Violino: um instrumento que para alguns – os desinformados, creiamos – não passa de um protagonista erudito, incapaz de flertar com a música de tino popular, com o jazz ou com a música improvisada. A despeito dos preconceitos que assolam o jazz e da quantidade de pessoas desinformadas, Stephanne Grappelli já provava, lá nos anos 30 e 40, que o violino era capaz de impor um swing e um fraseado tão poderosos quanto um saxofone ou um trompete (desconsiderando aí, claro, a questão dos timbres e intensidades desses instrumentos, já que nos casos do violino e flauta, por exemplo, precisa-se de bons microfones para poderem soar altos frente aos timbres dos instrumentos de metais). Mas além de Grappelli, ainda temos outros exemplos como o excêntrico e lendário Stuff Smith, o grande amigo e sideman de Duke Ellington chamado Ray Nance, o dinamarquês Svend Asmussen e o veteraníssmo Joe Venuti (considerado por muitos o pai do violino jazzístico). Cito esses nomes apenas para ficar nos pioneiros que foram responsáveis por inserir esse instrumento na esfera da improvisação jazzística, pois há muitos outros veteranos que serão necessários citar numa eventual e mais abrangente amostragem: como, por exemplo, o violinista do fusion Jean-Luc Ponty ou o violinista Leroy Jenkins, importante músico do free jazz setentista.
Naqueles tempos, nos tempos do swing jazz, o violinista era apenas um sideman – lembrando que o grande Stuff Smith fora um dos primeiros e únicos violinistas a liderar uma banda, um sexteto que passou a se apresentar no Onyx Club, em NY, a partir de 1935. Hoje, no entanto, o violino é, definitivamente, um instrumento consolidado como líder e solista dentro do jazz, inclusive com um espaço garantido nas listas de “Melhores do Ano” da aclamada revista Downbeat, considerada pela a maioria dos jazzófilos como a “Bíblia” do gênero. E entre os poucos violinistas que estão sempre no topo da referida lista da revista, Mark Feldman e Regina Carter já são nomes mais que tarimbados. Para efeito de comparação, basta relacionar Regina Carter como sendo uma espécie de “Wynton Marsalis do violino” e Mark Feldman como sendo uma espécie de “Dave Douglas”: Carter é um monstro na linhagem maisnstream, enquanto Feldman não deixa de surpreender na linhagem do jazz avant-garde.
Naqueles tempos, nos tempos do swing jazz, o violinista era apenas um sideman – lembrando que o grande Stuff Smith fora um dos primeiros e únicos violinistas a liderar uma banda, um sexteto que passou a se apresentar no Onyx Club, em NY, a partir de 1935. Hoje, no entanto, o violino é, definitivamente, um instrumento consolidado como líder e solista dentro do jazz, inclusive com um espaço garantido nas listas de “Melhores do Ano” da aclamada revista Downbeat, considerada pela a maioria dos jazzófilos como a “Bíblia” do gênero. E entre os poucos violinistas que estão sempre no topo da referida lista da revista, Mark Feldman e Regina Carter já são nomes mais que tarimbados. Para efeito de comparação, basta relacionar Regina Carter como sendo uma espécie de “Wynton Marsalis do violino” e Mark Feldman como sendo uma espécie de “Dave Douglas”: Carter é um monstro na linhagem maisnstream, enquanto Feldman não deixa de surpreender na linhagem do jazz avant-garde.
Mark Feldman with John Zorn's Bar Kokhba Sextet
A tragetória de Mark Feldman, assim como a de Regina Carter, é inusitada e incomum. Feldman começou sua carreira na década de 70 com um pé na música erudita e o outro em colaborações à músicos de rockabilly de Nashville, Tennessee, tais como Jerry Lee Lewis, Jonny Cash, Loretta Lynn e Willie Nelson. Nessa altura de 20 e poucos anos, Feldman também teve aulas de improvisação com o lendário saxofonista Joe Daley (comentado aqui por Rubens Akira), começando também a colaborar com grandes nomes do jazz como o guitarrista John Abercrombie. Em finais da década de 80, após ter passado pela Civic Orchestra of Chicago, Mark Feldman mudou-se definitivamente para Nova Iorque, onde passou a fazer parte da legião de músicos vanguardistas do cenário “downtown” tais como John Zorn, Tim Berne, Hank Roberts, Joey Baron, Dave Douglas, Mark Dresser, Uri Caine, dentre outros. Suas colaborações, enfim, estão registradas em mais de 150 discos, considerando suas atuações em bandas de cantores comerciais como Sherry Crowl e Diana Ross, em bandas de jazz e música improvisada até seus registros como líder ou co-líder.
Seu primeiro lançamento enquanto líder foi o fantástico Music for Violin Alone, um disco constituído de improvisações ao violino solo, sem rítmos pré-estabelecidos ou acompanhamento: trata-se de um registro editado pela Tzadik (gravadora de John Zorn), com 11 faixas totalmente e livremente improvisadas, onde o violinista põe à prova todo o seu poder de criar frases e texturas sonoras pra lá de inusitadas. Desde então, Feldman lançou 7 discos como líder, considerando os discos onde ele interpreta as composições judaicas de John Zorn que integram a série Book Of Angels (o volume 3 denominado Malphas e o Masada Book II: The Book of Angels, Vol. 1, ambos de 2006). Entre esses, Feldman lançou (também em 2006) um disco pelo selo ECM chamado Waht Exit, que é uma verdadeira jóia do jazz de cunho pós-modernista: trata-se de um disco com as texturas minimalistas e camerísticas da “concepção ECM), onde o violinista lidera um quarteto composto pelo interessante baterista Tom Rainey (que fora parceiro inseparável de Tim Berne), pelo pianista John Taylor e o contrabaixista sueco Anders Jormin, três dos mais apurados músicos que seguem no ziguezague entre avant-garde jazz, new music e música improvisada. Ademais, pode-se ouvir as improvisações poderosas do violino de Feldman em uma pá de bandas interessantes do jazz contemporâneo: a não perder estão suas colaborações com John Zorn nos discos da série Book Of Angels (dentre os quais destaca-se o disco Malphas , em duo com sua esposa, a pianista francesa Sylvie Courvoisier), sua atuação com Tim Berne no disco Fractured Fairy Tales (JMT, 1989), com Dave Douglas nos discos Convergence (Soul Note, 1998), A Thousand Evenings (BMG/RCA Victor, 2000) e Witness (Bluebird/BMG, 2001), além da sua participação no disco Santuerio (Leo, 1994) da grande pianista Marilyn Crispell e no disco volume 11 da série 50th Birthday Celebration (Tzadik, 2006) com o Bar Kokhba Sextet. Destaca-se, sobretudo, que as melhores formações das quais Feldman participa são o Masada String Trio (com o violoncelista Erik Friedlander e o contrabaixista Greg Cohen) e o John Abercrombie Quartet (com o guitarista John Abercrombie, o contrabaixista Marc Johnson e o baterista Joey Baron), com o qual gravou os discos Open Land (1999), Cat’n’Mouse (2002) e Class Trip (2004), todos pela ECM.
Seu primeiro lançamento enquanto líder foi o fantástico Music for Violin Alone, um disco constituído de improvisações ao violino solo, sem rítmos pré-estabelecidos ou acompanhamento: trata-se de um registro editado pela Tzadik (gravadora de John Zorn), com 11 faixas totalmente e livremente improvisadas, onde o violinista põe à prova todo o seu poder de criar frases e texturas sonoras pra lá de inusitadas. Desde então, Feldman lançou 7 discos como líder, considerando os discos onde ele interpreta as composições judaicas de John Zorn que integram a série Book Of Angels (o volume 3 denominado Malphas e o Masada Book II: The Book of Angels, Vol. 1, ambos de 2006). Entre esses, Feldman lançou (também em 2006) um disco pelo selo ECM chamado Waht Exit, que é uma verdadeira jóia do jazz de cunho pós-modernista: trata-se de um disco com as texturas minimalistas e camerísticas da “concepção ECM), onde o violinista lidera um quarteto composto pelo interessante baterista Tom Rainey (que fora parceiro inseparável de Tim Berne), pelo pianista John Taylor e o contrabaixista sueco Anders Jormin, três dos mais apurados músicos que seguem no ziguezague entre avant-garde jazz, new music e música improvisada. Ademais, pode-se ouvir as improvisações poderosas do violino de Feldman em uma pá de bandas interessantes do jazz contemporâneo: a não perder estão suas colaborações com John Zorn nos discos da série Book Of Angels (dentre os quais destaca-se o disco Malphas , em duo com sua esposa, a pianista francesa Sylvie Courvoisier), sua atuação com Tim Berne no disco Fractured Fairy Tales (JMT, 1989), com Dave Douglas nos discos Convergence (Soul Note, 1998), A Thousand Evenings (BMG/RCA Victor, 2000) e Witness (Bluebird/BMG, 2001), além da sua participação no disco Santuerio (Leo, 1994) da grande pianista Marilyn Crispell e no disco volume 11 da série 50th Birthday Celebration (Tzadik, 2006) com o Bar Kokhba Sextet. Destaca-se, sobretudo, que as melhores formações das quais Feldman participa são o Masada String Trio (com o violoncelista Erik Friedlander e o contrabaixista Greg Cohen) e o John Abercrombie Quartet (com o guitarista John Abercrombie, o contrabaixista Marc Johnson e o baterista Joey Baron), com o qual gravou os discos Open Land (1999), Cat’n’Mouse (2002) e Class Trip (2004), todos pela ECM.
2 comentários:
Caro Vagner,
Acho a sonoridade do violino extremamente sedutora e perfeitamente compatível com o idioma jazzístico. É claro que o talento de um Venuti ou de um Grappelli ajuda muito (sobre o disco Venuppelli Blues, com esses dois monstros, postei uma resenha no JAZZ + BOSSA outro dia).
Não conheço o trabalho do Mark Feldman, mas gosto bastante da Regina Carter. Na mesma linha mainstream, há o ótimo Christian Howes, cujo disco Heartfelt é maravilhoso.
Abração!
Opa, taí o grande Érico deixando mais uma dica de violinista: Christian Howes.
Pra falar a verdade esse eu não conhecia!
Quanto ao Venuppelli Blues, já o conhecia e apreciei, mais uma vez, através do post que tú escreveu lá no Jazz Bossa e Baratos Outros.
Muito obrigado por enriquecer o post com seus comentários, amigo!
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