Chicago, grande reduto de vanguardistas e músicos adeptos à experimentalismos libertários, não pára de mostrar seus novos talentos. Desde meados da década de 90 novas vozes como Rob Mazurek e Ken Vandermark - além de músicos veteranos que se reativaram, como Fred Anderson - urgiram de Chicago para o mundo do "underground", resgatando o free jazz, misturando estilos diversos e criando projetos e composições personalíssimas que englobam desde a tradição, elementos afro-americanos, world músic, a já manjada livre improvisação, até projetos onde as novidades da tecnologia e da pós-modernidade são incluídas como elementos indissociáveis aos novos formatos da composição jazzística: basta observar os trabalhos dos personalíssimos combos Vandermark 5 (de Ken Vandermark) e Chicago Underground (de Mazurek), duas das mais inovadoras formações surgidas em Chicago e, obviamente, influenciadas pelos ensinos da entidade AACM (Association for the Advancement of Creative Musicians), que desde a década de 70 realiza estudos importantes nos ramos da integração entre improvisação e escrita musical .
Recentemente, mais propriamente neste início do século XXI, o maior reduto do "jazz progressivo" nos EUA passou a ter mais um grande artista para se orgulhar: trata-se da flautista, cantora e compositora e bandleader Nicole Mitchell que, através dos seus originais projetos, vem lançando discos intensos, entusiasmantes e criativos, seguindo uma linha de trabalho que usa tanto os ensinos de composição da já citada escola AACM como atualiza os estilos de improvisação de conjuntos como Art Ensemble of Chicago, conjunto do trompetista Lester Bowie que, na década de 70, misturava free jazz com elementos da world music. Iniciando sua carreira como líder entre os anos de 2001 e 2002, Nicole Mitchell surpreendeu a mídia norte-americana do jazz ao mostrar composições geniais com muita compreensão da tradição, contemporaneidade, e arranjos que evidenciam uma interatividade sofisticada entre os sons emitidos pelos sidemans dos seus conjuntos: o Black Earth Ensemble, o Black Earth Strings e o Harambee Project, três conjuntos multiculturais com os quais a flautista executa suas experiências e faz suas misturas de jazz com outros estilos da world music, cada um de uma forma. Para além do som peculiar da sua flauta, que impõe liderança frente à nova geração de talentos de Chicago, as composições de Nicole Mitchell são bastante elogiadas pela crítica especializada: a não perder estão as suítes Africa Rising Trilogy (peça em três movimentos, presente no disco Africa Rising de 2002) e Xenogenesis Suite (suíte constituída de um conjunto de nove faixas, presente num disco homônimo dedicado à escritora de ficção científica Octavia Butler, Xenogenesis Suite: A Tribute to Octavia Butler, estreado no Vision Festival em 2007 e lançado pelo selo Firehouse12 em 2009). Não foi à toa, portanto, que os críticos da revista Downbeat premiaram a flautista como um destaque na categoria "Rising Star Flutist" de 2005 a 2008, a Jazz Journalist Association a premiou na categoria "Jazz Flutist of the Year 2008" e o jornal Chicago Tribune a condecorou na categoria “Chicagoan of the Year" em 2006, dentre outras premiações e citações honrosas nos grandes holofotes do jazz americano e europeu.
Em paralelo aos seus projetos solos que mesclam jazz com elementos da música afro e canto ao estilo do rhythm'blues, Nicole Mitchell atua junto à orquestra Chicago Sinfonietta tocando flauta piccolo e participa como solista convidade em vários "emsembles" importantes entre os cenários de Chicago e Vancouver, no Canadá. Como colaboradora em grupos e bandas de improvisação, já participou em outros projetos importantes ao lado dos mais criativos e diferenciados músicos do avant-garde: entre eles estão George Lewis, Miya Masaoka, Anthony Braxton, Orbert Davis, Lori Freedman, Muhal Richard Abrams, Hamid Drake, David Boykin, Ed Wilkerson, Dee Alexander, Rob Mazurek, Harrison Bankhead, Arveeayl Ra, dentre outros veteranos e mais novos músicos do panteão vanguardista. Outro fato que merece atenção é que, além de Nicole de ser bem sucedida e antenada no cenário do atual avant-garde, ela deixou de ser apenas um fruto da escola AACM para ser um dos novos educadores e líderes de projetos frente a essa instituição midiática da música criativa nos EUA, sendo, também, um membro docente no Vancouver Creative Music Institute, dirigindo workshops e projetos em escolas e universidades como University of Guelph (Canada), University of Louieville, Dartmouth College, Howard University, Amherst College, South Suburban College de Illinois e University of Michigan, atuando, também, como diretora da banda de jazz do Wheaton College. Participando de tantos projetos e sendo destaque em vários dos holofotes especializados em jazz, Nicole Mitchell apresenta-se, enfim, como mais uma mulher - dentre as tantas mulheres - a fazer parte do rol das instrumentistas inovadoras que estão contribuindo não só para que o jazz seja mais igualitário entre homens e mulheres, mas contribuindo, sobretudo, para a diversificação e firmamento de novos paradigmas no atual cenário do jazz contemporâneo.
Recentemente, mais propriamente neste início do século XXI, o maior reduto do "jazz progressivo" nos EUA passou a ter mais um grande artista para se orgulhar: trata-se da flautista, cantora e compositora e bandleader Nicole Mitchell que, através dos seus originais projetos, vem lançando discos intensos, entusiasmantes e criativos, seguindo uma linha de trabalho que usa tanto os ensinos de composição da já citada escola AACM como atualiza os estilos de improvisação de conjuntos como Art Ensemble of Chicago, conjunto do trompetista Lester Bowie que, na década de 70, misturava free jazz com elementos da world music. Iniciando sua carreira como líder entre os anos de 2001 e 2002, Nicole Mitchell surpreendeu a mídia norte-americana do jazz ao mostrar composições geniais com muita compreensão da tradição, contemporaneidade, e arranjos que evidenciam uma interatividade sofisticada entre os sons emitidos pelos sidemans dos seus conjuntos: o Black Earth Ensemble, o Black Earth Strings e o Harambee Project, três conjuntos multiculturais com os quais a flautista executa suas experiências e faz suas misturas de jazz com outros estilos da world music, cada um de uma forma. Para além do som peculiar da sua flauta, que impõe liderança frente à nova geração de talentos de Chicago, as composições de Nicole Mitchell são bastante elogiadas pela crítica especializada: a não perder estão as suítes Africa Rising Trilogy (peça em três movimentos, presente no disco Africa Rising de 2002) e Xenogenesis Suite (suíte constituída de um conjunto de nove faixas, presente num disco homônimo dedicado à escritora de ficção científica Octavia Butler, Xenogenesis Suite: A Tribute to Octavia Butler, estreado no Vision Festival em 2007 e lançado pelo selo Firehouse12 em 2009). Não foi à toa, portanto, que os críticos da revista Downbeat premiaram a flautista como um destaque na categoria "Rising Star Flutist" de 2005 a 2008, a Jazz Journalist Association a premiou na categoria "Jazz Flutist of the Year 2008" e o jornal Chicago Tribune a condecorou na categoria “Chicagoan of the Year" em 2006, dentre outras premiações e citações honrosas nos grandes holofotes do jazz americano e europeu.
Em paralelo aos seus projetos solos que mesclam jazz com elementos da música afro e canto ao estilo do rhythm'blues, Nicole Mitchell atua junto à orquestra Chicago Sinfonietta tocando flauta piccolo e participa como solista convidade em vários "emsembles" importantes entre os cenários de Chicago e Vancouver, no Canadá. Como colaboradora em grupos e bandas de improvisação, já participou em outros projetos importantes ao lado dos mais criativos e diferenciados músicos do avant-garde: entre eles estão George Lewis, Miya Masaoka, Anthony Braxton, Orbert Davis, Lori Freedman, Muhal Richard Abrams, Hamid Drake, David Boykin, Ed Wilkerson, Dee Alexander, Rob Mazurek, Harrison Bankhead, Arveeayl Ra, dentre outros veteranos e mais novos músicos do panteão vanguardista. Outro fato que merece atenção é que, além de Nicole de ser bem sucedida e antenada no cenário do atual avant-garde, ela deixou de ser apenas um fruto da escola AACM para ser um dos novos educadores e líderes de projetos frente a essa instituição midiática da música criativa nos EUA, sendo, também, um membro docente no Vancouver Creative Music Institute, dirigindo workshops e projetos em escolas e universidades como University of Guelph (Canada), University of Louieville, Dartmouth College, Howard University, Amherst College, South Suburban College de Illinois e University of Michigan, atuando, também, como diretora da banda de jazz do Wheaton College. Participando de tantos projetos e sendo destaque em vários dos holofotes especializados em jazz, Nicole Mitchell apresenta-se, enfim, como mais uma mulher - dentre as tantas mulheres - a fazer parte do rol das instrumentistas inovadoras que estão contribuindo não só para que o jazz seja mais igualitário entre homens e mulheres, mas contribuindo, sobretudo, para a diversificação e firmamento de novos paradigmas no atual cenário do jazz contemporâneo.
Um comentário:
Muito bom, vou procurar a obra dela!!!
Vagner, bem que você poderia fazer um podcast sobre flauta transversal e derivados. Seria ótimo conhecer mais sobre a versatilidade desse instrumento que possui ícones como Herbie Mann, Hubert Laws, Jeremy Steig e Carlos Malta.
Abraços,
Albino Jr.
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