A japonesinha Hiromi Uehara, talvez a pianista mais 'endiabrada' do jazz contemporâneo, nasceu em 1979, em Shizuoka, no Japão. Aprendendo inicialmente piano erudito aos 6 anos de idade, aos 17 anos ela já tocava profissionalmente dando concertos com a Orquestra Filarmônica Checa: ou seja, ela tinha tudo pra ser mais uma dos poucos jovens prodígios da música erudita que existem no mundo -- e que, quando estão tocando, não parecem pessoas deste mundo (rs)... Mas foi, enfim, o jazz quem lhe tocou o coração e a alma: ainda aos 17 anos, ela conheceu o pianista Chick Corea em Tóquio: e conta-se que ele ficou pasmo com a técnica da garota. Em 1999, aos 20 anos, ela decidiu mudar-se para os EUA para focar no seu estudo extensivo e avançado do jazz: daí, ela começa a estudar na renomada Berklee School of Music, em Boston, e conhece seus ídolos e influenciadores, os pianistas veteranos Oscar Peterson e Ahmad Jamal (seu mentor). Atualmente, Hiromi Uehara é nada menos do que uma das renomadas mestras que lecionam na Berklee e uma das pianistas de jazz mais ovacionada em todo o mundo. A velocidade e precisão técnica da moça são impressionantes!!!
É impossível para um jazzófilo falar da primeira década do século 21 sem citar o nome de Hiromi Uehara: ela simplesmente foi o expoente que resgatou o jazz fusion (ou jazz-rock, fundado por Miles Davis em 1969) e lhe acrescentou dinamismo, virtuosidade, entusiasmo, descontração e contemporaneidade. Mesclando-se entre as sonoridades do piano acústico e dos teclados eletrônicos, o jazz de Hiromi mistura estilos como fusion, post-bop, classical music, funk e rock -- ou seja, tirando de fora suas incursões ao piano solo, o que ela faz é um verdadeiro jazz fusion contemporâneo, ou um "new fusion" (como alguns críticos costumam chamar). Sua banda atual, chamada de Sonicbloom, é formada pelo guitarrista-elétrico David Fiuczynski mais dois colegas dos tempos dos estudos na Berklee, com os quais ela formava seu trio: trata-se do contrabaixista Tony Grey e do excelente baterista Martin Valihora. A faixa abaixo mostra bem a sonoridade da banda Sonicbloom:
Hiromi Uehara - Time control, or controled by time
Hiromi Uehara é a principal estrela da Telarc, selo por onde ela lançou quase todos seus álbuns. Acredito que todos os álbuns de Hiromi são indispensáveis -- são trabalhos que, subsequentemente, afirmam e reafirmam seu estilo próprio, trabalhos onde podemos observar o desenvolvimento das suas idéias e aventuras. Apesar de toda a sua descontração e seu virtuosismo, bem como da sua sonoridade um tanto atrealada ao fusion (vide o uso da guitarra elétrica e, principalmente, emuladores e teclados eletrônicos) -- o que, às vezes, dá a parecer que suas músicas são composições feitas para games (conferir por exemplo a música Kung-Fu World Champion, no disco Brain) --, ela tem mostrado uma coerência que é muito bem respeitada pela mídia especializada no mainstream contemporâneo, agradando tanto a jazzófilos progressistas quanto aos jazzófilos conservadores. Além de gravar uma quantidade considerável de composições autorais -- porque seus três primeiros discos (Another Mind, Brain e Spiral) foram totalmente compostos de material autoral --, nos últimos anos da década de 2000 ela começou a diversificar sua amostragem, gravando um álbum de releituras a standards (caso de Beyond Standard, com a banda Sonicbloom), um outro álbum com piano solo (caso de Place to Be), um outro álbum com dois pianos (o duo com o pianista Chick Corea, no álbum Duet) e um outro álbum em colaboração com o legendário contrabaixista do jazz fusion Stanley Clarke (Stanley Clarke Trio Featuring Hiromi & Lenny White). Contudo, acredito que o melhor álbum de Hiromi é o Time Control (gravado com sua nova banda Sonicbloom, em 2007), do qual tirei uma faixa para deixar, acima, como degustação.
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