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Jazz Europeu I: e.s.t., a banda de jazz contemporâneo com status de uma banda de rock !!!

Esbjorn Svensson: morto em 2008, o pianista sueco deixou o seu grande legado em 15 albuns de puro frescor contemporâneo!


Quando o pianista sueco Esbjörn Svensson faleceu aos 44 anos de idade, em Julho de 2008, em decorrência de um mergulho mal sucedido, houve um grande sentimento de perda em relação ao "Maior Músico Europeu da Década". Sim, de fato, Esbjörn Svensson chegara à década de 2000 sendo considerado um dos músicos mais influentes das últimas décadas - isso por liderar uma das maiores bandas do jazz contemporâneo que, não por acaso, levava o seu nome: o Esbjörn Svensson Trio, ou simplesmente E.S.T. A magia do power trio, fundado pelo pianista no início da década de 90, estava se mostrando tão vibrante que, além da aceitação maciça do público de jazz, outros públicos - como o público do pop contemporâneo e o do rock indie - também passaram a compor o rol de fãs da banda, que parecia crescer ano a ano, à medida em que as turnês iam acontecendo, os discos iam saindo do forno e a mídia ia documentando. Aliás, até o protecionista cenário jazzístico americano já havia sido invadido pela magia do trio sueco: um dos raros casos, enfim, de influencia de uma banda de jazz européia no cenário americano depois dos ecos vanguardistas europeus que influenciou músicos do free jazz americano na década de 60 e 70.


A receita do trio era criar uma banda de música instrumental com o status comercial de uma banda de rock sem baixar o alto nível artístico que tanto caracteriza o jazz, ou seja, criar um jazz com o rosto da música contemporânea, se deixando influenciar tanto por elementos vanguardistas como por roupagens da música pop e do rock contemporâneo sem esquecer do improviso e da composição bem elaborada. Tanto que alguns dos seus hits, se fossem cantados, bem que poderiam ser hits de uma banda de rock sueca ou inglesa: dessas do britpop como Oasis, Blur ou algo como a banda Radiohead, as quais têm baladas e melodias bem marcantes. Mas, além dos hits aparentemente mais simples e de fácil fixação auditiva, nós observamos, também, alguns temas onde o improviso - sempre moderno e intrincado - tem um uso mais predominante e intenso, assim como os arranjos e a composição escrita chegam a soar cerebrais, inteligentes e bem elaborados. Por isso, então, o E.S.T. agrada tanto ao público de jazz mais purista como ao público que curte pop ou rock contemporâneo. Em tempo, outra característica do trio era o equilíbrio do uso de efeitos eletrônicos em seu jazz que sempre foi de proveniência acústica: Svensson, por exemplo, sempre usava sintetizadores ou efeitos produzidos nas cordas do piano (como percutir as cordas ou colocar papel entre elas pra obter um som diferenciado), enquanto o contrabaixista Dan Berglund usava um quite de pedais de efeitos para aplicar efeitos inusitados com o arco em determinados momentos. Um dos discos mais interessantes a mostrar essa faceta é o Viaticum (2005), dentre outros álbuns das produções mais recentes do trio.



Concluindo o resumo da trajetória da banda: de 1990 a 2000, o Esbjorn Svensson Trio apenas se consagrou em solo europeu como uma das bandas instrumentais mais promissoras da Europa: Svensson, o pianista, chegou a ganhar prêmios como o Melhor Músico Sueco nos anos de 1995 e 1996, O Melhor Compositor do Ano em 1997 e recebeu a distinção Hans Koller como Artista do Ano em 2004; e também, álbuns como Winter in Venice e Strange Place For Snow já haviam ganhado o Grammy Sueco e o German Jazz Award, respectivamente. Já nesses últimos anos da década de 2000, o trio de fato se consagrou no mundo todo como a maior banda européia de jazz, ganhando respaldo e aceitação da crítica muito além do jornalismo musical europeu e conquistando os mercados americano, asiático e brasileiro - já que por aqui, também, o público de jazz passou a conhecer e a apreciar a magia jazzística do trio sueco através, lógico, da internet. E foi assim, então, que através da gravadora alemã ACT, o Esbjorn Svensson Trio chegou à sua consagração e seu fim: a morte do pianista Svensson, a alma e o compositor do trio, inviabilizou a sequência primorosa da banda, fazendo com que o contrabaixista Dan Berglund e o baterista Magnus Öström desenvolvessem suas próprias carreiras. E aí tivemos mais um caso de um artista e uma banda de jazz que foram precocemente interrompidos pelo destino no auge de suas consagrações. Ao todo, o grupo lançou 15 discos: o último foi Leucocity, gravado na Austrália no início do ano de 2008 - um excelente álbum por sinal. Ademais, digo por gosto próprio: a E.S.T. é uma banda pra se ter todos seus discos - todos são bons!

Além de um vídeo muito bom, deixei no Farofa Moderna MTV, para exemplificar o som da banda, duas faixas para audição: Spunky Sprawl (do disco Strange Place for Snow, lançado pela Columbia Records em 2002) e Dodge the Dodo (do disco From Gagarin's Point of View, grande disco de 1999). Assista e ouça, aqui no Farofa MTV, o Esbjorn Svensson Trio !!!


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