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Courtney Pine, do Neo-Bop ao Drum’n'bas: inclassificável !


O lema do multiinstrumentista e compositor inglês Courtney Pine só parece ser um: evitar de compor um disco que soe igual ao outro anterior ou ser comparado a outro mestre do presente ou passado. Para tanto o saxofonista inglês já acrescentou ao seu jazz uma "vitaminada" de gêneros como reggae, hip hop, pop, música étnica africana, electronica, funk e soul, R&B, drum'n'bass, dentre outros estilos: os resultados são ora interessantes e agradáveis, outrora causam perturbação nos apreciadores e críticos, deixando a seguinte indagação: Até onde essas fusões podem ser consideradas Jazz ou até onde essas misturas representam inovação e requinte artístico? No entanto, até os puristas reconheceram, em certos discos, o talento que Courtney Pine já mostrou em realizar essas fusões prezando a tradição enquanto usava recursos tecnológicos e estilos urbanos. Foi assim que Pine passou a ser considerado uma espécie de "John Coltrane do Jazz Contemporâneo": essa comparação lhe pareceu descabida, já que muitos outros saxofonistas como Branford Marsalis e Michael Brecker também eram chamados constantemente de "John Coltranes do Jazz Contemporâneo" e, então, passou a não só rechaçar essa comparação como também passou a abandonar cada vez mais os aspectos do Jazz tradicional. As suas primeiras diretrizes começaram no hard bop nos anos 80, e foram se expandindo para a versatilidade em parelelo às suas novas descobertas: Courtney Pine iniciou sua carreira na banda Dwarf Steps, chegou a ser um membro convidado do lendário berço de feras Art Blakey's Jazz Messengers e passou a transitar pela nova corrente do Neo-Bop de Wynton e Branford Marsalis; também participou de workshops do baterista John Stevens, passou a estudar incensantemente as técnicas e frases de Sonny Rollins e John Coltrane, colaborou com o baterista Charlie Watts dos Rolling Stones, chegou a participar de uma turnê com George Russel, além de ter se deixado influenciar pela conexão que passou a ter com o cenário dos negros ingleses caracterizado pelos dubs e clubs onde eram bem comuns tocar hip hop, acid jazz, reggae e outras derivações.

No início da sua carreira, Courtney Pine adotou a tendência de estudar as raizes do jazz: fato tão comum nos brilhantes jovens americanos chamados Young Lions. Com o passar dos tempos, o saxofonista passa a abandonar essa comparação com John Coltrane e passa explorar com mais intensidade a música eletrônica, o pop, o reggae e etc; Pine foi tão longe que algumas de suas composições podiam muito bem ser encaradas mais como música de pista do que Jazz. Mas, durante a sua carreira, Pine provou que não só dá para criar uma conexão do Jazz com as outras variabilidades afros, como também dá pra abandonar essa imposição estética pela qual um músico de Jazz não pode usar outros elementos fora das raizes. Além disso, Courtney Pine recebeu muita influência dos seus pais que eram jamaicanos: dessa forma pode sintetizar o Jazz americano, a música caribenha, o reggae, o hip hop, além de ver de perto as experimentações da música européia. No entanto, mesmo sendo inclassificável, Courtney Pine desenvolveu, por vezes, uma indentidade próxima às de músicos como Roy Hargrove e Branford Marsalis: músicos que prezam, sobretudo, em valorizar a tradição, mas que também buscam abordar o hip hop e outras variantes afro-americanas. Tanto que vários dos seus álbuns foram produzidos pelo produtor Delfeayo Marsalis e ele já teve como sideman músicos americanos como a pianista Geri Allen , a cantora Cassandra Wilson, o guitarrista Mark Whitfield, o pianista Cyrus Chestnut, o contrabaixista Reginald Veal e o baterista Jeff Watts.



Journey to the Urge Within - Courtney Pine 1986


Aqui deixo como dica o primeiro álbum desse músico fantástico que explora desde o "beat" funky do Hard Bop até o drum'n'bass e o Hip Hop: o disco "Journey to the Urge Within" para o selo Antilles impulsionou a carreira de Courtney Pine e aumentou a sua presença no jazz inglês através do sucesso que teve com o hit "Children of the Ghetto. Com "Journey to the Urge Within" Pine cometeu a proeza de colocar, pela primeira vez na história, um disco de jazz entre os top 40 nas paradas britânicas.


Courtney Pine (Clarinet), Courtney Pine (Arranger), Courtney Pine (Sax (Soprano)), Courtney Pine (Main Performer), Martin Taylor (Guitar), Cleveland Watkiss (Vocals), Julian Joseph (Piano), Orphy Robinson (Vibraphone), Billy Banks (Executive Producer), Pete Brown (Engineer), Ray Carless (Sax (Baritone)), Roy Carter (Keyboards), Roy Carter (Producer), Michael Cuscuna (Producer), Mark Mondesir (Drums), Kevin Robinson (Trumpet), John Timperley (Engineer), John Timperley (Mixing), Ian Mussington (Percussion), Susaye Greene (Vocals), David Hiscock (Photography), Gary Crosby (Bass)


Children of the Ghetto - Courtney Pine & Susaye Greene

Segue também uma entrevista publicada no caderno Ilustrada da Folha do Estado de São Paulo em 2001:


Folha - Você diz que seu mais recente CD, "Back in the Day", é puro anos 90, mas tem sua essência nos 70. Como isso funciona? Courtney Pine - Os anos 60 e 70 entram com o manancial de batidas. As letras também têm inspiração no passado. Depois, eu uso a tecnologia dos computadores para atualizar as sonoridades.

Folha - E o seu fraseado no saxofone? Também vem do passado? Pine - Aí já estamos entrando em outra década. As melodias que eu toco refletem o presente. Tenho muita dificuldade em tocar num estilo retrô.

Folha - Com as misturas que você faz, sua música vai além do mercado de jazz. Que tipo de público vai aos seus shows no Reino Unido?
Pine - Vejo desde pessoas com 60 anos que vão para dançar até garotos de oito que já gostam de jazz. Tem de tudo, asiáticos, africanos e muitos europeus brancos.

Folha - E a postura deles é contemplativa, como num show de jazz tradicional? Pine - No começo, sim. Durante as duas primeiras músicas, eles permanecem sentados. Depois, alguns tomam coragem e vão para a pista.

Folha - Seu último CD é cheio de vozes, intervenções de DJs e samplers. Que tipo de banda você está trazendo ao Brasil? Pine - Estou levando um quinteto acústico, com um trombonista, um pianista, um guitarrista, um baixista e um percussionista. Além disso, também estará no palco um sequenciador, para disparar batidas pré-gravadas de hip hop e drum and bass.

Folha - Não incomoda o fato de alguns críticos rotularem você como um saxofonista talentoso, mas infeliz nas escolhas estilísticas?
Pine - Eu acho que a ira dos críticos mais velhos com a minha música acontece porque eles não conseguem relacioná-la como nenhuma coisa feita no passado. Certa vez, um crítico americano escreveu que gostou da minha versão de "Don't Explain", mas que eu precisava me livrar do DJ.

Folha - Durante boa parte da sua carreira, você foi comparado com John Coltrane. Isso o motivou a abandonar o jazz mais ortodoxo? Pine - Sim. Aqui na Inglaterra não nos conformamos em ser um ótimo número dois. Nos EUA, acho que os músicos podem se orgulhar de ser o décimo melhor Coltrane do mundo. Do meu lado, eu só me preocupo em ser o melhor Courtney Pine que conseguir. É isso. Comecei a redirecionar minha carreira quando passei a ser eu mesmo musicalmente.

Folha - Sua música tem o poder de entreter e enervar tanto fãs de jazz como de hip hop. Quais rádios tocam seus discos? Pine - Em geral, rádios com a programação voltada para a música negra, que não são muitas. Um exemplo é a Kiss FM. Há uma outra, a Jazz FM, que só toca músicas suaves. Nela, eu tenho conseguido encaixar as músicas que gravo com cantores.

Folha - Além do seu amor por reggae, que outras heranças musicais seus pais jamaicanos deixaram? Pine - Com eles, conheci o aspecto funcional da música e como as canções podem refletir o estágio atual de nossas vidas. Eles escutavam tipos de música específicos para dançar e para relaxar. Acima de tudo, eles me ensinaram que a música pode ser muito mais do que uma série de exercícios, escalas e acordes.

Folha - Você costuma fazer pesquisas musicais quando visita países como o Brasil? Pine - Com certeza. Nessa minha próxima visita, pretendo comprar um berimbau. Quando estive aí pela primeira vez [em 1989, durante o Free Jazz Festival", aprendi muito conversando com músicos e ouvindo as rádios. O Brasil é ioruba, um lugar perfeito para pesquisas musicais.

Folha - Quando você começou, a vida dos jazzistas negros na Inglaterra não era das mais fáceis. Como está agora? Pine - O problema maior é que não havia um elo entre a minha geração e a dos músicos de origem caribenha que tocavam jazz por aqui nos anos 60. Cansei de ser proibido de participar de jam sessions. Em algumas delas, quando eu subia no palco, o pessoal da casa apagava as luzes e dava a noite por encerrada.
Hoje, a situação não é tão ruim. Já é possível ver jovens talentos negros assinando bons contratos com gravadoras. Mas ainda há um longo caminho a percorrer.


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