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1965 - Ascension

Gosto de dividir a carreira de John Coltrane em quatro fases. A primeira dela, como um oriundo saxofonista hardbop, mas propenso a um hardmam de luxo em bandas, em especial com Miles Davis, se firmando como um saxofonista inexpressivo. Segunda fase é quando ele começa a fazer uma releitura das formas expressivas do jazz, experimentado novos modelos de sonoridade e se recuperando da primeira queda com as drogas, com uma volta filtrada da química que corria em sua veias, tocando com T. Monk e participando do Kind of Blues de Miles. A Terceira fase é quando se lança em uma promissora carreira solo com uma impar e inigualável inspiração em cada álbum lançado até chegar a sua maior obra", A Love Supreme" com grande estrelato. E a quarta fase é em seus últimos momentos de 1965-67 quando morreu vitimado por câncer, onde dedicou quase que exclusivamente em suas gravações ao ponto de desmarcar agenda lotada de shows. A fome insaciável de coltrane por novos vocabulários foi crucial para produção de álbuns exemplares como 'Ascension', 'Meditation', 'Living Space', 'Sun Ship', 'Stellar Regions', 'Expression' e 'Interstellar Space'. Multifacetado, percorreu a trilha em direção à espiritualidade, sem jamais perder o fogo dos arranjos atonais e polirritmicos. Durante a maioria dos discos gravados entre 1965 e 1967, o clássico quarteto de sua fase mais popular e consagrada (61-64), foi trocado por formações pomposas, com sete ou dez instrumentistas, todos dedicados aos arranjos drásticos e desafiadores promovidos pelo líder. O plano era encontrar a linguagem para conversar com Deus ou, entenda-se de passagem os não ortodoxos, confabular um canto que no mínimo purificase a alma dos mais céticos. Para a gravação de “Ascension”, Coltrane recrutou sete músicos de extraordinária habilidade expressivas da época, além dos três magníficos que completavam o famoso John Coltrane Quartet, elaborado com apenas duas composição de aproximadamente 40 minutos cada, baseada em um tema curto, mas chancelada pela improvisação coletiva de uma orquestra formada por cinco saxofonistas (Coltrane, Pharoah Sanders e Archie Shepp no tenor; Marion Brown e John Tchicai no alto), dois trompetistas (Freddie Hubbard e Dewey Johnson), dois baixistas (Art Davis e Jimmy Garrison), McCoy Tyner no piano e Elvin Jones na bateria. Talvez seja o disco mais brilhante do compositor, mas carrega a fama de complexo e do experimental demais. Há quem ame, porém, muitos não o suportam. Em 1965, John Coltrane recebeu três prêmios nas categorias de "Artista do Ano", "Melhor Saxofonista" e o "Jazz Hall of. Fame", promovidos pela revista Down Beat. E é justamente nesse ano, Coltrane gravou esse seu opus magnum, intitulado Ascension, uma das obras seminais do jazz contemporâneo, que provocou enorme impacto no público do jazz (e de outros gêneros e subgêneros, como o rock psicodélico da segunda metade da década de 60), e profundas divisões na crítica, com clara separação em conservadores e progressistas. Com Ascension, cujo precedente estético fora Free Jazz de Ornette Coleman, Coltrane criou um novo paradigma na arte da improvisação colectiva e individual, pela monumentalidade da estrutura, densidade harmônica e interação entre solistas, orquestra e seção rítmica, a um nível organizacional nunca antes experimentado. É certo que Ornette Coleman já havia desenvolvido uma proposta aproximada, quando gravou com um duplo quarteto, o marcante disco “Free Jazz” (Atlantic, 1960), mas a proposta de Coltrane prolonga-se em termos de intensidade, força e libertação. Um fato curioso foi a maneira com coltrane regeu essa quase orquestra com simples acenos quando necessitado na elaboração das notas e nos improvissos que cada musico faria.

Tracks:
01 – Ascension Edition II
02 – Ascension Edition I

Pessoal:
John Coltrane – Sax. Tenor
Archie Shepp – Sex. Tenor
Pharoah Sanders - Sax. Tenor
John Tchicai – Sax. Alto
Marion Brown – Alto Sax
Freddie Hubbard - Trompete
Dewey Johnson - Trompete
Jimmy Garrison - Baixo
Art Davies - Baixo
McCoy Tyner - Piano
Elvin Jones - Bateria

Download - Here

Esta postagem é uma cortesia do blog http://borboletasdejade.blogspot.com/

Boa audição - Namastê


2 comentários:

Unknown disse...

Valeu pelo post, é extremamente importante divulgar este brilhante período de Trane, mas se me permite, tem uma parte que parece não estar bem colocada. Só gostaria de acrescentar sobre a relação do Ascencion com o Free Jazz de Ornette, caso alguém que não conheça, entenda melhor esta relação. Coltrane aplicou o conceito do disco Free Jazz de 1960, não apenas o aspecto formal estético. Afinal, foi a fonte de inspiração para o Ascension. Observando as datas respectivas, ambas gravações tem o mesmo grau de intensidade, libertação e força. O impacto de Ornette foi maior em relação a libertação das estruturas convencionais, até por questão cronológica. Demaneira alguma desvaloriza o Ascension, pelo contrário, coloca no mesmo patamar e dá continuidade. Sobre A Love Supreme, a crítica e boa parte do público elegeu-o como o auge, mas concordo com o próprio Trane e muitos outros, de que foi uma grande etapa e foi adiante, até o seu último registro e ao vivo, fechando com louvor sua missão. Muito obrigado pelo post, a Paz!

Borboletas de Jade disse...

Akirarw,
Grato pela dica e fica aberto ai um canal de troca de ideias afinal - o pilar do jazz se baseia em informação.
Busco me orientar na literatua america,pois morrei algum tempo la,onde a uma diversidade de informaçoes que a qui no Brasil e precaria.Acabo de criar o BORBOLETAS DE JADE, com a finalidade de consentrar os tres icones do jazz pra mim em um só lugar.Maz valeu e prometo voltar com essa fase novamente com Coltrane.

Outros Excelentes Sites Informativos (mais sites nas páginas de mídia e links)