Genialidade e talento são virtudes inerentes às artes. Assim sendo, pessoas geniais em idéias originais e talentosas em técnicas de como se fazer arte merecem ser veneradas e imortalizadas -- não como "deuses" ou como "entidades" perfeitas, intocáveis e acima de quaisquer suspeitas (como muitas vezes o genial e errático Miles Davis é errôneamente tratado, por exemplo), mas como heróis que transpuseram um mar de dificuldades a aprendizados em busca de transformar o mundo, ainda que esse mundo seja um restrito mundo de artistas e apreciadores de gêneros e espécies de arte. E o cantor e multiinstrumentista Ed Motta é um daqueles artistas brasileiros pelo qual devemos ter orgulho: ele não apenas traz, em sua voz de estilo soulful, a celebração e a continuidade à arte do seu tio, Tim Maia -- aquele que misturou soul e funk com música brasileira e criou, portanto, um novo gênero nacional --, mas ele também traz uma mente abençoada, uma visão de música que é aberta a vários estilos, várias técnicas, várias vertentes: das vertentes comerciais às vertentes vanguardistas, passando pelas vertentes da música negra de raiz -- do nosso brasileiro samba à black music americana. Aliás, muito além da sua concepção de cantor brasileiro, do talento vocal e da visão musical aberta, ele próprio é um excelente compositor e multiinstrumentista que se dá ao trabalho de se experimentar por caminhos mais ousados, como é o campo da música instrumental -- isso sem contar que ele também é produtor, além de nutrir paixão por hobbies diversos, como ser colecionador de discos e apreciador inveterado de vinhos, história em quadrinhos, chás e cervejas. Falando estritamente da sua obra, sua discografia já conta com uma dezena de lançamentos: entre eles, há pelo menos dois álbuns dedicados totalmente à música instrumental, os quais são os álbum Dwitza (2002) e Aystelum (2005). Abaixo, deixo um link de acesso aos videos do show instrumental que Ed Motta realizou no SESC com base nestes dois álbuns -- e,sim, ele não apenas toca, mas também usa a sua voz explendorosa, mas a usa como um instrumento, entoando e improvisando na forma de scat vocal, técnica que domina com maestria. Sinceramente, fiquei surpreso com o som instrumental idealizado por Ed -- e não o fiquei por não saber que ele fosse capaz de sair dos limites da música cantada, mas justamente por constatar que seu trabalho instrumental chega a ter mais requinte e mais modernidade que muitos trabalhos de músicos especializados totalmente em jazz e música instrumental brasileira. O segredo, ao meu ver, é o seguinte: Ed não se prende aos elementos do folclore e nem aos manjados cancioneiros da música popular, pois ele tem uma concepção urbana de música -- e à essa concepção, ele acrescenta pitadas de brasilidade, resultando no seu estilo próprio e cativante. Acesse o link abaixo: lá no site do Instrumental Sesc Brasil , basta apenas clicar sobre as músicas para assistir todos os vídeos! Ouçam e assistam!
Ed Motta no Instrumental Sesc Brasil
Um comentário:
Texto maravilhoso e verdadeiro.
Ed Motta é sem dúvida um dos melhores e mais completo músico brasileiro. Curto muito a música dele, cada álbum é uma surpresa diferente e agradável.
Abraço
Daniel
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