O ano de 2007 foi o ano negro para o Jazz, Música Instrumental Brasileira e as artes em geral. É pesaroso fazer esse exame, esse tipo de balanço, mas o ano de 2007 foi um ano de muitas perdas, nos deixando aquela impressão de que uma boa geração - aliás, uma grande geração de mestres e veteranos das artes - estavam indo embora sem nos deixar opção ou esperança no que diz respeito ao surgimento de novos talentos e de grandes artistas como eles foram. Entre os muitos mestres falecidos de 2007 podemos destacar alguns: no teatro perdemos Paulo Autran, no Jazz perdemos Oscar Peterson, Andrew Hill e Michael Brecker; no cinema perdemos Michelangelo Antonioni e Ingman Bergman e na música brasileira perdemos um dos nossos maiores instrumentistas, o trompetista Marcio Montarroyos, em 12 de Dezembro de 2007, com 59 anos de idade. O trompetista foi um dos músicos mais brilhantes e mais presentes em toda a nossa música popular e instrumental e fez inúmeras participações em trabalhos nacionais e internacionais, tocando com Sergio Mendes, Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti, Milton Nascimento e Tom Jobim, Stevie Wonder, Sarah Vaughan, Nancy Wilson, Carlos Santana e Ella Fitzgerald. Além disso participou de inúmeros discos com artistas da música instrumental e popular com Roberto Carlos, Ney Matogrosso, Gabriel o Pensador, Cidade Negra, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Tom Jobim, Ivan Lins, Leo Gandelman, Wagner Tiso, João Bosco, Luiz Bonfá, Edu Lobo, Maria Bethânia, Simone, Azimuth, Eugénia Melo e Castro, Vitor Assis Brasil, Marcos Resende, Don Grusin, Jon Hiseman, Sérgio Mendes e Ricardo Silveira. Enfim, a presença de Montarroyos foi tão constante na música brasileira que, pouco antes de falecer, alguns dos seus amigos fizeram um show no Mistura Fina em sua homenagem para arrecadar fundos que foram usados para custar o tratamento do artista na batalha contra o câncer do pulmão: em 19 de Novembro, artistas como Ney Matogrosso, Léo Gandelman, Celso Fonseca, Marcos Valle, Paulinho Trompete, Edu Lobo, Fafá de Belém, Leila Pinheiro, Arthur Maya, João Donato entre outros, fizeram um show intitulado "Festa para o General", fazendo alusão ao seu apelido comum entre parentes e amigos: General , apelido originado do aspecto e fama de durão e grande líder pela disciplina que impunha em relação à música, apesar de estar sempre sorridente e radiante com os colegas .
Não obstante, Marcio deixou seu nome cravado na história da Música Instrumental Brasileira com uma pá de bons discos que para a minoria não é novidade, mas para nós, que as vezes já ouvimos falar mas não corremos atrás para ouvir, será não só novidade mas uma prova de que perdemos um grande artista, um refinado trompetista brasileiro. Assim, antes de apresentá-los ao disco desse post é necessário traçar um breve resumo da carreira do carioca Márcio Montarroyos: o trompetista começou a carreira no final dos anos 60 quando a nossa música instrumental estava sofrendo grandes transformações, adquirindo uma indentidade própria, mas ainda fortemente marcada pelo Jazz e a Bossa Nova instrumental, chamado por muitos de Jazz Brasileiro ou Brazilian Jazz. Se dedicando inicialmente ao piano e ao estudo da música clássica, Montarroyos viu na música popular o seu espaço e a sua paixão de vida e, já apartir de 1968, fazia parte do conjunto A Turma da Pilantragem que tinham nomes como Zé Roberto Bertrami, Alexandre Malheiros, Vitor Manga, Fredera e Ion Muniz e as cantoras Regininha, Málu Balona e Dorinha Tapajós: com esse grupo ele gravou três LPs. Nos anos 70 ele foi estudar jazz na Berklee School of Music, nos Estados Unidos e logo de cara se firma como o mais proeminente trompetista brasileiro participando da gravação da trilha sonora da novela "Carinhoso" da TV Globo e lançando seus primeiros grandes discos que foram Sessão Nostalgia (1973) e esse Stone Alliance(1977), discos marcados não só pelo Brazilian Jazz, mas já com algumas acentuações da nossa chamada Música Instrumental Brasileira, recém-criada por expoentes como os multiinstrumentistas Sivuca e Hermeto Pascoal. Nos anos 80 Montarroyos lançou discos como "Trompete internacional" (1981), "Magic moment" (1982), "Carioca" (1984), "Samba Solstice" (1987) e "Terra Mater" (1989), sendo que esse ultimo significou seu ápice não só como um grande trompetista, mas, sobretudo, como um grande compositor, registrando canções como "The fourteenth day" e "One more light". Vale lembrar que alguns dos discos de Márcio Montarroyos eram inicialmente gravados nos Estados Unidos e só depois relançados e distribuídos no Brasil. Aliás, é curioso notar que Montarroyos foi o primeiro músico brasileiro contratado pela Columbia Records (companhia americana pertencente a gigante Sony BMG). O seu ultimo grande disco de sucesso foi o homônimo "Marcio Montarroyos" de 1995, onde registrou belas composições próprias como "Slave ritual", "Pantanal" e "Congo do Serro", entre outras. E para nossa alegria, está pra sair, quentinho do forno, um lançamento póstumo, já que pouco antes de falecer Marcio gravou um disco institulado "Rio e o mar", com a participação de Léo Gandelman.
Esse , Stone Alliance, é o seu segundo disco e foi lançado pela PM Records em 1977. A sonoridade do disco é magnífica: em certos momentos contemplamos umas sonoridade mais tropical e latina como na primeira faixa "Hey Bicho, Vamos Nessa", outras vezes relaxamos ao som de faixas mais suaves como "Rua da Boa Hora" e "A Child is Born" e ainda tem algumas faixas com uma "pegada" mais fusion e mais groove, como é o caso da "On the Foot Peg". Enfim o disco é rico de rítmos e sonoridades. É um daqueles discos pra se ouvir várias e várias vezes, guardar, colecionar e vira-e-mexe ouvir de novo. A sonoridade do trompete e flugelhorn de Marcio é suavíssima e marcada por efeitos eletrônicos (na época entendida como uma influência de Miles Davis) usados não com demasia, mas com clareza e beleza. O disco se torna ainda mais interessante quando vemos sua ficha técnica, onde estão presentes nomes como Hermeto Pascoal tocando flauta e piano e o saxtenorista Steve Grossman. Para baixar este disco basta apenas clicar sobre sua imagem. Segue a ficha técnica:
Steve Grossman - Soprano and Tenor Saxophones
Gene Perla - Bass and Keyboards
Don Alias - Drums, Congas, Guitar, Voice and Percussion
Marcio Montarroyos - Trumpet, Flugelhorn, Melophone
Hermeto Pascoal - Piano and Flute
Erasto de Holanda Vasconcelos - Percussion
01 Hey Bicho, Vamos Nessa
02 Rua da Boa Hora
03 A Child is Born
04 On the Foot Peg
05 Menina Ilza
06 Risa
07 Libra Rising
08 The Greeting
Esse , Stone Alliance, é o seu segundo disco e foi lançado pela PM Records em 1977. A sonoridade do disco é magnífica: em certos momentos contemplamos umas sonoridade mais tropical e latina como na primeira faixa "Hey Bicho, Vamos Nessa", outras vezes relaxamos ao som de faixas mais suaves como "Rua da Boa Hora" e "A Child is Born" e ainda tem algumas faixas com uma "pegada" mais fusion e mais groove, como é o caso da "On the Foot Peg". Enfim o disco é rico de rítmos e sonoridades. É um daqueles discos pra se ouvir várias e várias vezes, guardar, colecionar e vira-e-mexe ouvir de novo. A sonoridade do trompete e flugelhorn de Marcio é suavíssima e marcada por efeitos eletrônicos (na época entendida como uma influência de Miles Davis) usados não com demasia, mas com clareza e beleza. O disco se torna ainda mais interessante quando vemos sua ficha técnica, onde estão presentes nomes como Hermeto Pascoal tocando flauta e piano e o saxtenorista Steve Grossman. Para baixar este disco basta apenas clicar sobre sua imagem. Segue a ficha técnica:
Steve Grossman - Soprano and Tenor Saxophones
Gene Perla - Bass and Keyboards
Don Alias - Drums, Congas, Guitar, Voice and Percussion
Marcio Montarroyos - Trumpet, Flugelhorn, Melophone
Hermeto Pascoal - Piano and Flute
Erasto de Holanda Vasconcelos - Percussion
01 Hey Bicho, Vamos Nessa
02 Rua da Boa Hora
03 A Child is Born
04 On the Foot Peg
05 Menina Ilza
06 Risa
07 Libra Rising
08 The Greeting
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