1- Pra começar, o jazz iniciou o ano de 2009 já de luto com a morte do trompetista Freddie Hubbard em 30 de Dezembro de 2008: em 2007 ficamos felizes quando ele voltou de um longo hiato de sete anos e gravou o disco On the Real Side com o The New Jazz Composers Octet, mas parece que algumas complicações cardíacas não deram a chance do grande trompetista gravar outras pérolas.2 - E por falar em falecimento, tivemos – entre outras más notícias – a infelicidade de ouvir e ler sobre o falecimento do pai do “jazz modal”, o inovador compositor George Russell, em 27 de Julho: no início dos anos 50 ele idealizou e teorizou o uso das escalas modais gregas na harmonia jazzística, o que acabou influenciando Miles Davis no disco Kind of Blue em 1959, um dos maiores clássicos da história do jazz – mas é preciso lembrar que Russell também lançaria o seu clássico Ezz-Thetic, em 1961, disco dissonante também baseado na sua teoria modal The Lydian Chromatic Concept of Tonal Organization. 3 - E por falar em Kind of Blue, 2009 foi o ano do cinquentenário desse tão importante álbum que popularizou o jazz modal e é considerada uma das mais “perfeitas” gravações do jazz: a importância desse disco fez com que a Sony/Columbia lançasse uma caixa de luxo com o livro Kind of Blue (escrito pelo jornalista americano Ashley Khan), com encartes coloridos, com fotos das sessões e, além disso, o álbum também recebeu um sequência de homenagens através de eventos no Lincoln Center e de concertos com a banda do baterista Jimmy Cobb (o último sobrevivente da gravação), que se apresentou em vários clubs americanos – inclusive no grande Jazz at Lincoln Center – e no Brasil, no Bridgestone Festival Music.4 - Por falar em Jazz at Lincoln Center, o todo-poderoso Wynton Marsalis, diretor dessa instituição, assustou toda a imprensa da música ao anunciar seu desligamento da gravadora Blue Note – considerado o mais legendário selo da história do jazz – para lançar e vender seus discos de forma não-tradicional através do selo Orchard, um selo que, como o inovador ArtistShare, atua com a distribuição on-line e com uma forma captação de varejistas não convencional, aderindo à atual mudança de paradigma nos negócios do mercado fonográfico que mudou drasticamente com a chegada da internet ao domínio popular. 5 - Mas, se por um lado a Blue Note perdeu um dos seus maiores vendedores de discos, por outro lado o ano de 2009 foi simbólico e lucrativo por conta do seu 70º aniversário (sim, ¾ de século de existência!): nesse ano a gravadora Blue Note fez uma maratona de concertos na maioria dos principais clubes americanos, fez uma mega-campanha de merchandising com bonés, tênis e camisetas e queimou seu estoque com promoções dos seus principais lançamentos históricos. 6 - Apesar de todo esse poder, tradição e lenda que a gravadora americana exerce sobre o jazz, a grande gravadora ECM, sinônimo de vanguarda e música contemporânea, também não ficou atrás e deu o que falar nas manchetes dos jornais e revistas especializadas em jazz: a gravadora alemã, dirigida pelo mítico produtor Manfred Eicher, fez 50 anos de idade (sim, ½ século de exitência!) – e para comemorar ela lançou uma série de 40 títulos batizada de Touchstones com suas maiores gravações. 7 – O pianista Keith Jarrett, astro maior da ECM, também deu o que falar em 2009: além dos bons lançamentos de 2008 e 2009 (Yesterday e Testament), Keith Jarrett se consagrou como um dos únicos músicos vivos a entrar para o Hall of Fame da Revista Downbeat no final de 2008. 8 – Se por um lado jazzistas bem vivos e vívidos como Wynton Marsalis e Keith Jarrett deram o que falar nas manchetes, por outro lado os mortos reafirmaram seus eternos legados: o cinqüentenário do falecimento da cantora Billie Holiday foi recebido com uma linda estátua em Baltimore e homenagens nos EUA e no mundo todo – inclusive no Brasil, o excelente festival Tudo é Jazz foi dedicado inteiramente à ela. 9 – Duke Ellington, por sua vez, foi definitivamente “canonizado” ao ser representado na moeda de 25 centavos de dólar, após uma votação no distrito de Columbia – trata-se do primeiro negro e primeiro jazzista a receber tal distinção. 10 – Por fim, vale lembrar do cinquentenário do maravilhoso álbum Time Out, de Dave Brubeck, pianista ainda vivo e que recebeu uma pá de homenagens no Jazz at Lincoln Center e se apresentou nos Festivais de Newport e Toronto em homenagem à sua principal criação: o Time Out é, aliás, um dos álbuns mais lendários – o primeiro a vender 1 milhão de cópias – que recebe distinção não só pelas melodias marcantes, mas pelo fato das composições terem sido escritas em compassos impares e inusuais como 5/4, 7/4 e 9/8. Clique nas imagens abaixo para acessar as respectivas matérias dos fatos em blogs, sites e jornais que noticiaram jazz em 2009:
Que 2010 seja um ano repleto de novidades, bons lançamentos e prosperidade!!!
Feliz Ano Novo!!!
Happy New Year to All!!!
2 comentários:
Belo post, meu caro Vagner.
Pena que alguns se foram - Hubbard, Russell, Mariano, Higgins - mas outros virão e haverão de manter viva a chama do jazz!
Um fraterno abraço e que 2010 seja repleto de venturas, alegrias e muita paz (e muita música, ora pois pois)!
Saudações parceiro. Felicidades em 2010 e que o Farofa possa trazer esse arsenal de informação que sempre tem prestado. Uma vez mais parabens pelo blog e fica na paz.
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