Neste post, destaco as criações de Karl Georg Günther Kieser, um grande designer gráfico alemão. Ele é conhecido desde a década de 60, especialmente por seus pôsteres para os festivais Deutsche Jazz Festival Frankfurt e Berliner Jazz Tage, bem como pelo seu trabalho em uma das primeiras agências de concertos de jazz da Europa: a Lippmann & Rau. Kieser é renomado como um artista de grande talento e criatividade; ele é considerado o mais importante designer alemão no que diz respeito à anúncios e posteres de jazz e rock -- tanto que ele chegou a ser chamado para trabalhar com a gravadora Blue Note e seus trabalhos já foram expostos em museus e galerias de renome internacional, como o Museu de Arte Moderna de Nova York. Mas, o trabalho de Kieser -- apesar de ter uma forte identidade com os pôsteres de jazz e rock -- também abrange anuncios políticos, publicidade para empresas privadas, shows de funk, gospel e soul music, bem como festivais de blues: vide, por exemplo, seus cartazes para o festival americano denominado American Folk Festival. Assim, como a arte do grafitti, seus cartazes passaram a fazer parte do visual de bares, muros, universidades e clubes de jazz nas cidades de Frankfurt e Berlim nas décadas de 60 e 70, vindo a se institucionalizar como arte bem valorizada em galerias e museus de arte moderna nas décadas posteriores.
Nascido em 1930, Günther Kieser iniciou seus estudos de arte aos 16 anos, em 1946, na Werkkunstschule (atualmente Hochschule für Gestaltung / College of Design), Offenbach, onde ficou até 1949. Em 1952, ele fundou um estúdio com o designer Hans-Michel, com o qual manteve colaboração até 1962 -- a dupla, que assinava M+K, trabalhou não só para instituições públicas e privadas -- como o serviço de correios alemão Deutsche Bundespost e a rede de rádio Hessischer Rundfunk -- como também elaborou cartazes para muitos dos primeiros grandes concertos europeus de jazz promovidos pela Lippmann & Rau após o término da 2ª Guerra Mundial, evocando os alemães a assistirem shows de gente como Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Count Basie, Oscar Peterson, Jimmie Smith, John Coltrane e etc. Após, essa fase com Hans-Michel, Kieser continuou a fazer cartazes para a Lippmann & Rau, mas, agora, já atarefado com outros projetos paralelos que englobavam o rock e a soul music.
Um dos seus trabalhos mais criativos e memoráveis, por exemplo, é o pôster Jimmi Hendrix Experience, elaborado para o show de Hendrix no festival Festhalle Frankfurt em 1969 -- nesse pôster, Hendrix está ligado em vários fios coloridos, o que dá a conotação das experiências psicodélicas que o guitarrista realizava na época. Igualmente interessante é pôster do rosto negro de Miles Davis com espécies de pingos de tintas coloridas e sincronizadas, bem como o pôster do rosto do bluesman John Mayall no meio de uma árvore - como se os galhos da árvore fossem os cabelos de Mayall; há, também, um pôster com duas caricaturas de Frank Zappa barbudo na altura da região peniana da estátua de David de Michelangelo que foi um tanto impactante, assim como a própria postura artística de Zappa sempre foi.
Mas é preciso salientar também, os trabalhos de Kieser relacionados ao grande trombonista e vanguardista alemão Albert Mangelsdorff: a capa do excelente disco Folk Mond & Folk Dreams de 1968 é um dos exemplos. Em todos seus trabalhos, as técnicas utilizadas por Günther Kieser foram as da montagem, desenho, colagem e arte gráfica; enquanto seu amigo Hans-Michel se destacava por sua maestria com a fotografia e a colagem. Jazzófilos aficcionados em artes podem adquirir algumas das criações de Kieser relacionadas a capas de discos e concertos de jazz site do E-Bay, onde tem alguns lances que vão de U$ 250 a U$ 500 por um cartaz original, ou seja, um cartaz impresso na época em que foi criado pelo designer. Abaixo alguns trabalhos de Kieser: inclusive o cartaz da exposição de Bossa Nova em Berlin de 1966, no qual tem uma mão negra com uma pintura de traços coloridos.
3 comentários:
Fantásticos!! Sem dúvida são os melhores q já vi! Parabens pelo post.
Uma pergunta: o cartaz de bossa nova foi inspirado no Memorial da América Latina ou foi a estátua do Memorial baseada no pôster dele?
Abç! Sou novo na área, não conhecia seu blog, agora estarei sempre presente!
vixe, Rodrigo! pra falar a verdade eu não sei, rs...
aliás, até eu fiquei encucado com isso: aquela estátua do Memorial parece mesmo com essa montagem!!
Abraços e seja bem vindo ao Farofa Moderna!!!!
Muito bom, valeu!
Abraço
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