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Podcast - Perfil: Hermeto Pascoal, o "Bruxo dos Sons", e sua música revolucionária, cosmopolita e... Universal !!!


E aí, Galera?! Seja bem vindos a mais um programa do nosso Podcast Farofa Moderna, este originalmente produzido  para o Portal MTV em meados de 2009 -- e foi um post que teve milhares de acessos imediatos. Este programa fez parte da série "Perfil", onde eu tentei traçar uma série de perfis musicais de grandes mestres do jazz e da música instrumental brasileira. Trata-se do primeiro programa onde eu traço um perfil de um músico brasileiro: o escolhido, claro, não poderia deixar de ser o maior deles: o compositor e multiinstrumentista Hermeto Pascoal, o grande inovador da Música Instrumental Brasileira. Hermeto além de grande compositor e arranjador, é um experimentalista que toca uma infinidade de instrumentos como flauta, bombardino, escaleta, saxofone, trompete, piano, acordion, violão, além de fazer uso de uma infinidade de recursos como os sons da voz, sons do corpo, sons de animais, de brinquedos e etc.

Sem querer fazer um programa necessariamente cronológico, inicio tocando faixas do álbum Montreaux Jazz Festival de 1979, época que Hermeto Pascoal já ficara famoso internacionalmente - ele chegou até a tocar com Miles Davis e participar de uma das suas gravações anos antes nos EUA. Depois toco as faixas "Minxing Pot", "Slave Mass" e "Chorinho Pra Ele", do lengendário disco Slave Mass (Missa dos Escravos), um clássico da discografia de Hermeto. Seguem-se as faixas "Suíte Paulistana" e "Alexandre, Marcelo e Pablo" do disco Zabumbe-buá, um dos mais experimentais dos discos de Hermeto. Depois exploro sua volta ao Brasil com faixas dos álbuns Festa dos Deuses (1992), Hermeto Pascoal & Grupo (1989) e Cérebro Magnético (1980). Por fim, termino o pograma com faixas de álbuns mais recentes como Eu e Eles (1999) e Mundo Verde Esperança (2003). Caso queiram saber mais sobre Hermeto Pascoal, ouçam o Podcast Miscelânea Vanguardiosa, onde o músico Ricardo Sá Reston traça um perfil cronológico do grande mestre.


Recentemente, numa das raras vezes em que sentei na frente da TV para ver um desses canais abertos, eu fiquei surpreso com um comercial da Vale do Rio Doce citando o mestre Hermeto Pascoal como um dos ícones do poder de transformação do povo brasileiro -- e convenhamos que no Brasil os fatos mostram que a possibilidade de um grande canal da mídia de divulgar, ou pelo menos citar, um ícone da música instrumental é praticamente nula. Quer dizer, muitas pessoas "conhecem" ou já "ouviram falar" de Hermeto -- mesmo que a mídia dominante, artisticamente pobre de propósito, ainda não o coloque nos mesmos patamares que outros gênios da música brasileira amplamente conhecidos (Villa-Lobos, Pixinguinha, Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque e etc). Mas como bem salientou um colega, às vezes parece que a maioria das pessoas cultua mais a figura mítica de Hermeto do que sua própria música: as pessoas tendem a valorizar mais a sua figura bizarra, as lendas,  os mitos e os acontecimentos célebres que cercam sua biografia -- um "marketing" que as inebria, uma cultura de valorização que a mídia moderna criou para lucrar com o mercado fonográfico através não da sofisticação músical em si, mas das polêmicas: isso desde os tempos das bandas irreverentes e do músicos junkies do rock'n'roll e da androginia que cercou o Glam Rock e a Disco Music até as mais recentes bandas e celebridades da pop music que fazem campanhas mundiais pela paz e vão até nos grotões da África para adotar crianças subnutridas. Quer dizer, não trata-se aqui de julgar o estilo ou a conduta desse ou daquele artista, dessa ou daquela banda, mas trata-se de defender a arte e colocá-la acima do marketing e do mito do próprio artista. E no caso de Hermeto, a arte é uma criatura transcendental que supera todo o misticismo e a áurea que está envolta do criador: não à toa, ele é chamado "Bruxo dos Sons". Mas dá para compreender o porquê de algumas pessoas gostar mais da anedotas hermetianas do que a música hermediana: algumas composições de Hermeto trazem desafios auditivos que poucos ouvintes estão dispostos a superar em sua totalidade, pois não se trata apenas de melodias com harmonias bonitas de fácil apreciação -- algo como se via (ou se vê) na bossa nova, por exemplo --, mas trata-se também de uma música cheia de nuances, experimentos, improvisos e "viagens" pessoais do grande criador -- e, definitivamente, não é uma questão de precisar conhecer música pra entender, mas sim é uma questão de abrir a mente e escutar atentamente os arranjos do mestre, e aceitar sua personalidade. A música de Hermeto Pascoal é uma verdadeira "farofa moderna" que traz uma universalidade de ritmos brasileiros -- desde rítmos nordestinos como o forró, o coco, o baião, a embolada e o frevo até o choro, o samba e a bossa-nova sudestina --, bem como também  mostra influências internacionais como o avant-garde (free jazz, livre improvisação, música erudita de vanguarda), o fusion (ou jazz-rock) e até música eletrônica. O trunfo e a inovação do nordestino Hermeto Pascoal, portanto, foi ter enriquecido a Música Instrumental Brasileira com misturas até então inimagináveis, saindo do estigma da bossa-nova e do samba-jazz, idiomas que já estavam ficando manjados no final da década de 60. Assim, Hermeto Pascoal criou seu próprio idioma musical que, de tão rico que é, ele mesmo passou a chamar de "Música Universal". E sua música tem sido, nessas últimas quatro décadas um parâmetro e uma inspiração não apenas para artistas da música instrumental, mas para artistas da música popular brasileira contemporânea como um todo. E é essa universalidade que tento mostrar no podcast.






Montreaux Jazz Festival de 1979
Missa dos Escravos de 1976
Zabumbe-buá de 1979
Festa dos Deuses de 1992
Hermeto Pascoal & Grupo de 1989
Cérebro Magnético de 1980
Eu e Eles de 1999
Mundo Verde Esperança de 2003


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