Há músicos que, não bastassem ser exímios intérpretes de seus instrumentos, criam sua linguagem, inovam, rompem fronteiras e projetam sua influência para além de suas próprias vidas. O saxofonista norte-americano John Coltrane (1926-1967) foi um desses talentos e um dos grandes momentos de sua inventividade e virtuosismo está no álbum A Love Supreme, lançado em 1965. O disco é considerado por muita gente – muita mesmo – como sua obra-prima. Lançado em 2002 nos Estados Unidos e em 2007 aqui no Brasil pela editora Barracuda, A Love Supreme – a Criação do Álbum Clássico de John Coltrane, do jornalista, produtor e professor americano Ashley Kahn, não só traz minúcias sobre a gravação do famoso álbum como reúne importantes dados biográficos e profissionais de Trane em toda a sua trajetória. Kahn também é autor de outro livro sobre um disco não menos importante do jazz: A Kind of Blue, do trompetista Miles Davis. Não vou entrar em detalhes sobre os escritos de Kahn sobre Trane, mesmo porque são muitos. Melhor mesmo é se debruçar sobre a publicação e se deleitar com informações sobre as gravações, o clima em que ocorreram, técnicas usadas e várias novidades. Ashley dedica páginas a falar do excelente momento pessoal pelo qual John Coltrane passava quando gravou A Love Supreme, livre das drogas e mergulhado na espiritualidade. O A Love Supreme do título (amor supremo, em português) é uma oferenda e um agradecimento do instrumentista à sua concepção do Deus Todo Poderoso. De certa forma o álbum representou um retorno às suas raízes religiosas. Religioso ou não, impossível um ouvinte manter-se insensível às quatro fenomenais partes da música, de uma beleza de improvisos, harmonias e melodias de ímpares. Por um lado, além do espiritual, o álbum significou um rompimento de barreiras que sinalizaram para os caminhos de liberdade musical que ele tomaria a partir de então, chame-se isso de Avant-Garde, Free Jazz, New Thing ou o que seja. Não à toa, os rumos explorados por Trane serviram de referência naquele momento em que se clamava por caminhos mais justos nos Estados Unidos. Coltrane e sua arte viraram um dos símbolos na luta de ativistas políticos, jazzistas experimentalistas, roqueiros e vários outros. Kahn ainda enfoca figuras centrais no álbum, como os instrumentistas do famoso quarteto de John, o pianista McCoy Tyner, o baixista Jimmy Garrison e o baterista Elvin Jones, com o produtor Bob Thiele e o engenheiro de som Rudy Van Gelder. Fora todo o manancial de textos sobre A Love Supreme, o livro narra momentos importantes de Coltrane que precederam o revolucionário álbum, como a fase tumultuada e ao mesmo tempo extremamente produtiva do ponto de vista musical em que integrou a banda de Miles Davis, com o qual gravou discos como Kind of Blue. O autor escreve também com destaque sobre os rumos tomados depois do disco que é considerado sua obra-prima, em que seguiu pela estrada do free jazz, com a colaboração de músicos como o saxofonista e flautista Pharoah Sanders, até sua morte, vítima de um câncer de fígado. Com base em pesquisas e depoimentos com músicos que tocaram com Coltrane, de familiares, como a pianista e esposa Alice Coltrane, falecida recentemente, e até de roqueiros como Patti Smith, Carlos Santana e Bono, Ashley Kahn traça um painel do enorme leque de seguidores do som do saxofonista. Destacaria ainda informações do livro como a existência de uma segunda sessão de A Love Supreme, nunca lançada, que contou com a participação do saxofonista Archie Shep e do baixista Art Davis, e a única performance completa da peça, na cidade francesa de Antibes, em 1965. Alías, o material do show na Riviera Francesa saiu em CD. A peça tem 48 minutos, 18 a mais que a versão de estúdio. Gostaria de agradecer aos meus amigos Alessandro, Tatiana, Luci, Clara, Heloísa, Giovana, Márcia e Regina por terem me presenteado com esse excelente livro, uma viagem informativa e emocional na arte de um dos gênios imortais da música. Salve, Coltrane!. As fotos foram tiradas pela Enid Farber Fotography na noite do dia 11 de Dezembro de 2002 - NYC, no lançamento do Ashley Kahn's Making Love Supreme, livro com tragetoria e desempenho do album A Love Supreme de John Coltrane. Uma leitura obrigatoria pra que gosta ou deseja conhecer o perfil de um dos clsssicos do jazz. Fonte: Tijoloblog (Livro aborda obra-prima de Coltrane, por Marcelinho 31/07/2008) . Boa leitura.
Boa leitura - Namastê.
Boa leitura - Namastê.
Colaboração: Borboletas de Jade
Um comentário:
Uma das obras-primas de Coltrane, gostaria de destacar o livro 'The House that Trane Built' também de Ashely Kahn da editora Norton.Abraços (www.istoejazz-fabiopires.blogspot.com)
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