E aê galera, senhoras e senhores! Além do já existente canal do 'jazz contemporâneo', o blog Farofa Moderna tem o prazer de vos apresentar mais um canal da Radio Farofa Moderna, dessa vez especializado nos estilos de jazz conhecidos como hard bop e soul-jazz -- e já quero vos deixar a expectativa de que, no decorrer de um curto prazo, estaremos concluindo outros canais com outros estilos de jazz, procurando abranger os mais variados gostos e exigências dos nossos visitantes e, claro, mantendo nossa visão de autenticidade do jazz, independente da sua abordagem tradicional, moderna ou contemporânea. Este canal, que aqui vos apresento, abrigará mais de 70 sonzeiras dos estilos de jazz conhecidos como hard bop e soul jazz, compreendidos entre meados dos anos 50 até o final dos anos 60. O player é automático e a seleção é aleatória, ou seja, a cada vez que o ouvinte clicar sobre o canal uma nova sequência de faixas será tocada: isso possibilita que o ouvinte conheça novas faixas e novos músicos a cada vez que ele clicar no canal para ouví-lo, além de evitar um certo “cansaço” em caso do mesmo ouvinte querer ouvir a seleção inúmeras vezes.
O estilo chamado hard bop foi desenvolvido por músicos negros em resposta ao cenário dos músicos brancos do estilo cool jazz e do West Coast americano que praticamente passaram a dominar o jazz no início dos anos 50. O hard bop é nada mais do que uma retomada e uma extensão do bebop, linguagem fundada pelo genial saxofonista Charlie Parker e pelo trompetista Dizzy Gillespie em 1945. Porém, no hard bop a “levada”, o “swing”, é quase sempre mais lenta do que no bebop, que já nascera como um estilo muito rápido e que exigia do instrumentista uma capacidade excepcional de tocar uma quantidade absurda de notas abruptas em velocidade. O hard bop, ao contrário do bebop dos anos 40, se formalizou através de andamentos mais lentos e balançantes – até mesmo a ponto de se aproximar muito da dança, do swing, só que numa abordagem mais afro e lenta --, isso porque ele condensou outras influências afro-americanas que foram englobadas no jazz nos anos 50 e que não eram englobadas na primeira versão do bebop nos anos 40: há, portanto, uma maior abordagem das variabilidades harmônicas e melódicas em torno dos “riffs” do blues, gospel e da emergente soul music da época (ou Rhythm'n'blues).
No podcast vocês ouvirão nomes conhecidos que fizeram história a partir do hard bop tais como: Max Roach, Horace Silver, Art Blakey, Miles Davis, John Coltrane, Donald Byrd, Wes Montgomery, Lee Morgan, Lou Donaldson, Hank Mobley, Charles Mingus, dentre outros. Entre os nomes menos tarimbados estão: Lucky Thompson, Gigi Gryce, Eric Dolphy, Oliver Nelson, Booker Little, entre outros. Apesar da preponderância do blues, gospel e soul, também há uma tênue influência afro-latina por meio de rítmos como o calypso, o boogaloo, a salsa e o mambo, haja vista que músicos como Dizzy Gillespie e Art Blakey já vinham adicionando elementos afro-latinos na rítmica tradicional do jazz. Contudo, a maior herança deixada pelo hard bop foi o elemento “funky”, um “beat” (batida) que foi se desenvolvendo e se distanciando do swing tradicional do jazz: dois dos grande pioneiros da "pegada" funky foram o saxofonista Lou Donaldson e o pianista Horace Silver. Nos anos 60, a partir das enérgicas batidas do rock'n'roll (talvez originadas da batida “shuffle” já existente nas levadas das bandas de que englobava variabilidades mais animadas do blues, como o boogie-oogie), da síncopação “funky” já existente no jazz e da espiritualidade do gospel e da soul music (o chamado elemento “spiritual” da música negra americana), o cantor James Brown fundou o gênero conhecido hoje como “Funk”, uma marcação rítmica inicialmente simplificada e marcante que se caracterizou e desenvolveu suas variantes a partir dos anos 70. Já o Soul Jazz é uma versão mais “spiritual” do hard bop, onde o gospel é o que fica mais evidente: os expoentes são os organistas Jimmy Smith, Richard Groove Holmes, o saxofonista Lou Donaldson, o guitarrista Wes Montgomery, entre outros. Essas delimitações – entre bebop, hard bop, soul jazz e funky – foram frutos de anos de desenvolvimento musical, onde vários fatores étnicos, folclóricos e, de um modo geral, culturais, foram protagonistas através dos vários músicos que colaboraram com suas personalidades, inovações e abordagens: portanto é muito difícil, até mesmo para o jazzófilo já “macaco velho”, saber exatamente onde acaba um estilo e se inicia o outro. Mas, apesar de tentarmos, por meio de palavras, definir essas variantes do jazz, o objetivo mesmo é esquecer um pouco dos rótulos e deixar que nossos ouvidos e nossas emoções se encarreguem de definir, pra nós mesmo, o que é o bom e velho jazz. Clique nas imagens para saber mais e/ou acesse nossa sessão de rádio e ouça os outros canais!!!
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