The Dark Tree - Horace Tapscott 1989

Depois de ser redescoberto pelo produtor Tom Albach, passando a gravar seus discos pelo pequeno selo Nimbus West Records a partir de 1978, Horace Tapscott, peculiar pianista de Los Angeles, passou a ter um pequeno reconhecimento na mídia especializada, sobretudo a que trata do jazz de cunho vanguardista. Estes dois volumes do disco The Dark Tree, por exemplo, foram gravados pelo selo Hat Art, uma logomarca da excelente gravadora suíça Hat Hut. Fundada em meados dos anos 70, os registros desta gravadora são indispensáveis para quem quer conhecer mais sobre o Jazz e a Música Erudita Contemporânea, pois aborda uma gama de músicos e compositores de vanguarda como Stockhausen, John Cage, Anthony Baxton, Morton Feldman, Misha Mengelberg, Dave Liebman Joe McPhee, Steve Lacy, Ernst Reijseger, dentre muitos outros. Além desses dois volumes gravados em 1989 pela Hat Hut, Tapscott gravaria dois discos (entre 1996 e 1998) pelo selo Arabesque, também um selo bem conhecido pela excelência com a qual faz ponte entre o mainstream e a vanguarda.

Este The Dark Tree é um dos discos mais fantásticos de Horace Tapscott, uma boa amostra do poderoso e peculiar estilo do pianista e compositor, que na década de 70 foi mais um dentre a multidão de músicos injustiçados. Aqui, Tapscott nos deixa a clara impressão de requinte, além da boa sonorização e finesse com que concluiu de forma bem concisa todo o trabalho, prezando por uma amostragem bem composicional, com arranjos bem elaborados entre o post-bop e o free jazz. Seria essa impressão de requinte uma caracteristica dos registros Hat Hut, como se pode presenciar na gravadora ECM? Mas não se trata de um trabalho fantástico apenas por ser produzido e masterizado por uma das mais excelentes gravadoras de música criativa. A amostragem técnica dos músicos também fica bem evidente: Tapscott parece dar toda liberdade aos seus sidemans para que criem dentro dos limites que constróem o "corpo" do disco. Todos os músicos que aqui colaboram - o clarinetista John Carter, o baterista Andrew Cyrille, o contrabaixista Cecil McBee - deixam suas marcas registradas através de inpirados solos e arranjos. Cecil McBee deixa impresso a sonoridade única e poderosa do seu inconfundível baixo acústico, com cordas que soam graves, mas com notas bem claras mesmo quando ele improvisa através de solos livres e rápidos. O piano de Tapscott soa "livre, mas nem tanto" com um senso rítmico, um colorido harmônico e melódico que só o próprio Tapscott poderia criar. Andrew Cyrille está mais comedido mas não deixa de mostrar eficácia, chegando a aparecer bem em algumas passagens como na introdução do tema "Lino's Pad", terceira faixa do primeiro volume e na faixa "Sand and Niles", primeira faixa do segundo volume. E, por fim, a clarineta de John Carter merece uma atenção especial pela beleza do timbre cristalino somada ao fraseado e à grande criatividade improvisativa do músico. Uma bela reunião de músicos peculiares e criativos. download