Estúdio Cantareira, o álbum 5º veio para celebrizar e concretizar a carreira e a obra de Michel Leme como uma das mais cruciais para a atual música instrumental brasileira. Clique nas imagens para acessar o site do guitarrista e encomendar seu disco!


Um comentário:

Clayton disse...

Cara, realmente o Michel Leme não toca, ele brinca com a guitarra e com os caras que tocam com ele. Achei muito louco os improvisus nessas faixa q tão ai pra ouvir. VALeôoo!

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