A Música Instrumental Brasileira, mais propriamente a contemporânea, desde sempre alcançou um público enxuto e seleto: isso é tanto uma verdade quanto um problema. Vemos hoje na mídia um grande revival ao cancioneiro popular que começou a modernizar-se nos grandes centros urbanos através dos redutos de boemia nas décadas de 50 e 60, mas em se tratando de Música Instrumental Brasileira, pouco se comenta, pouco se ouve no rádio, pouco se vê na televisão e pouco se lê nos jornais. Contudo, desde a década de 70 nossa música instrumental vem se desenvolvendo de forma a unir nossos rítmos tradicionais com os elementos da música contemporânea como um todo. Tal como o jazz sofreu suas modernizações nas décadas anteriores, a Música Instrumental Brasileira passou a sofrer suas transformações estéticas a partir da década de 70 quando novos representantes pós-bossa nova como Hermeto Pascoal, Sivuca, Airto Moreira, Arismar do Espírito Santo e Nenê passaram a dar uma cara mais genuinamente brasileira à nossa música instrumental, rechaçando o jazz como elemento par do samba em troca de uma maior abrangência de rítmos brasileiros: o jazz, por sua vez, continuaria a ser uma fonte de influência, mas, dessa vez, estaria menos presente em nossa música do que na década de 60, época caracterizada pela geração do Samba-Jazz. E é dessa linha de modernidade mesclada de Jazz com Samba, MPB e rítmos nordestinos que o baterista paulistano Alex Buck surgiu: inicialmente ele passou pela escola denominada CLAM regida pelo legendário Zimbo Trio; aos 17 anos ele se foi premiado em duas categorias no Festival Batuka (composição e performance), sendo esse o maior concurso brasileiro no ramo da bateria; a partir daí, Alex Buck procurou seguir uma carreira calcada na música instrumental brasileira, onde, eventualmente, personagens importantes como o baterista Nenê e a pianista Silvia Góes estariam presentes tanto como professores como, também, colaboradores.
Alex Buck não é só um dos maiores bateristas da nova geração, um dos mais requisitados colaboradores ou, como se diz no jazz, um musician's musician, mas também é pianista e um compositor de mão-cheia que já começa a dar a sua contribuição para o repertório contemporâneo. O exemplo mais interessante, dentre todos os exemplos de proficiência já presentes em sua curta carreira, é o disco que ele lançou pelo selo Maritaca em 2005, o CD Luz da Lua: trata-se de um registro fantástico que mostra todo aquele conjunto sofisticado de arranjos, harmonias e rítmos, além de ser um dos discos que mais se destaca em improvisação dentre todos os discos lançados nesse início do século 21. Alex já teria mostrado a que veio apenas com a partipação como co-lider no disco Trocando Idéias (também gravado em 2005) ao lado do fantástico guitarrista Michel Leme, mas com o disco Luz Da Lua ele mostrou que acabava de deixar de ser apenas uma promessa da bateria e composição para ser um dos mais novos talentos a contribuir em ambas às partes dentro da Música Instrumental Brasileira. Destacando a sua técnica, vê-se uma bateria crua, com batidas sempre bem destacadas - ainda que algumas vezes livres e polirrítmicas - e uma configuração que mostra sua completude adquirida através do gosto pelo frevo, pelo samba, pelo jazz e por outros estilos de "beats" brasileiros e latinos.
O conjunto de discos solos de Alex Buck é composto por Luz da Lua (2005), o mais recente Irmãos de Som (2008) e outros dois como co-líder: o disco Trocando idéias (também gravado em 2005 junto ao guitarrista Michel Leme) e Resistindo (gravado em 2003 com um trio ao lado da pianista Silvia Góes e do multiinstrumentista Tiago do Espírito Santo). Ademais Buck já deixou a marca da sua bateria em vários trabalhos com gente do quilate de Dominguinhos, Yamandú Costa, Arismar do Espírito Santo, Filó Machado, Wilson das Neves, Jair Rodrigues, Jane Dubock, Fabiana Cozza, Alessandro Penezzi, Germano Mathias, Guilherme Vergueiro, Raul de Souza, Heraldo Du Monte, Naylor Proveta, Sandro Haick, Michel Leme, Thiago Espírito Santo entre outros. Enfim, para quem é fascinado pela pluralidade de rítmos e arranjos que constituem a Música Instrumental Brasileira Contemporânea , Alex Buck é mais um dos nomes a não perder de vista.
Um comentário:
interessante, esse blog mostra poucos músicos brasileiros mas quando mostra sempre é uma boa novidade
postem mais música brasileira, aew
saravá!
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