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Round About Midnight - Miles Davis 1957


"Quando toquei com Miles pela primeira vez, eu tinha muito o que aprender. Percebi que me faltava conhecimento de música em geral. Fico muito envergonhado por aquelas primeiras gravações que fiz com ele. Por que Miles me escolheu, eu não sei. Talvez tivesse algo no meu modo de tocar e achasse que aquilo pudesse crescer. Mas eram tantas conclusôes musicais a que eu ainda não tinha chegado que me sentia inadequado”. - John Coltrane, 1961.

O tom autodepreciativo de John talvez soe familiar. Dez anos antes, Miles havia sentido da mesma forma ao dividir os holofotes com Charles Parker. Agora era a vez de Coltrane se questionar. E Miles? Havia dois anos, ele tinha parado de se picar e voltado a se concentrar na profissão. Tudo estava muito bem. Ele mesmo disse: "Eu estava tocando meu trompete e liderando a melhor banda do mercado, uma banda criativa, imaginativa, soberbamente coesa e artistica". No final de 1955, amparado pela liberdade artística e financeira propiciada por um generoso adiantamento da Columbia Records e por uma consistente turnê arranjada pela Shaw Artis, Miles estava pronto para subir ao topo do mundo do do jazz. O novo quinteto aterrissou na Costa Oeste no inicio de 1956 para uma temporada de duas semanas na casa noturna Jazz City, em Los Angeles. Miles marcou a entrada do primeiro numero, e o som de Nova York - um hard bop funkeado com um sofisticado toque liríco - tomou de assalto o território cool onde Gerry Mulligan e Chet Baker haviam estrelado seu quinteto sem piano alguns anos antes. O compositor e arranjador de jazz Sy Johson, que freqüentava a casa toda noite, lembraria tempos depois, "Ninguém sábia o que pensar. Literalmente enlouqueceu todo mundo. Destruiu o jazz da Costa Oeste da noite para o dia". O quinteto logo se tornou um fenômeno pais afora. O empresário Jack Whittemore cumpriu á risca sua promessa, e, ao longo de 1956, o quinteto de Miles tocou constantemente numa série de shows em casas que variavam de pequenos clubes negros da Costa Leste a locais menos segregados e cidades como St. Louis, Chicago e São Francisco. Pela primeira vez em sua carreira, Miles conseguiu manter a alta qualidade das apresentações, noite após noite. Na exuberância e potência do auge, o grupo simplesmente tinha muito a oferecer; as ásperas, geniosas - ás vezes intermináveis - improvisações do Tenor de Coltrane. O trompete com surdina - e con mistero - de Miles. Os solos com arco de Chambers, competente e plenos de sentimento. Anos após a estréia do quinteto, escritores de jazz ainda estavam maravilhados com aquele som. "Na minha opinião, a intricada complexidade de ligação entre as mentes daqueles músicos jamais foi igualada por qualquer outro grupo", escreveu Ralph Gleason em 1972. As duas gravadoras de Miles - Prestige, ainda sem selo oficial, e a Columbia - vibravam igualmente com o novo grupo. O presidente da Prestige, Bob Weinstock, saudou-o como o "Hot Five de Louis Armstrong da era moderna". Ambas logo colocaram o quinteto em estúdio. As gravações realizadas nos dezoitos meses seguinte, as quais finalmente foram lançadas em seis albúns pelo primeiro selo (Miles, Cookin, Relaxin´, Miles Davis and the Modern JazzGiants, Workin´ e Steamin´) e um pelo segundo (´Round About Midnight), definem o ápice da improvisação de jazz para pequenas formações. Apesar da disparidade no numero de albúns lançados, foi a Columbia quem dispendeu mais em fitas de gravações e horas de estúdios com Miles. Quatro dos seis albúns da Prestige - Cookin´, Relaxin´, Workin´ e Steamin´ - foram gerados numa maratona de duas sessões, em que o quinteto simplismente executou seu muito bem ensaiado repertório de shows, sem necessidade de repetição.

Por outro lado, a estréia de Miles na Columbia foi resultado de três sessões com múltiplas gravações de material cuidadosamente selecionado. A versão final de cada faixa era resultado da colagem dos melhores momentos de duas ou mais gravação diferentes. A flexibilidade de Miles em estúdio - sua segurança tanto no trabalho meticuloso quanto na espontaneidade de um take único sem rédeas - lhe seria muito útil durante os nos na Columbia. Ao final da década, esses dois atributos convergiam, dando forma ao processo que iria gerar Kind of Blue. Em 1956, os discos de Miles e quinteto pela Prestige começaram a circular pelas receptivas mãos da crítica, que respondeu extasiada. A Down Beat, que conteve seus elogios ao albúm de estréia do grupo, Miles, deu incondicionais cinco estrelas para Cookin´, em 1957; - "A tremenda coesão, o swing impetuoso, a absoluta exaltação e a emoção controlada, presente nos melhores momentos do quinteto de Davis, foram captados nessa gravação. (Philly Joe) Jones disse que essas sessão...são as melhores já realizada por Davis. Estou inclinado a concordar". A combinação de apresentações ao vivo aclamadas universalmente com os albúns da Prestige garantiu a reputação do quinteto e também a de Miles. Mas as atenções se voltaram para além da música. Davis estava virando um simbolo uiniversal do cool. O que o trompetista vestia, o que dizia (ou não dizia) no palco, se ele votava ou não as costas para o publico, tudo isso recebia da imprensa tanto destaque quanto suas performances. Quando saia do palco depois de um solo, não 0 importava se estivesse concentrado na música ou tentando não ofuscar outros solistas. Miles pasou a ser bombardeado pela crítica por seu aparente distanciamento e desdém. A imagem escolhida pela Columbia para a capa do primeiro albúm de Miles com a gravadora, ´Round About Midnight, era impactante, mas, intencionalmente ou não, também serviu para sustentar sua imagem blasée. Tirada por Marvin Kuner no Café Bohemia, a foto mostra um Miles introspectivo, de óculos escuro , abraçando o trompete paternalmente, com uma mão no ouvido. Que retrato poderia mostrá-lo mais distante e introvertido? Na verdade - como várias outras fotos atestam - Davis estava simplesmente fazendo por puro hábito o que muitos cantores fazem quando se concentram na música: tapou os ouvidos para filtrar o ruído externo. Os mesmos modos silenciosos e atitude áspera que Coltrane tinha achado desconcertantes se tornaram parte da ascensão do mito. No ano anterior, sua voz ficara tão áspera quanto seus modos: enquanto se recuperava de uma cirurgia na garganta, Davis teve uma discussão aos berros com um executivo da música que causou danos permanentes ás suas cordas vocais. Pelo resto de sua vida a rouquidão seria seu cartão de visita vocal.

O que era controverso para o público branco tinha significado positivo junto a comunidade negra. Era um tanto incomum nos anos 50, para um negro da estatura de Miles, adotar uma postura pública intransigente e sem concessões. Sua taciturna, porem determinada, autoconsciência em meio a uma sociedade agitada pela tensão racial, era um exemplo a outros afro-americanos. Para eles dar as costas para as platéias em sua maioria branca, tinha um significado simbólico bastante claro. Em meados dos anos 50, poucos heróis negros - Nat King Cool, Jackie Robinson, Sugar Ray Robinson, Ralph Ellison, Sidney Poitier - pareciam tão fortes, tão modernos ou (a partir de 1957) tão bem sucedidos quanto Miles Davis. McCoy Tyner lembra que, para músicos e fans afro-americanos, era "uma espécie de guru para muita gente". Bill Cosby relembra... "Na década de 50, o simbolo de status para certos grupos de adolecentes no norte da Filadélfia era gostar de Miles Davis. Ou seja, se você dissesse "Miles Davis" , já era cool, se tivesse seus albúns, era o máximo, por isso digo que o homem era mais do que apenas um músico". Nos primeiros anos do Apartheid na Africa do Sul, Hugh Masekela, encontrou o modelo que tanto lhe faltava ouvindo discos de Miles..."Não foi apenas na música, mas Miles influenciou o meu modo de vestir, influenciou minhas atitudes diante das autoridades: sua perspectiva da vida, seu desdém pela autoridade que cerceia a liberdade do povo. Ele era verdadeiramente honesto. Se não gostava de alguma coisa, dizia "Foda-se", em vez de usar linguagem elaborada". A condição de Miles como modelo era conseqüência de um respeito conquistado nos seus primeiros dias de astro do bebop. Jimmy Cobb se lembra de ver colegas músicos imitando a atitude a postura de Miles no final dos anos 40: "Alguns caras andavam por ai tentando se vestir com Miles, segurando e carregando o trompete como ele. Foi assim até o final de sua vida, sabe?. Os sujeitos tentando imitá-lo". Quincy Jones admite abertamente que foi um deles no começo dos anos 50..."Eu tinha de fazer um solo num negocio que compus para (Leonel) Hampton chamado "Kingfish" (em 1951). Era um solo baseado em um único acorde. Era muito influenciado por Miles, aquela coisa dele com Gil Evans, (John) Carisi. Naquela época todo mundo freqüentava o mesmo lugar, e certa noite, Oscar Pettiford e Miles estavam conversando atrás de mim, e (Miles) disse que tinha ouvido a música no rádio, "Algum filho-da-puta tentando tocar como eu".

PS: Registrado entre outubro de 1955 e setembro de 1956, foi o álbum oficial de estréia de Miles Davis na Columbia. Iniciava-se, assim, uma associação de três décadas com a gravadora, que alavancou a carreira do trompetista, ampliando sua popularidade. O intervalo entre o início e o final das gravações teve um motivo burocrático: o acordo entre a CBS e a Prestige permitia o início das gravações, mas o lançamento do material só poderia ocorrer depois de cumprida a obrigação contratual com a Prestige. Miles se tornou, pública e oficialmente, um artista da Columbia com o lançamento de "Round About Midnight" em 18 de março de 1957. Em 2005 foi relançado em um duplo álbum , com o titulo "Round About Midnight: Legacy Edition". Produção: George Avakian.

Para saber mais: Kind of Blue: The Making of the Miles Davis Masterpiece (Ashley Kahn - Da Capo Press, 2000) pp. 57-61.


01 - 'Round Midnight
02 - Ah-Leu-Cha
03 - All of You
04 - Bye Bye Blackbird
05 - Tadd's Delight
06 - Dear Old Stockholm
07 - Two Bass Hit
08 - Little Melonae
09 - Budo
10- Sweet Sue, Just You


Miles Davis – Trompete
John Coltrane – Sax. Tenor
Julian ‘Cannonball’ Adderley – Sax. Alto
Bill Evans – Piano
Paul Chambers – Baixo Acústico
James Cobb – Bateria
Wynton Kelly – Piano (Faixa: “Freddie Freeloader”)


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Boa audição - Namastê.

Uma Colaboração do Blog Borboletas de Jade


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