Recentemente, ouvindo o interessante disco Rhyme & Reason do saxtenorista Ted Nash, um dos integrantes do moderno grupo de compositores Jazz Composers Collective de NY, fiquei encantado com o solo do violino na faixa "Sisters", composição bem ao estilo Neo-Bop contemporâneo. E, então, fui logo pesquisar pra saber quem era aquele suposto violinista Miri Ben-Ari que constava ali na ficha técnica: quem seria esse violinista que me tinha feito ouvir aquela faixa pelo menos umas cinco vezes naquele dia? Surpresa: não era um homem como eu imaginei! Era uma linda israelense radicada nos EUA – e aí lembrei da atual “invasão” de jazzistas israelenses em Nova Iorque que, desde a ascensão do contrabaixista israelense Avishai Cohen, já recebeu grandes e talentosos filhos de Israel como a clarinetista Anat Cohen e seu irmão trompetista Avishai Cohen, o saxofonista Eli Degibri, o contrabaixista Omer Avital, o pianista Yaron Herman, dentre outros . Outra surpresa, sobretudo, é que Miri Ben-Ari não é uma violinista que preza estritamente o Jazz Mainstream como Regina Carter, mas é nada mais do que uma artista Pop – com fluência da linguagem moderna do Jazz e da Música Erudita - que se atém em a colaborar com nomes diversos do Hip Hop e Pop Music americana: Wyclife Jean, Kenye West, Alicia Kays, Jay-Z, Britney Spears, dentre muitos outros. Conclusão: achei estranho ela ali naquele meio tão restrito de jazzistas; só para deixar claro com quem ela lidava: quem estava a observá-la ali ao lado era o sisudo leão Wynton Marsalis que, nesse disco, participa de algumas faixas como convidado especial - um convite natural, já que Ted Nash é seu sideman desde o início da década de 90 e o próprio Wynton é um dos associados ao Jazz Composers Collective (vide). Lá, entre os músicos, também estavam o contrabaixista Ben Allison e o pianista Frank Kimbrough que também são dois dos integrantes do JCC, além do baterista Tim Horner e do quarteto de cordas liderado pela própria Miri Bem-Ari.
Wynton pode não gostar da chamada Pop Music ou do Hip Hop, mas sabe reconhecer e promover o valor de um músico quando esse mostra talento para o Jazz: foi assim com outros jovens músicos que foram promovidos por ele tais como Christian McBride, James Carter, Roy Hargrove, Nicholas Payton, dentre muitos outros, dos quais alguns também flertam com o Hip Hop. Sobre Miri Ben-Ari Wynton Marsalis afirmou: “Miri’s playing is wonderful, beautiful, exquisite, unpredictable, original and spontaneous. Her creative energy can set a band on fire and it does!” . E de fato, Wynton que é uma espécie de tutor nato, esteve certo ao promovê-la: a moça tem um jeito bem original e espontâneo de abordar o violino, como mostra a sua participação no disco Rhyme & Reason do saxtenorista Ted Nash. Mas também, hoje, a comunidade jazzística americana parece não mais se importar com essas diferenças estéticas, já que o Hip Hop passou de música marginalizada na década de 70 para música expoente da cultura de mídia americana. Além disso, essa interação do Jazz com Pop e Hip Hop ou de jazzístias com rappers, já é fato desde que surgiram os grupos de Jazz-Rap na década de 90 como Buckshot LeFonque de Branford Marsalis, Jazzmatazz do MC’ Guru, The RHFactor de Roy Hargroove, além de músicos como o pianista Matthew Shipp que já gravou um disco com o grupo Antipop Consortium, o pianista Vijay Iyer que gravou um disco em parceria com o rapper Mike Ladd e até Miles Davis, vendo essa propensão, tratou de gravar um disco que mesclava seu jazz-fusion com Hip Hop, um pouco antes de falecer em 1991. (vide)
Miri Ben-Ari, por sua vez, já gravou dois discos de Jazz antes de se enveredar para o Hip Hop: um é “Sahara” (1999) que tem a participação do guitarrista Mark Whitfield e o outro é “Temple of Beautiful” (2004) que tem participações de Matthew Parrish (contrabaixo), Dave Kikoski (piano), Steve Hass (bateria) e Wynton Marsalis como produtor. Antes de chegar aos Estados Unidos para estudar jazz, Miri teve aulas com um dos maiores violinistas do século XX, o famoso e veterano violinista erudito Isaac Stern. Ela também serviu ao exercito israelense por dois anos antes de partir definitivamente para os EUA. Chegando lá, com pouco tempo de estadia americana, Miri resolveu que queria uma abordagem maior do que apenas tocar Jazz: pode-se dizer que, assim como o maluco violinista Nigel Kennedy que gerou polêmica ao fundir Pop com música Erudita e ao tocar com “trages inadequados” em grandes salas de concertos, Miri Bem-Ari é, hoje, uma pioneira da fusão entre o Jazz, o Hip Hop e a Música Erudita. Essa sua ascendência pro lado mais pop começou em 2001 quando Wyclef Jean, guitarrista e rapper, integrante do Fugees, a convidou para trabalhar com ele. Logo, então, a sua elegância e originalidade chamaram atenção de outros rappers e pop stars como Janet Jackson, Alicia Keys, Jay-Z, Britney Spears, Patti Labelle, dentre outros. Visionária, Miri Bem-Ari já até ganhou um Grammy pela participação no disco de Kenye West com o hit “Jesus Walks”, o qual co-escreveu junto ao prório West para o seu disco “The College Dropout”. Além dessa composição, a violinista causou frisson ao lançar seu hit Symphony of Brotherhood dedicado ao pastor negro Martin Luther King, um dos homens mais importantes do século XX, considerado o “pai” da moderna democracia americana ( Barack Obama quem o diga!). Enfim, o trabalho mais recente de Miri Bem-Ari é “The Hip Hop Violinist” com participações de artistas consagrados da pop music americana como Kanye West, John Legend, Akon, Scarface, Baby, Lil Wayne, Anthony Hamilton e Lil Mo: o disco traz muito Hip Hop, algumas levadas de Gospel e umas pitadas de Jazz e Música Erudita no meio da Farofa.
Wynton pode não gostar da chamada Pop Music ou do Hip Hop, mas sabe reconhecer e promover o valor de um músico quando esse mostra talento para o Jazz: foi assim com outros jovens músicos que foram promovidos por ele tais como Christian McBride, James Carter, Roy Hargrove, Nicholas Payton, dentre muitos outros, dos quais alguns também flertam com o Hip Hop. Sobre Miri Ben-Ari Wynton Marsalis afirmou: “Miri’s playing is wonderful, beautiful, exquisite, unpredictable, original and spontaneous. Her creative energy can set a band on fire and it does!” . E de fato, Wynton que é uma espécie de tutor nato, esteve certo ao promovê-la: a moça tem um jeito bem original e espontâneo de abordar o violino, como mostra a sua participação no disco Rhyme & Reason do saxtenorista Ted Nash. Mas também, hoje, a comunidade jazzística americana parece não mais se importar com essas diferenças estéticas, já que o Hip Hop passou de música marginalizada na década de 70 para música expoente da cultura de mídia americana. Além disso, essa interação do Jazz com Pop e Hip Hop ou de jazzístias com rappers, já é fato desde que surgiram os grupos de Jazz-Rap na década de 90 como Buckshot LeFonque de Branford Marsalis, Jazzmatazz do MC’ Guru, The RHFactor de Roy Hargroove, além de músicos como o pianista Matthew Shipp que já gravou um disco com o grupo Antipop Consortium, o pianista Vijay Iyer que gravou um disco em parceria com o rapper Mike Ladd e até Miles Davis, vendo essa propensão, tratou de gravar um disco que mesclava seu jazz-fusion com Hip Hop, um pouco antes de falecer em 1991. (vide)
Miri Ben-Ari, por sua vez, já gravou dois discos de Jazz antes de se enveredar para o Hip Hop: um é “Sahara” (1999) que tem a participação do guitarrista Mark Whitfield e o outro é “Temple of Beautiful” (2004) que tem participações de Matthew Parrish (contrabaixo), Dave Kikoski (piano), Steve Hass (bateria) e Wynton Marsalis como produtor. Antes de chegar aos Estados Unidos para estudar jazz, Miri teve aulas com um dos maiores violinistas do século XX, o famoso e veterano violinista erudito Isaac Stern. Ela também serviu ao exercito israelense por dois anos antes de partir definitivamente para os EUA. Chegando lá, com pouco tempo de estadia americana, Miri resolveu que queria uma abordagem maior do que apenas tocar Jazz: pode-se dizer que, assim como o maluco violinista Nigel Kennedy que gerou polêmica ao fundir Pop com música Erudita e ao tocar com “trages inadequados” em grandes salas de concertos, Miri Bem-Ari é, hoje, uma pioneira da fusão entre o Jazz, o Hip Hop e a Música Erudita. Essa sua ascendência pro lado mais pop começou em 2001 quando Wyclef Jean, guitarrista e rapper, integrante do Fugees, a convidou para trabalhar com ele. Logo, então, a sua elegância e originalidade chamaram atenção de outros rappers e pop stars como Janet Jackson, Alicia Keys, Jay-Z, Britney Spears, Patti Labelle, dentre outros. Visionária, Miri Bem-Ari já até ganhou um Grammy pela participação no disco de Kenye West com o hit “Jesus Walks”, o qual co-escreveu junto ao prório West para o seu disco “The College Dropout”. Além dessa composição, a violinista causou frisson ao lançar seu hit Symphony of Brotherhood dedicado ao pastor negro Martin Luther King, um dos homens mais importantes do século XX, considerado o “pai” da moderna democracia americana ( Barack Obama quem o diga!). Enfim, o trabalho mais recente de Miri Bem-Ari é “The Hip Hop Violinist” com participações de artistas consagrados da pop music americana como Kanye West, John Legend, Akon, Scarface, Baby, Lil Wayne, Anthony Hamilton e Lil Mo: o disco traz muito Hip Hop, algumas levadas de Gospel e umas pitadas de Jazz e Música Erudita no meio da Farofa.
Ouça tambem:
Ted Nash Double Quartet with Wynton Marsalis
Ted Nash (tenor saxophone, alto flute, clarinet); Wynton Marsalis (trumpet); Joyce Hammann (violin), Miri Ben-Ari (violin); Ron Lawrence (viola); Tomas Ulrich (cello); Erik Charlston (vibraphone, percussion); Frank Kimbrough (piano); Ben Allison (bass); Tim Horner (drums).
Estilo: Neo-Bop/ Modern Post-Bop
Ted Nash (tenor saxophone, alto flute, clarinet); Wynton Marsalis (trumpet); Joyce Hammann (violin), Miri Ben-Ari (violin); Ron Lawrence (viola); Tomas Ulrich (cello); Erik Charlston (vibraphone, percussion); Frank Kimbrough (piano); Ben Allison (bass); Tim Horner (drums).
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