Wynton Marsalis é incansável, um verdadeiro gigante do jazz que, na altura dos seus 47 anos e com quase 30 anos de colaborações sem paralelos para o estilo, pode ser hoje considerado não só o maior bandleader, trompetista e compositor, mas um dos maiores realizadores do Jazz de todos os tempos ao lado de músicos como Duke Ellington e Miles Davis. A obra e vida de Wynton é, na verdade, de uma grandeza sem paralelos na atualidade, tanto pela representatividade quanto pelas criações originais que trazem um estilo todo próprio, exótico e com uma vivacidade fora de série, sendo que é impossível, até mesmo para os que não se indetificam com a postura conservadora do trompetista, não admirar alguns dos seus inúmeros trabalhos: trata-se de uma vasta discografia que faz um profundo exame do jazz partindo de estilos pré-jazz como o Cakewalk, Gospel, Spirituals, Blues, Ragtime passando pelo Swing, Bebop, com uma acentuada indentificação com o Hard Bop de Miles e, por fim, acaba por aportar no moderno Neo-Bop, enfatiza o Free Jazz de Ornette Coleman e traz uma enérgica união com a Música Erudita. Então, vê-se porque Wynton Marsalis se tornou o músico mais versátil e mais influente no que diz respeito às novas gerações e suas buscas incenssantes pela preservação do idioma: é impossível imaginar o Jazz nessas últimas décadas sem Wynton Marsalis que, com uma forte personalidade musical, impunhou uma verdadeira revolução em prol da preservação da indentidade jazzística, descobrindo dezenas de músicos durante esses anos e sendo responsável por aquilo que os críticos chamaram de Renascimento do Jazz.
Para se ter uma idéia, só em 1999 Wynton lançou 9 discos consecutivos, com uma diversificação de estilos que iam de releituras à peças para balé moderno, de composições próprias à peças eruditas e trabalhos com orquestras e sua big band, a Lincoln Center Jazz Orchetra. Foi o ano mais prolíficuo do trompetista. No entanto, os anos seguintes não tiveram o mesmo desempenho - com ressalvas para 2001 que marcou o lançamento do documentário Jazz - A Film By Ken Burns (do qual foi consultor) e de 2002 ano de lançamento da sua genial obra-prima All Rise - Wynton foi afetado pela mundança de etiqueta: após mais de 20 anos na Columbia, a Blue Note passaria a ser seu novo lar a partir de 2003. É desse ano, inclusive, um dos trabalhos mais fracos de toda sua carreira: o disco The Magic Hour, no qual Wynton volta a tocar com um quarteto, mas sem aquela vivacidade esperada e presenciada em seus combos anteriores. Mas um músico com a inquietude e poder de Wynton não sai de cena assim tão facilmente: o trompetista seguiu ameno até que em 2007 ele lança seu segundo disco pela Blue Note, o excelente e, como se não bastasse, polêmico " From The Plantation To The Penitentiary", voltando, assim, ao seu habitual costume de lançar verdadeiros petardos sonoros, mostrando ser uma fonte inesgotável de bons discos e gigantes realizações dentro do Jazz Contemporâneo.
Em 2008, logo no início do ano, Wynton lança um trabalho excitante dentro da sua filosofia de revalorização das tradições afro-americanas. Trata-se de um trabalho que já está sendo cultuado até nos meios especializados da chamada World Music, já que, nesse novo lançamento, a sua habitual ousadia conservadora e composicional o levou a compor e realizar mais um trabalho magnífico, marcado pela interação do grupo africano Odadaa ! do ganês Yacub Addy com sua big band, a Lincoln Center Jazz Orchestra. o título do CD e DVD é Congo Square e, como o próprio nome diz, traz um exame musical da famosa praça Congo Square de New Orleans, onde os negros do século IXX e início do século XX se reuniam para executar seus cânticos e suas tradições aos domingos, quanto, então, ficavam livres do trabalho. Congo Square foi o local do sul onde mais possivelmente poderiam ter nascido os primeiros embriões do jazz e onde toda a cultura musical americana teria surgido, pois era um local onde os negros tinham liberdade de expressarem sua música, sua dança, bem como mostrar o que eles aprendiam através do contato com a cultura dos brancos: a praça, inclusive, passou a ser uma atração turística em New Orleans, onde era possível ver inúmeros rituais, danças, batucadas, instrumentos e cânticos provenientes da África, bem como a música Yoruba com rituais do Voodoo e aspectos da cultura Daomeana, entre outros elementos nativos africanos.
2 comentários:
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