Lester Bowie e seus acessórios inseparáveis: seu trompete e seu avental branco !
No jazz, assim como em outras expressões artísticas, o sentido do termo "Liberdade" é relativo e se renova a cada época: depende do ponto de vista, depende de um ponto de referência dentro da história do gênero. Exemplo: houve época em que alguns músicos fizeram uma relação de liberdade com o free jazz, no sentido de ter se "libertado" dos padrões e das formas rítmicas, harmônicas e melódicas. Outros músicos - os mais contemporâneos - associam o significado de "Liberdade" ao sentido de ser livre para tocar e compor da forma que cada um quer, usando qualquer estrutura que cada um se dispõe a usar, sem se importar com as categorizações que os holofotes da mídia lhes irão impor. Foi nesse sentido, então, que o trompetista Lester Bowie foi livre: sua carreira, exêntrica como sua própria personalidade, transitou do free jazz ao pop com claros espasmos de genialidade e originalidade em todas as suas fases.
Membro estelar da AACM (Assoaciation for Advancement of Creative Musicians) e um dos "cabeças" do legendário grupo Art Ensemble of Chicago, um dos pioneiros das fusões do free jazz com aspectos da world music na década de 70, Lester Bowie criou um conjunto de obra dotado de ímpar critividade e ironia. Depois da efervescência do free jazz setentista, Bowie chega à década de 80 incomodando os críticos mais puristas e as bases do "novo jazz" dos Young Lions, nova "febre" que tomou o cenário americano a partir das fantásticas abordagens do jovem-fenômeno Wynton Marsalis - mais tarde rotulada de Neo-Bop. De um lado, o jovem Wynton ressussitava e renovava o jazz com uma manutenção profunda do swing, bebop e hard bop. Do outro, lá estava Bowie com seu sarcasmo: Amparado pelo moderno selo alemão ECM, ele surgiu com uma peculiar "brass band" entre os anos de 84 e 85, fazendo calorosas releituras do repertório pop, contrariando os esforços do jovem trompetista, que era, justamente, expurgar qualquer aspecto do fusion ou do pop para bem longe do jazz. Tudo era permitido nessa nova banda de Bowie: de músicas de Michael Jackson, passando por Willie Nelson, Whitney Houston até temas do rock satânico de Marylin Mason, incluindo, também suas próprias composições e a dos seus compadres e companheiros de banda. Essa banda, eclética na escolha e única na estética, chamou-se Lester Bowie's Brass Fantasy e foi composta por nove músicos: nos trompetes figuravam Lester Bowie, Stanton Davis, Malachi Thompson e Bruce Purce; nos trombones figuravam Crag Harris e Steve Turre; no horn francês (também conhecido como trompa) estava Vincent Chancey; na tuba, Bob Stewart; e na bateria Phillip Wilson.
Embora a proposta da Lester Bowie's Brass Fantasy fosse "brincar" com arranjos sobre temas manjados do funk e pop music, Lester Bowie também encomendava composições aos seus companheiros do free jazz, além de dar liberdade para seus sidemans criar seus próprios temas para a banda . E ele próprio compunha seus temas dedicados ao noneto: a composição mais célebre - e a que fez grande sucesso na mídia, inclusive - é a Coming back, Jamaica, um tema que afirma a influência que a música jamaicana exerceu sobre sua a personalidade musical nos tempos em que trabalhou no país caribenho. Mas a proposta era realmente soar pop, soar diferente de uma big band de jazz, uma orquestra ou uma brass band convencional. Os vestígios do free jazz, porém, estão explicitos em alguns poucos arranjos livres e, principalmente, nos solos distorcidos, rangidos e crispados de Lester Bowie e Malachi Thompson. O timbre e as marcações da tuba de Bob Stewart - ora entortados por soluços e rangidos acústicos, ora misturados com efeitos eletrônicos - é, ao lado dos solos do líder, o maior diferencial da banda. Dos discos lançados pela Lester Bowie's Brass Fantasy, tenho ao menos três discos: I only have eyes for You ( ECM, 1985), Avant-Pop (ECM, 1986) e Twilight Dreams (Venture, 1987), sendo este último com participações de Frank Lacy e Rasul Siddik nos lugares de Crag Harris e Steve Turre.
Membro estelar da AACM (Assoaciation for Advancement of Creative Musicians) e um dos "cabeças" do legendário grupo Art Ensemble of Chicago, um dos pioneiros das fusões do free jazz com aspectos da world music na década de 70, Lester Bowie criou um conjunto de obra dotado de ímpar critividade e ironia. Depois da efervescência do free jazz setentista, Bowie chega à década de 80 incomodando os críticos mais puristas e as bases do "novo jazz" dos Young Lions, nova "febre" que tomou o cenário americano a partir das fantásticas abordagens do jovem-fenômeno Wynton Marsalis - mais tarde rotulada de Neo-Bop. De um lado, o jovem Wynton ressussitava e renovava o jazz com uma manutenção profunda do swing, bebop e hard bop. Do outro, lá estava Bowie com seu sarcasmo: Amparado pelo moderno selo alemão ECM, ele surgiu com uma peculiar "brass band" entre os anos de 84 e 85, fazendo calorosas releituras do repertório pop, contrariando os esforços do jovem trompetista, que era, justamente, expurgar qualquer aspecto do fusion ou do pop para bem longe do jazz. Tudo era permitido nessa nova banda de Bowie: de músicas de Michael Jackson, passando por Willie Nelson, Whitney Houston até temas do rock satânico de Marylin Mason, incluindo, também suas próprias composições e a dos seus compadres e companheiros de banda. Essa banda, eclética na escolha e única na estética, chamou-se Lester Bowie's Brass Fantasy e foi composta por nove músicos: nos trompetes figuravam Lester Bowie, Stanton Davis, Malachi Thompson e Bruce Purce; nos trombones figuravam Crag Harris e Steve Turre; no horn francês (também conhecido como trompa) estava Vincent Chancey; na tuba, Bob Stewart; e na bateria Phillip Wilson.
Embora a proposta da Lester Bowie's Brass Fantasy fosse "brincar" com arranjos sobre temas manjados do funk e pop music, Lester Bowie também encomendava composições aos seus companheiros do free jazz, além de dar liberdade para seus sidemans criar seus próprios temas para a banda . E ele próprio compunha seus temas dedicados ao noneto: a composição mais célebre - e a que fez grande sucesso na mídia, inclusive - é a Coming back, Jamaica, um tema que afirma a influência que a música jamaicana exerceu sobre sua a personalidade musical nos tempos em que trabalhou no país caribenho. Mas a proposta era realmente soar pop, soar diferente de uma big band de jazz, uma orquestra ou uma brass band convencional. Os vestígios do free jazz, porém, estão explicitos em alguns poucos arranjos livres e, principalmente, nos solos distorcidos, rangidos e crispados de Lester Bowie e Malachi Thompson. O timbre e as marcações da tuba de Bob Stewart - ora entortados por soluços e rangidos acústicos, ora misturados com efeitos eletrônicos - é, ao lado dos solos do líder, o maior diferencial da banda. Dos discos lançados pela Lester Bowie's Brass Fantasy, tenho ao menos três discos: I only have eyes for You ( ECM, 1985), Avant-Pop (ECM, 1986) e Twilight Dreams (Venture, 1987), sendo este último com participações de Frank Lacy e Rasul Siddik nos lugares de Crag Harris e Steve Turre.
3 comentários:
wow, bro. This podcast is fantastic. Congragulations!
Thanks, Jeff!
hehehe hilário essa fase de Bowie,
não curto, mas era uma banda original e o podcast ta legal mesmo
vlw!
Postar um comentário