Guy Livinsgton |
O podcast Músicas no Plural -- disposto no site da Fundação Gulbenkian, uma das principais e mais importantes fontes de música de Portugal -- traz, em sua edição de número 204, um programa repleto de música contemporânea criativa, indo do jazz americano, passando pela improvisação livre européia e aportando-se na música erudita -- mas, lógico: é música contemporânea para ouvidos contemporâneos. O programa, apresentado por Rui Neves, começa com o quarteto americano de jazz contemporâneo The Thirteenth Assembly: constituído pelo trompetista Taylor Ho Bynum, pela violista Jéssica Pavone, pela interessantíssima guitarrista Mary Halvorson (de quem já falei aqui: pesquisem nas tags, na página de lançamentos ou no nosso buscador) e pelo baterista Tomas Fujiwara -- todos músicos da nova geração do avant-garde jazz --, o quarteto acaba de lançar seu segundo álbum, Station Direct, onde a linhagem modern creative, com suportes de improvisações livres, momentos em diálogos contrapontísticos e nuances eletro-acústicas, é o standard da coisa -- a estruturação e o rítmo, portanto, ganham uma evidente importância dentro das composições apresentadas. Em seguida, no segundo bloco, Rui Neves nos apresenta um trio francês de improvisação livre que foca-se em fazer arte com ruídos instrumentais de uma forma intimista muito peculiar: trata-se da interação do saxofonista Daunik Lazro, do contrabaixista Benjamin Duboc e do baterista Didier Lasserre, os quais acaba de lançar o álbum Pourtant Les Cimes des Arbres, onde eles improvisam texturas atmosféricas multifônicas inspiradas num “haiku” do poeta japonês Basho. Por fim, Neves nos apresenta uma interessantíssima empreitada do pianista virtuose Guy Livingston, um dos grandes intérpretes de John Cage: em seu álbum Don't Panic! 60 Seconds for Piano, o pianista apresenta ao piano solo, às vezes com tênues pitadas eletrônicas e vocais, 60 miniaturas de diversos compositores americanos, holandeses, britânicos, canadenses e etc -- um trabalho de três anos de garimpagem que, pela sequência bem arranjada, afirma-se quase como uma suite, irônica e hipermoderna. Listen Here!!!
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