Horace Silver with Jazz Messengers (1954)
6 Pieces of Silver (1956)
Blowin' the Blues Away (1959)
Song for My Father (1964)
The Jody Grind (1967)
Serenade to A Soul Sister (1968)
It's go to Be Funky (1993)
Hardbop Grandpop (1996)
Olá colegas! Sejam bem vindos a mais um programa do nosso Podcast Farofa Moderna. Este episódio, que foi ao ar originalmente em meados de 2010 quando eu andava a escrever um blog no Portal MTV, trata da grande contribuição do pianista e compositor americano Horace Silver para o jazz no período do hardbop, iniciado em meados dos anos 50, até o desabrochar do jazz-funky e do soul jazz nas décadas de 60 e 70. Na verdade, o próprio Silver foi um dos fundadores do estilo de jazz conhecido como hard bop quando se associou com o baterista Art Blakey para formar, em 1954, o lengendário The Jazz Messengers, provavelmente a maior banda e "escola" da história do jazz. Mas o hard bop foi apenas um início para Horace Silver... Acima está a seleção de discos abordados neste podcast. Ouçam!
Depois de co-liderar o Jazz Messengers junto ao Blakey, Silver formou seu próprio quinteto em 1956 com Junior Cook (saxophone tenor), Blue Mitchell (trompete), Eugene Taylor (contrabaixo) e Louis Hayes (bateria): essa foi uma das maiores bandas do hard bop e com ela o pianista lançou discos fenomenais como Finger Popin' (1959) e Blowin' the Blues Away (1959), ambos pela Blue Note. Após essa fase de 1956 a 1960, na qual fez grande sucesso com seu quinteto, Silver passaria a desenvolver um estilo cada vez mais funky, cada vez mais apegado à música afro-latina e à soul music. Filho de um pai nascido em Cabo Verde, Horace Silver foi, desde adolescente, um grande entusiasta da música afro-latina, do R'n'B, do boogie-oogie, do blues e do gospel, sendo também um dos precursores do estilo jazz-funky, colaborando em muito para a fase mais soul-jazz, a fase mais comercial do jazz que começou a se evidenciar após meados dos anos 60.
Desde o início da sua carreira já era notável seu estilo "funky" de tocar piano: um estilo rítmico de solar e acompanhar, sendo, ele mesmo, um condutor da banda através do uso de acordes cheios, repetitivos e rítmicos: essa era uma influência advinda do uso dos chamados riffs do blues e do gospel (as manjadas repetições obstinadas de acordes e frases, bem como o uso do elemento "pergunta e resposta", tão característico na música afro-americana). Neste podcast vocês poderão perceber todo o clima "bluesy", "gospel" e "funky" de Silver em composições já do início da sua carreira tais como "Yeah", "Opus de Funk", "The Preacher", "Señor Blues" e "Sister Sadie". Aliás, muito antes do cantor de soul James Brown "inventar" o gênero Funk, o elemento rítmico chamado "funky" já era usado discretamente no jazz -- geralmente, quando os músicos queriam exigir mais pegada, mais "tesão" e mais "balanço" em alguma música eles diziam uns aos outros: "Cara, coloque mais funky nisso, toque com mais tesão". A função desse programa de podcast, inclusive, é tentar mostrar esse elemento impresso no estilo único de Horace Silver, que desenvolveu como ninguém essa pegada "funky".
Thelonious Monk & Horace Silver |
Desde o início da sua carreira já era notável seu estilo "funky" de tocar piano: um estilo rítmico de solar e acompanhar, sendo, ele mesmo, um condutor da banda através do uso de acordes cheios, repetitivos e rítmicos: essa era uma influência advinda do uso dos chamados riffs do blues e do gospel (as manjadas repetições obstinadas de acordes e frases, bem como o uso do elemento "pergunta e resposta", tão característico na música afro-americana). Neste podcast vocês poderão perceber todo o clima "bluesy", "gospel" e "funky" de Silver em composições já do início da sua carreira tais como "Yeah", "Opus de Funk", "The Preacher", "Señor Blues" e "Sister Sadie". Aliás, muito antes do cantor de soul James Brown "inventar" o gênero Funk, o elemento rítmico chamado "funky" já era usado discretamente no jazz -- geralmente, quando os músicos queriam exigir mais pegada, mais "tesão" e mais "balanço" em alguma música eles diziam uns aos outros: "Cara, coloque mais funky nisso, toque com mais tesão". A função desse programa de podcast, inclusive, é tentar mostrar esse elemento impresso no estilo único de Horace Silver, que desenvolveu como ninguém essa pegada "funky".
Outro fator interessante neste podcast é que os discos aqui abordados remetem-se ao desenvolvimento de Silver na gravadora Blue Note, onde o pianista trabalhou por quase 30 anos. Silver seria, inclusive, o expoente da gravadora numa fase posterior quando ela adotaria uma linha mais comercial após a queda das vendas dos discos de jazz nos anos 60, isso por causa do sucesso do rock'n'roll e do R'n'B nos nights clubes e nas paradas de sucesso: uma das características dessa fase, além dos músicos aderirem às sonoridades e rítmos do soul e funk, são as capas dos LP's sempre ilustradas com linda mulheres -- negras, orientais, ruivas ou loiras --, uma jogada de marketing da gravadora para alavancar suas vendas. Após o grande sucesso do lendário álbum Song for My Father -- talvez seu álbum mais conhecido até hoje, um álbum onde o pianista homenageia seu pai, colocando uma foto sua na capa --, Horace Silver passou a ser um dos grandes pioneiros dessa fase mais comercial da Blue Note, um dos grandes músicos de jazz que contribuiu imensamente para o chamado "mainstream", para o jazz mais comercial da época -- o intrigante, porém, é que ele fez tudo isso sem rebaixar sua arte, sem renegar seu estilo rebuscado, sua identidade única.
Horace Silver, nascido em 1928 e ainda vivo, de certo não é tão "pop" quanto Miles Davis ou tão "mítico" quanto John Coltrane, mas é, com certeza, um dos mais influentes músicos da história do jazz: além de descobrir e impulsionar grandes músicos como Donald Byrd, Woody Shaw, Joe Henderson, Michael Brecker e até o brasileiro Moacir Santos, ele também influenciou gigantes como Cecil Taylor, Bobby Timmons e Herbie Hancock. Ouçam!
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