Como foi dito no tópico anterior estamos numa época onde há um parecer comum - ou uma impresssão comum a todos - que diz que depois das ultimas experimentações e inovações na estrutura do Jazz, há, hoje, pouco espaço para mudar o Jazz tão drasticamente como Ornette mudou a 50 anos atrás ou reinventá-lo como Steve Coleman fez a 20 atrás ao inventar o conceito do M-Base. A impressão que se tem - e é uma impressão verdadeira - é que, desde os anos 80, o Jazz retomou suas tradições, reinventando-se mais lentamente, sem grandes mudanças ou grandes experimentos, revalorizando os standards e retrabalhando-se a partir das inovações passadas: bebop, hard bop, free jazz, funk e fusion. Assim o que mais se vê hoje em dia é um novo cenário norte-americano e europeu, mais diversificado na escolha e criação do repertório, tendo espaço para todos: desde aqueles que prezam por continuar a modernizar o mainstream até aqueles que se aventuram a transitar por várias vertentes ou misturá-las como faz Don Byron, Dave Douglas, Ken Vandermark e o pianista Uri Caine que, de um modo especial, tem mostrado trabalhos interessantíssimos, nos quais ele, com seu ensemble, interpreta e recria obras de grandes compositores da música erudita bem ao seu modo. Essa idéia não é inédita, pois vários compositores de Jazz já interpretaram e recriaram obras eruditas ao seus modos.
Mas, a forma como Uri Caine arranja e recria essas peças é unica, ousada e desafia o amante de música erudita mais purista, já que ele não se farta em usar colagens diversas na interpretação desses compositores, desviando-se e até destruindo os propósitos da partitura: em Urlicht/Primal Light, por exemplo, Caine começa com uma interpretação até fiel e lírica de um trecho da Sinfonia nº 5 de Gustav Mahler, o Funeral March, mas, de forma sempre inesperada, vai acrescentando improvisações cacofônicas, efeitos eletrônicos, e remixes; o disco segue com outros trechos de peças de Mahler como o 3º Movimento da Sinfonia nº 1 ou o Adagietto da Sinfonia nº 5, algumas vezes com canto lírico e intervenções nervosas da bateria e piano; outras vezes Uri Caine impregna Klezmer music e outros estilos que podem ou não ser residentes do Jazz: Post-Bop, Ragtime, Funk, Noise, Free Improvisation, música árabe e outras colagens que deixa o ouvinte apreensivo e na espectativa o tempo todo. Urlicht/Primal Light foi lançado em 1998, provocando um grande estranhamento nos puristas, ao mesmo tempo, um considerável sucesso de crítica. Assim, a moda acabou pegando e Uri Caine passou a lançar uma série de suas "interpretações" eruditas, abordando compositores como Mozart em Plays Mozart, ou Beethoven em Diabelli Variations, Bach também não escapa em seu Goldberg Variations e até mesmo Richard Wagner não passa impune em Wagner e Venezia, esse gravado ao vivo também em 1998. Gustav Mahler parece receber um "carinho" todo especial de Caine. Já são três os discos que abordam Mahler: Urlicht/Primal Light, Gustav Mahler In Toblach: I Went Out This Morning Over The Countryside e Gustav Mahler: Dark Flame. Todos os discos foram editados pela Winter & Winter tendo, como grandes componentes do Uri Caine Ensemble, músicos significantes como o trompetista Dave Douglas, o fenomenal clarinetista Don Byron, o violinista Mark Feldman, o trompetista Ralph Alessi, o baterista Joey Baron, o baixista Drew Gress, o altoísta Greg Osby, o baterista Ralph Peterson, dentre muitos outros grandes músicos evidenciados na década de 90.
Mas, a forma como Uri Caine arranja e recria essas peças é unica, ousada e desafia o amante de música erudita mais purista, já que ele não se farta em usar colagens diversas na interpretação desses compositores, desviando-se e até destruindo os propósitos da partitura: em Urlicht/Primal Light, por exemplo, Caine começa com uma interpretação até fiel e lírica de um trecho da Sinfonia nº 5 de Gustav Mahler, o Funeral March, mas, de forma sempre inesperada, vai acrescentando improvisações cacofônicas, efeitos eletrônicos, e remixes; o disco segue com outros trechos de peças de Mahler como o 3º Movimento da Sinfonia nº 1 ou o Adagietto da Sinfonia nº 5, algumas vezes com canto lírico e intervenções nervosas da bateria e piano; outras vezes Uri Caine impregna Klezmer music e outros estilos que podem ou não ser residentes do Jazz: Post-Bop, Ragtime, Funk, Noise, Free Improvisation, música árabe e outras colagens que deixa o ouvinte apreensivo e na espectativa o tempo todo. Urlicht/Primal Light foi lançado em 1998, provocando um grande estranhamento nos puristas, ao mesmo tempo, um considerável sucesso de crítica. Assim, a moda acabou pegando e Uri Caine passou a lançar uma série de suas "interpretações" eruditas, abordando compositores como Mozart em Plays Mozart, ou Beethoven em Diabelli Variations, Bach também não escapa em seu Goldberg Variations e até mesmo Richard Wagner não passa impune em Wagner e Venezia, esse gravado ao vivo também em 1998. Gustav Mahler parece receber um "carinho" todo especial de Caine. Já são três os discos que abordam Mahler: Urlicht/Primal Light, Gustav Mahler In Toblach: I Went Out This Morning Over The Countryside e Gustav Mahler: Dark Flame. Todos os discos foram editados pela Winter & Winter tendo, como grandes componentes do Uri Caine Ensemble, músicos significantes como o trompetista Dave Douglas, o fenomenal clarinetista Don Byron, o violinista Mark Feldman, o trompetista Ralph Alessi, o baterista Joey Baron, o baixista Drew Gress, o altoísta Greg Osby, o baterista Ralph Peterson, dentre muitos outros grandes músicos evidenciados na década de 90.
Um comentário:
O texto aborda com clareza o espirito que a muito venho notando no jazz contemporary - ha colagem que os musicos fazem encima d outro tema.Magnifico e parabens pelo artigo.
Abraço.
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