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Tijuana Moods - Charles Mingus 1957

Charles Mingus não era apenas um homem imenso e descontrolado que só faltava surrar seus músicos quando eles erravam os arranjos (são clássicos os cascudos que deu em seu trombonista Jimmy Knepper). Ele também tinha um lado inegavelmente doce... Ao contrário dos boatos, não há sequer um registro policial de que tenha disparado sua arma, que levava na cintura em suas apresentações ao vivo, em algum ouvinte mais falador. É aquela coisa: todos nós queremos nos sentir protegidos, principalmente quando temos 1,90m e 100kg e fomos criados em bairros negros bem diante das drogas. Mas Mingus era um ser humano de notável gentileza e, muito além desta, estava sua profunda e dilacerante ironia: não a ironia de um truculento, mas a ironia rascante do gênio irrequieto. Em seu álbum Tijuana Moods, gravado no estúdio A da RCA de New York, entre 18 de julho e 6 de agosto de 1957, traduz muito bem isso e presta uma homenagem aos cucarachos, castelhanos do México. Na terceira faixa "Tijuana Gift Shop", Mingus primeiro zomba afrontosamente com meia dúzia de lugares-comuns da música latina para, em seguida, misturá-los de forma assustadoramente criativa, produzindo, quem diria, jazz. Foram raríssimos os músicos de jazz que se deram ao trabalho de manipular o material latino disponível de forma tão autêntica, criativa e convincente. Acredito que Mingus foi o músico do jazz que melhor soube dosar essa influência espanhola e caribenha que sempre rondou o mundo do jazz. Com incrível habilidade e talento Charles exige de nós atenção aos detalhes e, sobretudo, senso de humor quando ouvimos a maioria de seus álbuns, sob pena de pensarmos estar ouvindo apenas mais um disco de jazz. Sua habilidade com a utilização do blues foi idêntica, com arranjos calcados na tradição mas que desafiaram os ouvidos mais tradicionais.

Além dos arranjos, é preciso registrar que, nesse álbum, Mingus põe Frank Dunlop, um dos melhores bateristas da época, tocando castanholas: uma curiosa e natural característica de Mingus que impunham aos seus músicos mudarem ou aprenderem a tocar outros instrumentos, como fez com Dannie Richmond que tocava saxofone e, a seu pedido, trocou para bateria.

Em 25 de September 2001, a RCA Victor Europe relança Tijuana Moods The Complete Edition, albúm remasterizado com mais seis faixas alternativas do rolo de estudio destas duas sessões. Uma otima autobiografia de Charles Mingus e que está disponível no Brasil é Saindo da Sarjeta, pela editora Jorge Zahar, com boa tradução do Roberto Muggiati (Sem comentários). Mingus foi uns do modernizadores do jazz, um baixista incrível e um compositor alem de seu tempo. Tocou com todo mundo que importava na sua época, mas não é disso que se trata a sua autobiografia. Saindo da Sarjeta é quase um livro erótico, tão minuciosamente Mingus comenta a sua vida sexual, das descobertas do amor à tentativa de virar um cafetão. A música fica em terceiro ou quarto plano. Um problema do livro é a opção escolhida pelo autor de narrar sua vida na terceira pessoa, desde o nascimento, esbarrando em momentos de grande pieguice. Mesmo assim, as aventuras desse Casanova do jazz são deliciosas e proporcionam uma leitura ligeira e divertida. Charles Mingus é considerado, ao lado de Thelonious Monk e Duke Eliington, um dos três
Texto e fonte, gentilmente cedida por:

Jazzseen.blogspot.com


Faixas:
01 - Dizzy Moods
02 - Ysabel's Dance Table
03 - Tijuana Gift Shop
04 - Los Mariachis (The Street Musicians)
05 - Flamingo
06 - A Colloquial Dream (Scenes In the City)
07 - Dizzy Moods (Alt. Take)
08 - Ysabel's Dance Table (Alt. Take)
09 - Tijuana Gift Shop (Alt. Take)
10 - Los Mariachis (Alt. Take)
11 - Flamingo (Alt. Take)
12 - A Colloquial Dream (Alt. Take)

Musicos:
Charles Mingus - Baixo Acustico
Curtis Portor (Shafi Hadi) - Sax. Alto
Jimmy Knepper - Trombone
Clarence Shaw - Trompete
Bill Trigia - Piano
Dannie Richmond - Bateria
Frankie Dunlop - Percurssão
Ysabel Morel - Castalholas
Lonnie Elder - Vozes & Narração


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Boa audição - Namastê.


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