A despeito do livro de Stuart Nicholson - que foi uma grande piada para o mundo e um insulto aos jazzistas norte-americanos - sempre me apeteço em deixar por aqui amostras do refinadíssimo jazz que está a elaborar-se na Big Apple contemporânea. A onda do maisntream moderno ou Neo-Bop que começou em meados dos anos 80 transformou-se numa "bola de neve" no sentido de vir conscientizando, ano após anos, os músicos novos e veteranos a valoriar as heranças jazzísticas e suas tradições culturais; os músicos que surgiram na década de 90, por sua vez, já surgiam fascinados por essa onda de revalorização do Jazz como maior indentidade musical norte-americana. A comparar com a segunda metade da década de 60 - quando o jazz desfalece ao perder Eric Dolphy e John Coltrane - e com toda a década de 70, o Jazz renasce não só no sentido de ter retornado com força total ao mercado fonográfico, mas o Jazz renasce e se enriquece no sentido de que os músicos dessa nova era procuraram mostrar que eles também podiam ser um Duke Ellington, um Charles Mingus ou um John Coltrane, além do cuidado de retomar e preservar a identidade jazzística após duas décadas de experimentalismos, de retomar o swing, o aspecto bluesy, reforçando, ainda, o uso da composição modal (iniciada por Miles Davis) e uma maior preocupação em mostrar capacidade de ser um bom compositor.
Michael Blake, Ron Horton, Ted Nash, Ben Allison, Frank Kimbrough
Michael Blake, Ron Horton, Ted Nash, Ben Allison, Frank Kimbrough
Agora no atual século 21, por exemplo, há um bom número de grandes compositores que já podem se considerar criadores perpétuos da história do Jazz a ser contada num futuro próximo: a começar por Wynton Marsalis, o maior deles, podemos citar alguns gigantes como Maria Schneider, Terence Blanchard, Dave Douglas, Avishai Cohen e etc. Mas há em Nova Iorque, a tal Big Apple citada, um grande número de compositores tão geniais quanto subestimados: trata-se dos componentes do Jazz Composers Collective, uma organização sen fins lucrativos lideradas por quatros compositores inventivos que passaram a realizar, de 1992 a 2005, uma série de concertos e workshops para expor as suas criações e as criações de novos e inventivos compositores. Talvez o fato que explica a tal subestimação é que a maioria dos músicos e compositores que compõe as realizações do JCC são representantes dos anos 90 e do cenário atual, do jazz que ainda está a elaborar-se nesse início de século 21, ou seja, muitos deles ainda não foram devidamente analisados e reconhecidos como grandes compositores do Jazz Contemporâneo, sendo que os número de músicos veteranos que participaram dos programas e projetos geridos pelo JCC é uma minoria. O JCC não chega a ter sua essência apenas no avant-garde e nem é rotulado como tal, mas é um grupo progressista que preza o Modern Creative, ou seja, a composição moderna de escrita apurada, valorizando tanto as heranças do chamado Jazz Moderno quanto as novas sonoridades do pós-modernismo como a eletrônica e o avant-garde; o JCC é um grupo similar a outros grupos já vistos como Arnold Schoenberg's Society for Private Musical Performances, Charles Mingus' Jazz Composers Workshop e Jazz Composers Guild. Enfim, devido a essa grande conscientização pela qual passou o Jazz norte-americano na década de 80 e 90, o JCC também é composto de representantes e aficionados pelo Mainstream, mostrando a preocupação e sentimento que o compositor e músico norte-americano tem de inovar e, ao mesmo tempo, de preservar a indentidade do Jazz norte-americano. Os músicos-compositores que lideram o movimento são o saxofonista-alto Ted Nash (conhecido também como ilustre colaborador de Wynton Marsalis), o contrabaixista Ben Allison, o trompetista Ron Horton, o pianista Frank Kimbrough e o saxtenorista Michael Blake. Dentre os músicos que já participaram e são convidados frequentes estão o trombonista Wycliffe Gordon, o trompetista Ralph Alessi, o pianista Vijay Iyer, os baterista Brian Blade e Jeff Ballard, a saxofonista Jane Ira Bloom, o contrabaixista Mark Helias, o trompetista Wynton Marsalis, o baterista Michael Sarin, o tubista Marcus Rojas e muitos outros...
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