Trio+1: um dos principais lançamentos brasileiros em 2009
A Música Instrumental Brasileira não pára de lançar novidades: e uma das boas novidades dos últimos anos tem sido o trio – de conexão sudeste-nordeste – Trio+1 que, na verdade, é um quarteto constituído por um convencional piano-trio – piano, contrabaixo e bateria – mais um trompete que acrescenta ainda mais consistência aos solos e improvisos. O trio é sudestino e é constituído pelos veteranos mestres Benjamim Taubkin ao piano, Zeca Assumpção no contrabaixo acústico e Sérgio Reze na bateria e percussão. No trompete e flugelhorn: o alagoano Joatan Nascimento, grande revelação dos últimos anos. Eles lançaram recentemente o disco homônimo que é, nada mais nada menos, o resultado do sucesso que já vinham recebendo na mídia através das suas apresentações no Brasil e no exterior.
O que impressiona neste disco, Trio+1 (lançado nos EUA pela Adventure Music, em 2009), é a contemporaneidade dos arranjos, obtida de forma espontânea, serena e natural através do casamento do jazz contemporâneo com ritmos tradicionais da música popular brasileira que vão muito além da já manjada influência da bossa-nova carioca. Sim, essa afirmação “contemporaneidade obtida através do casamento do jazz contemporâneo com ritmos tradicionais brasileiros” pode ter soado, de certa forma, redundante, mas assim é dita propositalmente para enfatizar o feito, pois convenhamos que, dos muitos músicos brasileiros que exploram o jazz, poucos estão criando obras que exprimam a atual modernidade do jazz contemporâneo sem desprezar, contudo, aspectos tradicionais da música regional brasileira, como fez o Trio+1 neste disco. Aliás, o que presenciamos no Brasil nessas últimas décadas é uma tendência da modernização da tradição, tendência essa que é levada à cabo por uma minoria de músicos e bandas sofisticadas que se deixam influenciar por aspectos do jazz contemporâneo tais como a espontaneidade da livre improvisação, a atonalidade, a busca por uma total assimilação das estéticas vanguardistas, a exploração coerente de texturas e timbres inusitados obtidos dos instrumentos convencionais, bem como o uso de outros instrumentos não-convencionais, além de uma elaboração cada vez mais sofisticada nos arranjos, na harmonia e na escrita – tudo isso casado com o uso dos exóticos ritmos e sonoridades regionais e tradicionais do nosso Brasil. É dessa forma que o Trio+1, liderado por Taubkin, soa magistralmente contemporâneo: é interessante a forma como eles soam coesos, integrados quase que de forma telepática, casando líricas melodias e lindas harmonias com animados rítmos nordestinos e improvisações jazzísticas mais livres.
Um disco cheio de dinâmicas, que mescla sutilezas com improvisos carregados, o Trio+1 começa com a faixa O Deserto é Aqui: a introdução é caracterizada por um clima contemporâneo com improvisos em intensidade pianíssimo, onde Benjamim Taubkin explora a região aguda do piano, Sergio Reze aplica a suave sonoridade das “vassourinhas”, Zeca Assumpção explora uma espécie de “timbre brilhante” em seu contrabaixo (usando uma técnica chamada “sul ponticello”), para depois toda a banda entrar no tema desenvolvido em ritmo nordestino; aí o trompetista Joatan também brilha nos improvisos. A faixa seguinte é Pérolas, composição de Jacob do Bandolim: o tradicional choro é transformado pelo piano-trio em uma balada jazzística, onde o pianista Benjamin Taubkin dá uma aula de como improvisar de forma lírica e minimalista. A terceira faixa é Baianinho: composição assinada pelo trompetista Joatan, ela imprime com mais evidência o tradicional ritmo do baião.A quarta faixa, O Sabiá Voa, segue mais ou menos a mesma dinâmica que a primeira faixa (O Deserto é Aqui), com Zeca Assumpção improvisando no contrabaixo, Sérgio Reze aplicando suas sutilezas percussivas, e o convidado especial Fernando Sardo colorindo o fundo com seus instrumentos inusitados; nos improvisos, mais uma vez destaque para o fraseado do trompete de Joatan Nascimento que, por ora, deixa evidente a influência do trompetista Wynton Marsalis, sem deixar de mostrar seu lado puramente pessoal, seu requintado toque nordestino. A quinta faixa, O Circo Chegou, novamente protagonizada pelo piano-trio, inicia com o baterista Sérgio Reze numa tênue improvisação livre, desenvolvendo-se depois em um lindo tema: é aí que a o piano de Benjamin Taubkin atinge seu ponto alto. Por fim, o disco termina com uma versão nada convencional de Consolação, composição de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Concluindo: o Trio+1 criou uma obra de primeira grandeza com reais condições de virar um clássico indispensável para completistas; trata-se do mais novo "brazilian jazz", trata-se de jazz brasileiro com rosto jovial – ainda que artisticamente sério e bem elaborado –, trata-se de jazz brasileiro com rosto de música contemporânea retocado com uma quantidade sóbria de elementos tradicionais, um exemplo de como é possível fazer música contemporânea valorizando, também, aspectos regionais e culturais brasileiros – um encontro da arte com a cultura em âmbito musical!
A Música Instrumental Brasileira não pára de lançar novidades: e uma das boas novidades dos últimos anos tem sido o trio – de conexão sudeste-nordeste – Trio+1 que, na verdade, é um quarteto constituído por um convencional piano-trio – piano, contrabaixo e bateria – mais um trompete que acrescenta ainda mais consistência aos solos e improvisos. O trio é sudestino e é constituído pelos veteranos mestres Benjamim Taubkin ao piano, Zeca Assumpção no contrabaixo acústico e Sérgio Reze na bateria e percussão. No trompete e flugelhorn: o alagoano Joatan Nascimento, grande revelação dos últimos anos. Eles lançaram recentemente o disco homônimo que é, nada mais nada menos, o resultado do sucesso que já vinham recebendo na mídia através das suas apresentações no Brasil e no exterior.
O que impressiona neste disco, Trio+1 (lançado nos EUA pela Adventure Music, em 2009), é a contemporaneidade dos arranjos, obtida de forma espontânea, serena e natural através do casamento do jazz contemporâneo com ritmos tradicionais da música popular brasileira que vão muito além da já manjada influência da bossa-nova carioca. Sim, essa afirmação “contemporaneidade obtida através do casamento do jazz contemporâneo com ritmos tradicionais brasileiros” pode ter soado, de certa forma, redundante, mas assim é dita propositalmente para enfatizar o feito, pois convenhamos que, dos muitos músicos brasileiros que exploram o jazz, poucos estão criando obras que exprimam a atual modernidade do jazz contemporâneo sem desprezar, contudo, aspectos tradicionais da música regional brasileira, como fez o Trio+1 neste disco. Aliás, o que presenciamos no Brasil nessas últimas décadas é uma tendência da modernização da tradição, tendência essa que é levada à cabo por uma minoria de músicos e bandas sofisticadas que se deixam influenciar por aspectos do jazz contemporâneo tais como a espontaneidade da livre improvisação, a atonalidade, a busca por uma total assimilação das estéticas vanguardistas, a exploração coerente de texturas e timbres inusitados obtidos dos instrumentos convencionais, bem como o uso de outros instrumentos não-convencionais, além de uma elaboração cada vez mais sofisticada nos arranjos, na harmonia e na escrita – tudo isso casado com o uso dos exóticos ritmos e sonoridades regionais e tradicionais do nosso Brasil. É dessa forma que o Trio+1, liderado por Taubkin, soa magistralmente contemporâneo: é interessante a forma como eles soam coesos, integrados quase que de forma telepática, casando líricas melodias e lindas harmonias com animados rítmos nordestinos e improvisações jazzísticas mais livres.
Um disco cheio de dinâmicas, que mescla sutilezas com improvisos carregados, o Trio+1 começa com a faixa O Deserto é Aqui: a introdução é caracterizada por um clima contemporâneo com improvisos em intensidade pianíssimo, onde Benjamim Taubkin explora a região aguda do piano, Sergio Reze aplica a suave sonoridade das “vassourinhas”, Zeca Assumpção explora uma espécie de “timbre brilhante” em seu contrabaixo (usando uma técnica chamada “sul ponticello”), para depois toda a banda entrar no tema desenvolvido em ritmo nordestino; aí o trompetista Joatan também brilha nos improvisos. A faixa seguinte é Pérolas, composição de Jacob do Bandolim: o tradicional choro é transformado pelo piano-trio em uma balada jazzística, onde o pianista Benjamin Taubkin dá uma aula de como improvisar de forma lírica e minimalista. A terceira faixa é Baianinho: composição assinada pelo trompetista Joatan, ela imprime com mais evidência o tradicional ritmo do baião.A quarta faixa, O Sabiá Voa, segue mais ou menos a mesma dinâmica que a primeira faixa (O Deserto é Aqui), com Zeca Assumpção improvisando no contrabaixo, Sérgio Reze aplicando suas sutilezas percussivas, e o convidado especial Fernando Sardo colorindo o fundo com seus instrumentos inusitados; nos improvisos, mais uma vez destaque para o fraseado do trompete de Joatan Nascimento que, por ora, deixa evidente a influência do trompetista Wynton Marsalis, sem deixar de mostrar seu lado puramente pessoal, seu requintado toque nordestino. A quinta faixa, O Circo Chegou, novamente protagonizada pelo piano-trio, inicia com o baterista Sérgio Reze numa tênue improvisação livre, desenvolvendo-se depois em um lindo tema: é aí que a o piano de Benjamin Taubkin atinge seu ponto alto. Por fim, o disco termina com uma versão nada convencional de Consolação, composição de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Concluindo: o Trio+1 criou uma obra de primeira grandeza com reais condições de virar um clássico indispensável para completistas; trata-se do mais novo "brazilian jazz", trata-se de jazz brasileiro com rosto jovial – ainda que artisticamente sério e bem elaborado –, trata-se de jazz brasileiro com rosto de música contemporânea retocado com uma quantidade sóbria de elementos tradicionais, um exemplo de como é possível fazer música contemporânea valorizando, também, aspectos regionais e culturais brasileiros – um encontro da arte com a cultura em âmbito musical!
Um comentário:
Que brilho esses caras tem!
cada um no seu jogo!
formando uma partida maravilhosa!
Joatan é o cara!
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